Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Por que os rituais do TOC são tão difíceis de controlar

Confrontar alguém com TOC raramente funciona. Isso porque o cérebro se sente constantemente em perigo.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 abr 2017, 20h41 - Publicado em 4 abr 2017, 20h30

Uma das formas de tratar o transtorno obsessivo compulsivo, o TOC, é a terapia de exposição. Em teoria, ela ajuda os pacientes a confrontarem as situações em que a ansiedade e a compulsão se apresentam – por exemplo, levar alguém que lava as mãos constantemente a tocar algo sujo.

Para algumas pessoas, funciona – e elas passam a controlar a ansiedade o suficiente para viver uma vida normal. Mas, para grande parte dos pacientes, a exposição não altera a compulsão. E pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, acreditam terem encontrado o motivo.

O cérebro de pessoas com TOC, segundo o estudo, não consegue se desligar do modo “perigo”. Por exemplo: uma porta aberta ou um fogão ligado podem ser grandes riscos. Mas se você tranca a porta e desliga o gás, o cérebro se dá por satisfeito e deixa você pensar em outras coisas.

No cérebro com TOC, porém, o alerta seria constante, sem desligar nunca – e assim surgiriam os “rituais”, nome dado aos hábitos compulsivos: de checar a trinca da porta dezenas de vezes até lavar as mãos com frequência excessiva.

Continua após a publicidade

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores recrutaram 43 pessoas com TOC e mais 35 pessoas sem a doença, para comparação. Elas passaram por ressonâncias magnéticas para entender o que acontecia no cérebro durante o experimento.

Funcionava assim: uma tela mostrava ao voluntário uma série de rostos. Quando a face era verde, a pessoa tomava um choque. Quando era vermelho, nada acontecia. Aos poucos, as pessoas aprenderam a esperar o choque quando viam o verde – e essa reação era visível nas imagens cerebrais.

Continua após a publicidade

Na segunda parte do teste, os cientistas inverteram o padrão: o vermelho passou a trazer o choque e o verde se tornou “seguro”.

O cérebro das pessoas sem TOC reagiu de acordo com o esperado: a reação de ansiedade passou a surgir ao ver o rosto vermelho e a associação com o verde acabou. As pessoas que tinham o transtorno, por outro lado, não “esqueceram” o choque verde – seus cérebros permaneciam em estado de alerta para as duas cores, como se fossem tomar choque a qualquer momento.

Além disso, eles apresentavam atividade reduzida no córtex prefrontal ventromedial, associado ao processamento de informações de segurança e tomada de decisão perante riscos.

Continua após a publicidade

Para os pesquisadores, esse “erro de funcionamento” faz com que o cérebro tenha uma dificuldade maior em desaprender associações negativas. Assim, mesmo a terapia de exposição – que tenta reforçar que a pessoa está em segurança mesmo quando quebra o ritual – pode não ser suficiente para reconfigurar esse processo. E, dessa maneira, as compulsões continuam.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.