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Minorias étnicas têm 5 vezes mais chances de desenvolver doenças mentais, diz estudo

Preconceito e discriminação contribuem para o desenvolvimento de problemas psicológicos que atingem fortemente essa parcela da população

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
31 Maio 2017, 18h56

Em 2016, mais de 1,2 milhão de pessoas emigraram para a Europa em busca de melhores condições de vida, deixando para trás seus países destruídos por conflitos religiosos, guerras ou devastados pela pobreza. Só que a maioria das nações europeias não conseguiram recebê-los ou dar algum tipo de assistência. Desde o final de 2015, quando o número de refugiados aumentou vertiginosamente, poucas medidas de acolhimento foram de fato consolidadas.

Sem dinheiro, assolados pela incerteza e marginalizados pela xenofobia crescente, essas pessoas viraram alvos sociais. Não à toa, um imigrante tem até cinco vezes mais chances de desenvolver doenças mentais se comparado a um cidadão inglês branco – é o que diz um estudo realizado pela University College London. A estimativa se aplica a cidades e ambientes rurais e aumenta nos casos em que a pessoa chegou ao Reino Unido quando criança.

O estresse relacionado ao processo de migração, o preconceito e o sentimento de isolamento aumentado pela dificuldade de se integrar podem potencializar o risco à saúde mental dessa parcela da população. Para James Kirkbride, psiquiatra epidemiologista e co-autor do estudo, os resultados são chocantes – é necessário oferecer serviços para essas pessoas e conter os fatores de risco. “Há uma enorme desigualdade na saúde. Se essa fosse qualquer outra doença, estaríamos horrorizados fazendo campanhas de saúde pública para diminuir esse sofrimento”, afirma em entrevista ao jornal The Guardian.

Ao longo do estudo, Kirkbride, em conjunto com uma equipe de pesquisadores da Universidade de Cambrigde e da NHS Foundation Trusts, examinaram 687 pessoas entre 16 e 35 anos que tivessem recebido diagnóstico clínico de transtorno psicológico. Eles também levaram em consideração fatores como situação socioeconômica, idade e gênero. Os resultados foram bem claros sobre quem eram as pessoas mais expostas a doenças mentais: minorias étnicas.

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Pessoas negras vindas do Caribe tinham 4,6 vezes mais riscos de desordens psicológicas que cidadãos ingleses brancos. Imigrantes do Paquistão ou negros de origem africana estavam 2,3 e 4,1 vezes mais vulneráveis, respectivamente. Imigrantes brancos não tiveram risco aumentado de desenvolverem doenças mentais. Os cientistas também perceberam que, no geral, as chances eram ainda mais altas em pessoas que haviam se mudado para a Grã-Bretanha entre os cinco e os 12 anos.

Para Kirkbride, a mudança muitas vezes traumática para outro país e as dificuldades que as pessoas enfrentam ao chegar e tentar se adaptar aumentam o risco dessas doenças – e não o fato das estimativas serem ou não altas em seus países de origem. A perspectiva para as gerações futuras está longe de ser otimista: ao longo da pesquisa, foi possível perceber que indivíduos de grupos étnicos minoritários nascidos no Reino Unido tinham quase 2,6 vezes mais probabilidades de ter um transtorno psicótico que o restante da população inglesa branca.

No início deste mês, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) emitiu um comunicado de alerta dizendo que 75 mil refugiados e migrantes, sendo 24,6 mil crianças, “estão em risco de sofrerem com transtornos mentais por estarem vivendo em um estado prolongado de limbo”. De acordo com a organização, grande parte dessas pessoas estão na Grécia, Bulgária, Hungria e Bálcãs ocidentais.

“Estamos vendo mães solteiras e crianças presas na Grécia, Sérvia e Bulgária que não veem seus maridos e pais por meses ou mesmo até anos. O processo de reunificação familiar é lento e seu desfecho é incerto, e é essa incerteza que pode causar angústia emocional e ansiedade significativas para as crianças e famílias”, afirmou a diretora regional do UNICEF e coordenadora da agência para a crise de refugiados e migrantes na Europa, Afshan Khan. Na publicação, ela também destaca que em muitos casos os homens são os primeiros a deixarem seus países de origem para que, em seguida, o restante da família o siga.

Segundo a UNICEF, aproximadamente 5 mil pedidos de reunificação familiar foram feitos na Grécia em 2016, um processo que pode levar de 10 meses a dois anos. Destes, 700 pedidos vieram de crianças desacompanhadas de seus familiares ou responsáveis. A agência da ONU afirma que a maioria das pessoas que requerem asilo não sabe quando ou se terá resposta. Enquanto isso, a quantidade de pessoas aguardando até que seu futuro seja definido por alguma medida de asilo e acolhimento aumentou 60% entre março do ano passado e abril de 2017 – somando 80 mil pessoas no limbo.

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