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Sexo, poder e dinheiro

Quando grana, mulheres e autoridades entram em campo, as regras do jogo deixam de existir.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h27 - Publicado em 28 fev 2006, 22h00

Marcelo Orozco

Alemão naturalizado americano, secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger era um dos homens mais poderosos do mundo em 1974. Também adorava futebol. Tanto que arranjou um tempinho para ir assistir à copa em seu país natal.

No jogo Brasil x Holanda, Kissinger se acomodou no camarote vip do Estádio de Dortmund. O local, no entanto, estava reservado para o recém-eleito presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange. Sem poder enfrentar o homem forte dos EUA, Havelange preferiu bater em retirada, como conta o inglês David A. Yallop no livro Como Eles Roubaram o Jogo – Segredos dos Subterrâneos da Fifa. Mas foi uma afronta que ele nunca esqueceria.

A desforra veio em 1983, quando a Colômbia, que sediaria a Copa de 1986, renunciou ao posto após ser reprovada em vistorias da Fifa. Os EUA logo se candidataram, junto de Brasil, México e Canadá. Por trás da campanha americana estava justamente Kissinger, que sonhava em trazer uma copa para o país.

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Vista de fora, a escolha parecia um passeio americano. A candidatura tinha o dinheiro necessário para levar a parada. Mas nos bastidores a história era outra. A desistência da Colômbia teria sido engendrada desde o início em favor do México. Por trás do acordo, especula-se, estaria a poderosa rede Televisa, cujo diretor Guillermo Cañedo era também vice-presidente da Fifa.

Segundo Yallop, Havelange participava de todo o acordo, sendo decisivo inclusive nas gestões para o presidente João Figueiredo abortar a candidatura do Brasil. No dia da votação que escolheria a nova sede, os trabalhos foram abertos com discursos curtos de canadenses e mexicanos. Kissinger entrou na seqüência com uma apresentação caprichada, padrão empresarial-americano. Exibiu planos por mais de uma hora até que um representante da Fifa disse-lhe ao ouvido que podia parar. Em outro andar, os mexicanos comemoravam antecipadamente a vitória. Aparentemente, as exposições foram uma farsa. Os votos estavam definidos com antecedência. O prato frio foi saboreado pelo presidente da Fifa.

Organização sexual

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O sexo entrou no planejamento oficial da seleção brasileira em 1962, no Chile. O médico Hilton Gosling examinou as profissionais do bordel de madame Chabela, em Viña Del Mar. Aprovou 24 raparigas e pediu à madame exclusividade para os atletas durante a copa. Tudo para que ninguém contraísse doenças. Tecnicamente, como registra Ruy Castro na biografia de Garrincha, Estrela Solitária, a diversão estava liberada apenas para os solteiros nas folgas.

Dois craques, uma mulher

Jean-François Larios era o queridinho do Saint-Étienne quando Michel Platini foi contratado para ser o astro do clube, em 1979. Houve ciumeira, inimizade e disputa por salários até o grande desfecho na Copa de 1982: rumores fortíssimos de que Larios tinha um caso com a mulher de Platini. Com os dois em campo, a França perdeu na estréia para a Inglaterra e a cabeça de Larios rolou por exigência de Platini. Nitidamente mais à vontade, Platini levou a França às semifinais com futebol exuberante. Larios nunca mais jogou pela seleção.

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Quanto vale o amor à camisa?

Representar a pátria numa copa, alegam alguns, não tem preço. Mas a camisa com que se entra em campo pode valer muito. Veja quanto elas renderam em leilões da casa inglesa Christie’s:

Rebeldia financeira

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A transformação do futebol em negócio a partir da década de 1970 fez crescer os atritos entre jogadores e federações por causa de dinheiro. Caso célebre foi o da seleção brasileira antes da Copa de 1990. Na foto oficial, vários jogadores tamparam com a mão o logotipo da Pepsi na camisa porque não recebiam porcentagem pelo patrocínio. Gesto inofensivo perto da greve da seleção de Portugal em Saltillo, no México, às vésperas da Copa de 1986. Eles exigiam maiores premiações e cotas dos patrocinadores. Até vestiram camisas ao avesso nos treinos. Sem apoio da opinião pública, fracassaram na greve e, depois, na copa.

Da boemia para a Sibéria

Quem entende tudo de futebol soviético garante que o atacante Eduard Streltsov poderia ter sido o “Pelé russo” e arrebentado na Copa de 1958. Poderia. Com apenas 20 anos, o boêmio Streltsov teve sua carreira arruinada numa história sinistra de sexo e poder. Meses antes da copa, ele teve um romance com a filha de um vice-ministro da União Soviética. Acabou preso e condenado por estupro – e em vez de ir jogar na Suécia, foi mandado para as neves da Sibéria, onde ficou preso por 7anos.

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Frase

“Cruyff, champanhe e garotas nuas”

Manchete do jornal alemão Bild às vésperas da final da Copa de 1974. Segundo o diário, o craque Cruyff e outros jogadores da Holanda se prepararam para o jogo com bebidas e garotas nuas na concentração (há quem diga que Cruyff jogou a final abalado após uma briga com uma enciumada esposa). A Laranja Mecânica perdeu a decisão para a Alemanha, que liberava a visita de esposas e namoradas. Muito mais familiar.

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