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Como deveriam ser as primeiras horas do recém-nascido

Alguns procedimentos após o parto são bem-vindos. Outros, apesar de muito usados, são dispensáveis na maioria dos casos

Por Ana Luísa Moraes, de Saúde
3 fev 2017, 19h55

Quando um bebê nasce, ele é bombardeado por impressões, barulhos e cheiros. E tudo o que acontece nesse momento é crucial para sua saúde. A primeira hora de vida pode determinar, por exemplo, qual a probabilidade de ocorrer morte neonatal (ou seja, nos primeiros 28 dias de vida). Um estudo realizado na Austrália mostra que esse risco pode ser reduzido em 22% só com o aleitamento materno logo após o nascimento.

Não tem segredo: se o neném não requer nenhum cuidado especial, basta colocá-lo no peito da mãe. Mesmo assim, metade dos recém-nascidos no mundo não é amamentada nesses minutos iniciais de vida.

“Tive minha bebê às 21h50. Pude vê-la e tirar uma foto, mas não consegui nem segurá-la. Fizeram todos os procedimentos: mediram, pesaram, lavaram. Daí ela foi levada para o berçário e só voltou para os meus braços cinco horas depois”, relata Ingridy*, que deu à luz na rede privada no ano passado. De acordo com ela, nenhuma das duas apresentava qualquer condição médica que justificasse o afastamento precoce.

“Em circunstâncias favoráveis, o ideal é que o bebê nasça e fique com a mãe. O recém-nascido precisa ser aquecido e seco. Esse procedimento pode ser feito no colo da mulher e, lá mesmo, o pediatra usa o estetoscópio para ver se está tudo bem”, reforça Victor Nudelman, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A amamentação e o contato pele a pele após o nascimento são benéficos tanto para a mãe quanto para o filho. Na mulher, a liberação do hormônio ocitocina acontece mais rapidamente, o que previne a hemorragia uterina. “Essa proximidade com o bebê também diminui a angústia entre as mães. Elas se sentem mais satisfeitas e respeitadas, diminuindo o risco de depressão pós-parto”, explica a pediatra e consultora de amamentação Luciana Herrero, de Ribeirão Preto, no interior paulista. Para os pequenos, as vantagens são inúmeras: segundo Luciana, autora do livro O Diário de Bordo do Parto (Editora Aninhare), além da proteção contra a morte neonatal, eles ficam com a respiração mais estabilizada, a oxigenação melhora, os hormônios do estresse são reduzidos e a temperatura corporal é regulada.

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Quando essa conexão não acontece e o pequeno é levado para o berçário, é alta a chance de ele receber fórmula láctea (sem o consentimento dos pais). “Minha filha nasceu no fim da tarde e mamou no peito só à noite e durante a madrugada. De manhã, realizou uma pequena cirurgia na língua e logo depois já voltou para o quarto. Ela não quis mamar durante o dia todo”, conta Nicole*. “Eu estranhei e descobri que o hospital havia dado complemento alimentar para minha filha. Fiquei muito brava porque isso aconteceu sem meu conhecimento e autorização”, completa.

Segundo Graziela del Ben, neonatologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, a fórmula à base de leite de vaca deve ser oferecida só em extrema necessidade, como em casos de bebês que nascem abaixo do peso (menos de 2,5 quilogramas). “É muito mais fácil para o recém-nascido desenvolver alergias quando recebe a fórmula. O recomendado é que ele fique só com o leite materno”, ensina.

O começo da vida aqui fora

Sair do útero é um processo estressante — e esse momento também pode influenciar a saúde de quem acabou de chegar ao mundo. “O trabalho de parto, que não ocorre na cesariana, amadurece os pulmões da criança e favorece a adaptação fisiológica no pós-parto”, explica Graziela. Fora isso, no parto normal, a criança tem a sua primeira colonização bacteriana com a ajuda dos micro-organismos vaginais da mãe.

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Não tem nada de nojento na história: isso auxilia no desenvolvimento saudável da microbiota do próprio bebê, o que contribui na blindagem contra alergias e na construção de um sistema imunológico forte. Alguns estudos estão em andamento para entender melhor o papel das bactérias vaginais na vitalidade do recém-nascido e, mais importante, para descobrir como dar os mesmos benefícios para aqueles que chegam ao mundo por meio de cesárea.

Nesse ponto, algumas pesquisas já obtiveram ótimos resultados. Em um estudo da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, gazes esterilizadas foram colocadas na vagina de mães que dariam à luz por cirurgia. Depois, os médicos passaram esses panos em todo o corpo dos nenéns. Resultado: eles apresentaram micróbios similares aos dos que nasceram pela via normal.

Logo depois da saída, vem uma das partes mais icônicas do parto: o corte do cordão umbilical. Ele é responsável pela passagem de sangue, oxigênio e nutrientes — e cortá-lo só depois que para de pulsar é capaz de garantir boa imunidade e aumentar os estoques de ferro. “O cordão para de pulsar de um a dois minutos depois do nascimento. Aguardar esse tempo assegura mais sangue para o bebê”, afirma Nudelman. Segundo a Organização Mundial da Saúde, essa espera diminui em 61% a ocorrência de anemia neonatal.

Outro procedimento típico que pode ser adiado tranquilamente é o primeiro banho. Em muitos hospitais, é de praxe entregar o bebê só quando ele está limpinho e vestido. Só que, além de a mãe perder a oportunidade de estar em contato com o filho e de fazer parte do seu primeiro banho, o rebento sofre algumas consequências. Ora, aquela camada branca que envolve o corpo do recém-nascido não é sujeira, como muitos pensam. “O útero é um ambiente estéril. O vérnix caseoso, nome da substância esbranquiçada, funciona como hidratante, e é absorvido pela pele nas próximas 24 horas. Por isso, dá para postergar o banho”, explica Luciana.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em portal Saúde

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