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Por que somos o único bicho com linguagem?

Os idiomas humanos deixam os pios, latidos e outras formas de comunicação animal no chinelo em termos de complexidade. A razão desse exagero pode ser a capacidade infinita de combinar informações

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h36 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Giovana Girardi

Porque só a gente é capaz de se expressar como em tantos poemas que conhecemos. Bem… em termos. Na verdade, poesia assim é para poucos, como Carlos Drummond de Andrade, mas os seres humanos se destacam entre outras espécies consideradas inteligentes, como chimpanzés e golfinhos, porque, entre outras coisas, são capazes de encaixar uma idéia na outra, formando frases quilométricas, sem fim. Esse componente, presente apenas na linguagem da nossa espécie, é chamado de recursividade.

Anos de trabalho para ensinar outros animais (como os internacionalmente famosos papagaio Alex e bonobo Kanzi) a se comunicarem com a linguagem humana serviram para provar que, por mais que possam avançar, há um limite, bem distante do mínimo que um ser humano pode fazer.

Órgão especial

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Para o lingüista americano Noam Chomsky, que há mais de 5 décadas estuda esse assunto, o que nos torna diferentes é que temos uma espécie de “órgão da linguagem” no cérebro, que talvez nem tenha surgido com esse fim, mas para realizar cálculos combinatórios. Daí a idéia de que a recursividade seja o fato que torna a linguagem humana única, como propõem Chomsky e seus colegas Marc Hauser e Tecumseh Fitch.

No começo deste ano, durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, Hauser comparou a comunicação humana com a dança das abelhas, considerada uma forma de linguagem. Após acharem comida, esses animais voltam para a colméia e informam onde está o alimento por meio dessa dancinha. “É uma linguagem simbólica e separada da ação no tempo e no espaço. O problema é que as abelhas só conversam sobre comida”, afirma o pesquisador da Universidade Harvard. Já a recursividade permite que nosso uso da linguagem seja praticamente infinito – basta combinar unidades menores para formar frases nunca ouvidas antes. Esse potencial inesgotável é ideal para comunicar todo tipo de informação e idéia, o que torna óbvia a vantagem trazida por essa capacidade aos seres humanos.

Mas o que dizer das capacidades do papagaio cinza africano Alex, morto no ano passado aos 31 anos? O trabalho feito pela psicóloga Irene Pepperberg ao longo de toda a vida do animal mostrou que a ave era capaz de entender alguns conceitos. Ele aprendeu a separar palavras por categorias, a contar pequenas quantidades e sabia até reconhecer algumas cores e formas. E, apesar de haver relatos de que às vezes ele ajudava outros papagaios do laboratório a falarem melhor e que de vez em quando ele se mostrava aborrecido com exercícios repetitivos, ele não mostrava sinais de lógica ou capacidade de generalização tal como nós.

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Para Hauser, estudos com outros animais “falantes”, por mais que mostrem que eles têm capacidade de reagir emocionalmente e de discriminar algumas percepções, acabam por comprovar que “essas habilidades não interagem no cérebro como a cognição humana”. Ao juntar tudo isso, criamos a linguagem.

Poética sem fim

O poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, é um exemplo de recursividade – mecanismo único da linguagem do homem que permite que encaixemos uma frase na outra indefinidamente.

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Crioulos são línguas com gramática e regras muito precisas que surgem espontaneamente quando falantes de idiomas diferentes tentam se comunicar.

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