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Bobeou, virou comida

A beleza do mundo aquático esconde uma selva onde a rotina é um eterno sobressalto. Todo mundo é caçador e caça ao mesmo tempo, e só vale uma lei: matar ou morrer.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 31 mar 1998, 22h00

Igor Fuser

Para os turistas que mergulham de snorkel em recifes de corais, a vida marinha é um recanto pacífico, tranqüilo e relaxante. Para quem mora debaixo d’água, a conversa é outra. Os bichos do mar vivem em sobressalto constante. O tempo todo, pode haver um predador à espreita, pronto para dar o bote.

Fuga e defesa são sinônimos de sobrevivência. Mas também é preciso comer. Enquanto na superfície terrestre a cobertura vegetal é abundante e predominam os animais herbívoros, no oceano a flora se limita às algas e às minúsculas plantas que compõem o fitoplâncton. Quase todas as espécies animais marinhas são carnívoras. Bicho que não come outro bicho, morre de fome.

A procura da comida ocupa a maior parte do tempo das criaturas do mar. Elas são, quase todas, caça e caçador, ao mesmo tempo. Só estão a salvo os animais situados no topo da cadeia alimentar. Como o leão na floresta, os grandes predadores marinhos reinam absolutos, sem inimigos a temer (com exceção do homem). Mas essa regra só vale para a fase adulta. Na infância, até mesmo os senhores do mar, como o tubarão, podem acabar na barriga de peixes maiores.

O plâncton animal se alimenta do plâncton vegetal, a fonte primária de energia no oceano. Um camarão come diariamente milhares de diatomáceas, as espécies mais comuns de fitoplâncton

O cardápio diário de um arenque se compõe de meio quilo de camarões e outros bichos pequenos que formam o plâncton animal

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O tubarão branco, a fera mais temida dos oceanos, precisa comer no mínimo o equivalente a dois bacalhaus por dia

O bacalhau, para não terminar o dia com fome, precisa engolir três ou quatro arenques ou o equivalente em outros peixes

O vale-tudo na selva dos perigos

Na guerra subaquática, cada animal almoça um menor do que ele e, em troca, serve de jantar para uma criatura um pouco maior. Assim se estabelece uma cadeia alimentar, que varia de acordo com o ambiente. Em qualquer caso, vale a regra de que, quanto maior o animal, menor a sua quantidade. Um bicho grande, para se sustentar, precisa comer um monte de bichos pequenos. Por isso, toda cadeia alimentar tem a forma de uma pirâmide, com bilhões de seres nanicos na base e alguns marmanjões instalados no topo. Só eles podem se sentir seguros.

Essa luta permanente pode parecer cruel, mas ajuda no aprimoramento das espécies. Em geral, quem é comido são os indivíduos mais fracos, menos saudáveis, mais bobos. Os fortes e os espertos sobrevivem e passam adiante sua herança genética. É a seleção natural.

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Todas as armas são válidas. Os grandes predadores nadam velozmente no encalço de suas presas, que devoram com dentes afiados. Outros, como o polvo, preferem o disfarce. Há peixes que atacam em bandos, como a barracuda. Já o marlim age sozinho, com seu bico em forma de espada. O peixe-leão ejeta um veneno letal. Os recursos de ataque e defesa da fauna marinha são ao mesmo tempo um show de criatividade e um espetáculo de pura violência.

O mergulho do cachalote

Para matar uma lula-gigante, que chega a medir 20 metros, o cachalote morde e estraçalha seu corpo durante um mergulho de até 1 200 metros de profundidade. Ele consegue essa proeza graças ao seu metabolismo, perfeitamente adaptado para longos períodos debaixo d’água. No mergulho, o coração do cachalote praticamente pára de bater, poupando oxigênio. Outro recurso é o espermacete, um óleo que fica na sua cabeça. Quando ele quer ir para o fundo, esfria o espermacete com a água, o que deixa o corpo mais pesado. Para voltar à tona, o cachalote aumenta o fluxo de sangue para o reservatório de óleo, que fica mais quente e, portanto, mais leve, ajudando-o a subir. Assim, ele consegue ficar mais de duas horas sem respirar. Coitada da lula.

Arma branca

Um dos bichos mais velozes do mar, o marlim pode atingir até 80 km por hora. Ao encontrar um cardume, investe ferozmente com o bico. Depois, banqueteia-se com os mortos e os feridos. Mede até 4,5 metros e pode pesar 550 quilos

Hora do almoço

A enorme garoupa é um caçador paciente. Fica parada junto ao leito do oceano, à espera de algum incauto, como este labro-passarinho

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Turma da pesada

As vorazes barracudas atacam em bandos. Encurralam os cardumes contra as bordas dos recifes de coral e devoram as vítimas, uma a uma, com seus dentes pontiagudos. Famintas, enfrentam até os tubarões

Mestre do disfarce

O polvo muda de cor e de forma para se proteger dos inimigos e surpreender as presas com os tentáculos. Em momentos de perigo, confunde os perseguidores lançando uma tinta que escurece a água

Falsa inocência

Ninguém se iluda com a formosura da anêmona. Sua aparência de flor esconde tentáculos mortíferos, usados para envenenar e comer qualquer bicho que passe perto, como o belo caranguejo da foto de baixo. A exceção é o peixe-palhaço (à esquerda), cujas escamas são revestidas por uma mucosa que o protege da anêmona. Os dois animais estabelecem, assim, uma curiosa parceria. Com suas cores berrantes, o peixe-palhaço atrai predadores que logo cairão nos tentáculos de seu anfitrião. Em troca, recebe proteção contra seus próprios inimigos

Venenos poderosos

A arraia (à esquerda), um parente do tubarão que se alimenta de crustáceos e mexilhões, defende-se com um espinho na ponta da cauda, de onde sai um veneno terrível. Certas espécies usam também choques elétricos para afastar os inimigos. O peixe-leão (à direita), que mais parece um adereço de escola-de-samba, possui plumas com as pontas cheias de veneno. É a sua arma de defesa. Os mergulhadores devem tomar cuidado: a sua toxina é, quase sempre, mortal

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Defesa inflável

O baiacu, ao se ver em apuros, engole uma quantidade descomunal de água – e infla como um balão. O predador se assusta ao deparar com um peixe muito maior do que imaginava e cai fora. Existe uma outra espécie de baiacu, com a pele coberta de grandes espinhos, como um ouriço. Inflado, fica tão apetitoso quanto uma alfineteira

Cores funcionais

O prateado dificulta a localização dos peixes pelos predadores que os olham de baixo, contra a luz. E o escuro no dorso confunde os pássaros, que os avistam de cima

A perfeição em forma de peixe

Nem tudo o que mora na água é peixe, mas não existe peixe que consiga sobreviver na superfície. Existem 20 000 espécies diferentes desse tipo de bicho completamente adaptado ao meio aquático – cerca de 12 000 nos oceanos e os outros 8 000, nos rios e lagos. Seu formato alongado lhe permite deslizar sem esforço (não é à toa que os construtores dos submarinos copiaram o desenho do seu corpo esguio). O esqueleto, simples e flexível, quase não pesa. Os músculos, fortes, sustentam um nado incansável. Tudo é perfeito.

Para ganhar estabilidade e precisão em seus movimentos, os peixes possuem um sofisticado sistema de barbatanas, espalhadas por todos os lados do corpo. A respiração se dá por meio de brânquias que retiram o oxigênio diretamente da água, dispensando o uso de pulmões. O dispositivo se completa com um órgão exclusivo dos peixes, a bexiga natatória, que lhes garante flutuar sem esforço e regular a profundidade com exatidão.

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Nossos antepassados viviam nos mares e nos rios. Na linha da evolução, os peixes são nossos irmãos mais velhos, os primeiros vertebrados. Surgiram há 400 milhões de anos, antes dos dinossauros. Os primeiros bichos terrestres eram anfíbios, peixes que trocaram a água pela terra e as barbatanas por patas. Nós mesmos passamos nove meses em ambiente líquido, no útero. Quando você se sentar à mesa para saborear uma bacalhoada ou uma moqueca à capixaba, lembre-se disto: você também já foi peixe, um dia.

Como se respira sem pulmão

Os peixes extraem o oxigênio que existe na água, onde ele se encontra diluído numa proporção 30 vezes menor do que no ar

1. O oxigênio entra no organismo por uma espécie de filtro: as guelras, ou brânquias, localizadas nos dois lados da cabeça e protegidas por uma aba, o opérculo. As guelras possuem filamentos carnudos, em forma de leque, que se comunicam com o fundo da boca.

2. A água entra pela boca e sai pela guelra, passando pelos filamentos branquiais. Cobertos de vasos sangüíneos, eles recolhem o oxigênio da água e eliminam o gás carbônico.

Galeria de estilos

As criaturas marinhas desenvolveram os mais diferentes jeitos de nadar.

A água-viva contrai e relaxa os músculos debaixo do capuz. Cada contração expele a água para fora, impulsionando o bicho na direção oposta.

Os golfinhos dão impulsos vigorosos batendo a cauda de cima para baixo. Alcançam até 65 quilômetros por hora. Todos os cetáceos, mamíferos da família das baleias, nadam assim.

A lula se move por propulsão a jato. Primeiro, ela suga a água para uma espécie de bolsa, atrás da cabeça. Depois, contrai essa bolsa com força, produzindo um jato que a impulsiona.

Com raras exceções, os peixes nadam por movimentos laterais com a cauda. Seu formato hidrodinâmico reduz a resistência da água e os impele para a frente.

A máquina de nadar

Todos os órgãos do peixe são formatados na medida exata para os desafios do meio ambiente líquido.

Bexiga natatória

É uma bolsa com oxigênio, que se enche ou esvazia para manter a flutuação na profundidade desejada, sem esforço

Boca

Apenas engole a comida, sem mastigá-la

Brânquia (guelra)

Veja infográfico na página ao lado

Coração

Com apenas duas câmaras em vez das quatro dos mamíferos, ele ativa sozinho a circulação do sangue, sem pulmão

Coluna vertebral

Fígado

Estômago

A digestão é feita quase toda aqui. Alguns peixes, como o bacalhau, engolem conchas inteiras, com casca e tudo. Seu estômago se encarrega de digeri-las

Músculos

Dispostos em segmentos, sua função é a de impulsionar o peixe para a frente, com movimentos ondulares

Intestino

Ovário

A fêmea desova milhares ou até milhões de ovos, fecundados na água pelo macho. Poucos sobrevivem

Linha lateral

Por meio dessa fileira de escamas, o bicho percebe qualquer alteração no fluxo da água. Consegue, assim, desviar-se dos obstáculos e detectar animais

Pedúnculo

Para que servem as barbatanas

Peitorais

Equilíbrio, freio e meia-volta

Pélvicas

Direção, freio

Dorsal

Estabilidade

Caudal

Propulsão e velocidade

Anal

Estabilidade

Visão aquática

Os olhos dos peixes são bem diferentes dos de Michelle Pfeiffer. Sua íris – um anel de aparência metálica em volta da pupila – é praticamente inflexîvel. O cristalino é esférico e rígido.

A visão dos peixes é limitada pelo fato de que a água é muito menos transparente do que o ar. Mas eles têm uma vantagem sobre os bichos terrestres: podem ver em mais de uma direção ao mesmo tempo. Os olhos estão em lados opostos da cabeça, não na frente.

É a visão periférica, que lhes permite escapar dos predadores que atacam a partir de baixo ou de trás.

O problema é que, dessa maneira, o olho só percebe duas dimensões. A visão tridimensional só acontece numa pequena área, como você pode conferir no desenho ao lado.

Tubarão, o matador injustiçado

“Tudo nele era lindo, exceto as mandíbulas.” Com essa frase, o escritor norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961) começa a descrever um magnífico tubarão-mako, em seu romance O Velho e O Mar. O tubarão, o mais voraz dos peixes, sempre provocou nos seres humanos arrepios de pavor, até certo ponto exagerados. Das 350 espécies, só 12 são perigosas para o homem. Você tem mais chances de morrer atingido por um raio do que de uma mordida desse predador.

Na verdade, o tubarão é que precisa ser protegido. Todos os anos são mortos de 30 a 100 milhões de tubarões, com os mais variados fins: desde o consumo da carne até a extração da cartilagem, cujo duvidoso valor terapêutico virou fórmula milagrosa de remédios vendidos na TV. O estrago é enorme. Quando um predador no topo de uma cadeia alimentar desaparece, tudo ao redor dele se desequilibra. Na Austrália, há alguns anos, a pesca excessiva de tubarão causou uma explosão na população de polvos. Resultado: uma crise na pesca de lagostas, que passaram a ser comidas pelos polvos numa proporção muito acima do normal.

Os poderes do superpeixe

O tubarão é um bicho tão perfeito que não sofre mudanças há 200 milhões de anos. Veja o que ele tem de especial.

Olfato implacável

É o sentido mais apurado do tubarão. Ele é capaz de perceber a presença de uma gota de sangue na água a uma distância de centenas de metros

Bom de ouvido

O predador é muito sensível ao som. Qualquer barulho inusual pode atrair a sua atenção e guiá-lo em direção à presa

Visão de espelho

Os olhos são totalmente adaptados para os ambientes de pouca luz. Algumas espécies têm um tipo de espelho no fundo do olho, que duplica a luminosidade nas regiões profundas do oceano

Sexto sentido

O tubarão é o único bicho capaz de captar os sinais elétricos emitidos por todos os seres vivos. Ele faz isso por meio de minúsculos canais na cabeça e na linha lateral, as ampolas de Lorenzini

Tato à distância

Sua linha lateral possui células extremamente sensíveis, que percebem as mais sutis diferenças nas vibrações da água. Assim ele localiza uma presa a muitos quilômetros de distância

De boa paz

Com até 15 metros, o tubarão-baleia (acima) é o maior de todos os peixes. E é também um dos mais dóceis. Só come peixinhos, que engole nadando de boca aberta

Corpo elegante, mandíbulas poderosíssimas

O formato do corpo, perfeito para longas distâncias debaixo d’água, inspirou os submarinos. A boca é uma máquina impressionante, com três fileiras de maxilares. Quando os dentes da frente caem, os de trás os substituem. O tubarão branco (abaixo, à esquerda), de 10 metros, morde com a força de 3 toneladas

Como evitar as mordidas

• Longe da praia, nade em grupo, nunca sozinho.

• Não entre na água à noite ou ao entardecer, quando os tubarões estão mais ativos.

• Afaste-se das áreas onde os pescadores costumam jogar fora restos de peixe.

• Não agite demais a água. O tubarão pode confundir você com uma foca.

• Ao avistar uma barbatana suspeita, não entre em pânico. Procure sair da água o mais calmamente possível.

• Se o tubarão estiver muito perto, é melhor mergulhar do que ficar na superfície. Você é maior do que a maioria dos peixes e seu tamanho pode assustá-lo. Ele só atacará se estiver com muita fome.

• Em uma situação extrema, um golpe no focinho pode desnorteá-lo. Mas use algum objeto, jamais as mãos ou os pés. A pele do tubarão é cortante como uma lixa e fará você sangrar, atiçando ainda mais o apetite do bicho.

• Ao socorrer um ferido, primeiro estanque o sangue. Só depois procure ajuda.

O irresistível charme dos golfinhos

Eles brincam com os mergulhadores, fazem acrobacias ao lado dos barcos e sorriem muito –ou, ao menos, parecem sorrir. De todos os bichos do mar, nenhum possui um poder de sedução tão intenso sobre o homem quanto o golfinho. O simpático mamífero já aparecia nas imagens da Grécia antiga. Eros, o deus do Amor, singrava os mares no dorso de um golfinho. O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) foi o primeiro a observar que eles eram animais de sangue quente, diferentes dos peixes.

A Ciência só começou a estudá-los para valer na década de 50. O que mais intriga os pesquisadores é a sua inteligência. Os golfinhos se comunicam entre si por sons e movimentos com o corpo. Experiências mostraram que eles são capazes de responder “sim” ou “não” a uma pergunta, encostando o bico num tubo branco para o “sim” e num preto para o “não”. Também conseguem associar um símbolo a uma imagem mental. Entendem, por exemplo, o desenho de um peixe, mesmo quando não há nenhum por perto.

Um sonar natural

Como o morcego em seu vôo noturno, o golfinho utiliza o som para se orientar na água. Com o bico, ele emite sinais sonoros que retornam sob a forma de ecos. Esses sinais trazem informações sobre o relevo marinho e os animais das redondezas, alertando o golfinho para a localização e a velocidade da presa — e também para os perigos a evitar. É como um aparelho de sonar usado por navios e submarinos.

O acrobata dos mares

O salto dos golfinhos é, quase sempre, uma maneira de nadar mais depressa. O ambiente define o estilo.

Os golfinhos que moram nas imediações do litoral não precisam nadar muito depressa para perseguir suas presas, mais lentas do que os peixes de alto-mar. Por isso, eles raramente saltam para fora d’água com o corpo inteiro

Com seus saltos espetaculares na hora de respirar, os golfinhos aceleram incrivelmente a velocidade durante a perseguição a uma presa. Em alto-mar, algumas espécies chegam a alcançar 40 quilômetros por hora

Eles adoram brincar

O gosto dos golfinhos pelas brincadeiras é interpretado pelos cientistas como um sinal de inteligência. Os filhotes costumam levantar a âncora dos barcos, tirando-os do lugar. O objetivo: pura diversão

Eficiência em cima e embaixo d’água

Os golfinhos possuem um organismo adaptado para nadar grandes distâncias com um consumo mínimo de energia. Durante os mergulhos prolongados, o coração quase pára de bater, poupando oxigênio. Ele consegue, assim, ficar até 15 minutos debaixo d’água

A baleia, obra-prima da natureza

Quem já viu, jamais esquece. O espetáculo de uma baleia que emerge de dentro d’água, dá uma pirueta no ar e regressa à água com um estrondo é uma das mais esplendorosas afirmações da vida no nosso planeta. Tudo na baleia é superlativo. A mais impressionante delas, a baleia-azul, é o maior e mais pesado animal que já existiu. Com 30 metros de ponta a ponta e um peso de até 136 toneladas, ela supera até mesmo os dinossauros que povoaram o globo há milhões de anos. O grande paradoxo é que, com esse tamanho todo, a baleia-azul se alimenta dos bichinhos minúsculos que compõem o plâncton – 7,5 toneladas por dia.

Ninguém sabe direito por que as baleias saltam. Os cientistas arriscam várias explicações: rito de acasalamento, sinalização de caminho, exibição de força ou, simplesmente, uma maneira de se livrar dos parasitas alojados no corpo. Outro mistério no comportamento das baleias são os sons que elas emitem. Algumas espécies, como a baleia-jubarte, produzem composições sonoras muito próximas daquilo que entendemos como música. Mesmo sem saber para que servem os intrigantes latidos, gritos e assobios, os cientistas os incluíram no disco revestido de ouro levado ao espaço em 1977 a bordo da nave Voyager. Junto com a Nona Sinfonia, de Beethoven, e o barulho de chuva e trovões, o canto das baleias viaja pelo Cosmo como uma amostra da imensa gama de ruídos da Terra.

Perseguidas impiedosamente pelo homem, as baleias quase seguiram o destino dos dinossauros. Só escaparam graças às campanhas de grupos ambientalistas, como o Greenpeace. Essa luta culminou, em 1986, na proibição internacional da caça à baleia. A moratória (que não é respeitada por países como o Japão) está permitindo a recuperação de algumas espécies ameaçadas. Mas outras, como a baleia-de-Biscaya, parecem condenadas a desaparecer. Quanto à magnífica baleia-azul, seu futuro é incerto. No início do século, elas somavam 20 000 indivíduos no mundo inteiro. Hoje não passam de 500.

Um jeito bem diferente de comer

As baleias que não possuem dentes se alimentam usando, para comer, um conjunto de placas, semelhantes às cerdas de uma escova, presas à mandíbula superior. Essas placas funcionam com um filtro que deixa escoar a água e retém, dentro da boca, o krill e demais seres que acabam dentro da barriga dela.

As campeâs de salto

A baleia-jubarte (ou corcunda), de 15 metros, é famosa pelos saltos espetaculares – e também por seus dotes de cantora. Encontrada no mundo inteiro (inclusive no Brasil), ela prefere ficar perto de ilhas e de terras continentais

Mamíferos da água

Baleia é o nome genérico aplicado aos mais graúdo entre os cetáceos – uma família de mamíferos aquáticos da qual faz parte o golfinho. Há dois tipos de baleias: com dentes (caçadoras), e as que possuem placas ou cerdas em lugar de dentes, alimentando-se de plâncton e de um camarãozinho chamado krill.

A baleia-azul (30 metros) é o maior de todos os animais que existem ou já existiram. Passa a maior parte do ano nos oceanos polares. Foi perseguida até quase a extinção. Hoje só restam 500 no mundo todo.

A baleia-minke (10 metros) é um dos tipos mais comuns de baleia – e também uma das mais freqüentes no litoral brasileiro.

O narval (5 metros) vive nas águas geladas do Ártico. Sua presa, torcida como um saca-rolhas, é exclusiva dos machos, que a usam em duelos para disputar as fêmeas.

O cachalote (18 metros) é o maior dos cetáceos com dentes. O âmbar cinzento, produzido pelo seu intestino, é usado em perfumaria como fixador. Isso o torna uma caça cobiçada (leia texto na pág.18).

A orca (10 metros) é um predador terrível, mas inofensivo para o homem. Prefere as regiões polares, onde se banqueteia com as focas.

Os bichos do mar

A fauna é muito rica nos 200 metros a partir da superfície e se torna rarefeita com a profundidade.

Até 200 metros

Corais

Polvo

Barracuda

Arraia

Peixe-galo

Enguia

Tartaruga marinha

Peixe-lua

Bacalhau

Baleia-minke

Golfinho

Espadarte

Marlim

Atum

Tubarão-baleia

Celacanto

Tubarão

Baleia-azul

Plâncton

Orca

Caravela portuguesa

Até 800 metros

Cachalote

Peixe-lanterna

Peixe-escorpião

Lula-gigante

Medusas

Peixe-sapo

Peixe-tripé

Enguia-engolidora

Peixe-machado

Vermes tubiformes

Peixe-pescador

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