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Bons motivos para sorrir

Tratamentos para reverter cáries, restaurações cada vez mais perfeitas e resistentes, aparelhos corretivos invisíveis - a odontologia reúne novidades para todos rirem à vontade.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h31 - Publicado em 30 nov 1991, 22h00

Para muito brasileiros parece difícil escancarar um belo sorriso. Além de faltarem boas notícias nos jornais, faltam dentes literalmente. Convivemos com 25 milhões de banguelas, que fazem do Brasil o terceiro país mais desdentado do planeta, perdendo apenas para a Etiópia e para a Índia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aos 12 anos uma criança deveria ter, no máximo, três dentes cariados. “Aqui, nessa idade, a média é 6,3 cáries”, revela o dentista José Roberto de Magalhães Bastos, sem parar de agitar-se na cadeira, inconformado com as estatísticas que conhecer de cor. Ele consome a maior parte do tempo desenvolvendo programas de prevenção na conceituada Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), no interior paulista, considerada a melhor da América Latina em sua área. Ali, realizam-se alguns dos estudos que terminam enriquecendo os consultórios dentários com fantásticos recursos, capazes de assegurar sorrisos reluzentes.

Computadores usados pela Engenharia Naval, resinas criadas em pesquisas espaciais, ligas metálicas ultra-resistentes desenvolvidas em avançados laboratórios de Química: a Odontologia vem incorporando tudo o que ajude a obter restaurações mais duradouras. Sem contar as novas técnicas para esconder manchas e falhas de formato. Nesse sentido, há razões de sobra para sorrir. “O melhor, porém, seria as pessoas dispensarem muitas dessas novidades, evitando a cárie”, insiste Bastos, que também leciona na Universidade de Lisboa, em Portugal – país cuja média de cáries por criança se aproxima daquela idealizada pela OMS. No início deste ano, Bastos e sua equipe em Bauru começaram a acompanhar 450 alunos de uma escola local, com a intenção de não deixá-los ultrapassar o limite de três cáries até apagarem doze velinhas. O programa irá durar mais de três anos. “Queremos testar uma estratégia de combate, que não engloba apenas exames periódicos e aplicações de flúor”, diz o dentista, com o sotaque carioca que aprendeu em Niterói, sua cidade natal. “Além de ensinar a escovação correta, é preciso orientar a dieta.”

Toda a atenção, no caso, é voltada para os carboidratos, o grupo dos nutrientes em que estão as massas e os doces. Há muito tempo se sabe que é preciso vigiar seu consumo: no final do século XVIII, por exemplo, a imperatriz da França, Josefina de Beauharnais, mulher de Napoleão Bonaparte, colocava a mão na frente da boca, quando pretendia sorrir. Não era charme, mas uma maneira de esconder os dentes corroídos. Nativa de Martinica, colônia francesa no Caribe onde se produziam montanhas de açúcar, a moça se acostumou a deglutir muito doce – e essa predileção condenou-a a sempre disfarçar o sorriso. “O açúcar alimenta as bactérias Streptococcus mutans existentes na boca e as sobras desse banquete são substâncias ácidas, capazes de destruir os dentes”, justifica o dentista paulista Arnaldo Azevedo Neto (veja quadro). Didático, ele rabisca o desenho de prismas, cujo formato lembra raquetes de tênis encaixadas entre si. “Essa seria a superfície do dente”, descreve. “Com o banho de ácidos, ela perde moléculas de minerais. Então, é como se os prismas se afastassem uns dos outros. As cáries são justamente essas brechas.”

O flúor pode até reverter cáries em crianças

O ácido escava 0,5 a 2 milímetros de esmalte – a superfície dura e resistente do dente – até alcançar uma região mais mole, a dentina, irrigada por microvasos sanguíneos e cortada por centenas de minúsculos nervos (veja ilustração). “Só aí a pessoa começa a sentir dor, justamente por causa dessas terminações nervosas”, conta Azevedo. O processo de corrosão até camadas cada vez mais profundas do dente pode ser dificultado por moléculas de flúor. “Os cristais na superfície do dente humano contêm moléculas de carbono e magnésio, substâncias dissolvidas facilmente pelos ácidos. O flúor substitui essas partículas e ainda ajuda o esmalte a roubar para si moléculas de cálcio e fosfato, presentes na saliva. O resultado dessas reações é um esmalte muito menos vulnerável”.
Que o flúor ajuda a evitar cárie, isso ninguém duvida. Nos últimos anos, porém, os cientistas encontraram evidências de que a substância também é capaz de reverter o problema em crianças, cujo esmalte possui uma capacidade maior de absorção de suas moléculas, em relação aos dentes dos adultos. “Aplicamos doses concentradas de flúor exatamente sobre os pontos brancos opacos, que costumam ser a marca registrada do princípio de uma cárie”, ensina Azevedo. “Isso, às vezes, serve de estímulo para o dente produzir novos prismas e cobrir o rombo da cárie.” Na realidade, quando o dente começa a ser destruído, é sinal de que a saliva perdeu sua batalha contra as bactérias. A saliva alcalina neutraliza os ácidos despejados pelos microorganismos – é o chamado efeito tampão.

A saliva biônica permanece três horas na boca

Contudo, quinze a vinte pessoas em cada cem brasileiros possuem pouca ou nenhuma saliva. Essa é a estimativa da bioquímica Olinda Tarzi, da FOB, que investiga o problema há oito anos. Todo esse tempo ela levou para desenvolver a saliva biônica, que chegará às prateleiras das farmácias em março. “As fórmulas de salivas artificiais que existiam eram neutras”, afirma a pesquisadora, de 46 anos, com tom francamente espantando. “Desse modo, não cumpriam o papel de neutralizar a boca. Serviam apenas para dar uma sensação de alívio ao consumidor. “Os principais usuários de salivas artificiais são pessoas que passaram por radioterapia para combater o câncer. “O tratamento diminui a produção das glândulas salivares, às vezes durante anos”, explica a bioquímica. “Mas uma série de medicamentos, como diuréticos e laxantes, podem ter o mesmo efeito.”

Falantes, ela se anima ao descrever as etapas de sua pesquisa: a proteína responsável pela viscosidade da saliva, a mucina, não tinha substitutos adequados até então: “Às vezes, uma molécula de lubrificante era muito grande e entupia o tubinho do spray. De seu lado, as substância que não tinham esse problema de tamanho deixavam um gosto de óleo de máquina”, dispara Olinda. Ela chegou a uma mistura que, além de ter sabor agradável, é capaz de permanecer na boca durante aproximadamente três horas, graças a uma resina que, ao pé da letra, gruda seus componentes na mucosa. A saliva biônica poderá, assim, resolver também o problema de mau hálito. “Quando a boca seca, a mucosa descama”, esclarece a cientista, autora de um livro sobre o tema. “As células desprendidas alimentam bactérias que ao comerem proteínas liberam enxofre – eis o culpado pelo cheiro horroroso.”

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Computadores testam as restaurações

Outra área da Odontologia com bastante motivos para comemorar é a Dentística, aquela responsável pelas restaurações. “Hoje o dentista tem como imaginar o resultado de uma restauração com a mesma precisão de um engenheiro”, afirma o professor Rubens Côrte Real de Carvalho, da Universidade de São Paulo, diante da tela de computador, onde esboça o desenho de um dente, atravessado por centenas de traços que dividem sua figura em um punhado de caquinhos, as microáreas como os especialistas preferem chamar. “Trata-se de um programa similar ao usado para projetar cascos de navios, pontes e barragens”, revela Carvalho.

Em vez de calcular o impacto da água nessas estruturas gigantescas, o computador analisa a força aplicada em cada microárea, durante a mastigação. “Definimos, assim, se uma restauração pode ser de amálgama no lugar do ouro”, exemplifica o professor. Do mesmo modo, consegue-se prever quando um dente restaurado corre o risco de trincar a longo prazo – e, nesse caso, é melhor protegê-lo com uma incrustação, em seu típico formato de telhado (veja esquema).O ouro, aliás, continua imbatível nesses testes de resistência e, infelizmente, imbatível no preço. “Só um metal nobre costuma agüentar a estufa da boca”, justifica o professor José Mondelli, da FOB, especialista em restaurações. Autor de oito livros, publicados também no exterior, ele criou uma liga alternativa, junto com químicos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que custará 100 vezes menos do que o ouro.

O ouro já tem substituto barato

Cobre, níquel, zinco e alumínio foram combinados em proporções calculadas meticulosamente. “Qualquer erro nesse balanceamento tornaria a liga frágil à corrosão”, fala Mondelli, em ritmo acelerado, atrás da mesa onde se espalham livros e pilhas de papéis. “Um descendente de sírios, por exemplo, costuma comer muito alho e muita cebola, ingredientes ricos em sulfeto de sódio. Essa substância promove um ataque químico violento, escurecendo a maioria dos metais”. A nova liga, ainda sem nome, enfrentou bravamente agressões como essa, primeiramente em boca artificial e, mais tarde, em animais. “Hoje em dia, já realizamos testes em 500 pacientes e, até o momento, não houve nenhum tipo de irritação na mucosa ou na gengiva”, observa Mondelli. Muitas vezes, as restaurações não procuram cobrir cavidades, mas, sim, esconder defeitos dos dentes, como formatos inadequados ou manchas provocadas por cigarros e medicamentos. “Antes, a única solução era a famosa jaqueta, uma espécie de dente falso e oco, que se encaixava sobre o verdadeiro”, nota o dentista Glauco Fioranelli Vieira, da USP.

Paredes falsas cobrem defeitos

Para conseguir isso, é claro, o dente legítimo tem de ser desgastado, até virar um pino. “Isso é um desperdício. Antes, desgastava-se um dente saudável sem a menor culpa”, critica o cirurgião-dentista, que há três anos vem trabalhando com a chamadas facetas – finíssimas paredes de porcelana, coladas sobre a face natural do dente, na maioria das vezes sem necessidade de qualquer arranhão em seu esmalte. Primeiro, o dentista pincela um ácido na superfície do dente tratado: “Com isso, abrem-se inúmeros pequenos poros no esmalte, onde a resina, espalhada em seguida, pode penetrar”, explica Vieira. É como se a resina, dessa maneira, formasse pequenos ganchos fincados nos dentes, o que é excelente para manter uma restauração firme e segura. “Há duas décadas já se realizava essa façanha”, deixa claro Vieira. “Mas só recentemente aprimoraram-se as porcelanas, agora capazes de ser moldadas na forma de películas com cerca de 1 milímetro de espessura. Segundo Vieira, a filosofia da Odontologia moderna é sempre preservar o máximo de dente possível. “Ainda não se encontrou um material tão adequado para agüentar a mastigação”, elogia.

Dentes consertam dentes

Por isso mesmo, alguns dentistas começam a usar dentes para restaurar dentes. Isso mesmo: “No lugar da antiga incrustação, ou colo dentes de doadores”, descreve Michel Youssef, professor da USP que estuda a técnica há cinco anos. “O resultado é perfeito”, orgulha-se, com jeito tímido. Ele jura que, se precisasse, não hesitaria em optar por esse tipo de implante. “As pessoas têm preconceito, porque pensam que sairão andando com dentes de outra pessoa. Mas não é bem isso que acontece.”
De fato, passados alguns minutos depois de arrancado, um dente perde sua função. Isto é, morrem todas as suas terminações nervosas. “Ele se transforma em uma peça tão estática e sem vida quanto uma obturação de ouro. Por isso, nem podemos falar que se trata de um transplante”, adverte. A vantagem de se implantar um dente no lugar de outro é, mais uma vez, a escolha de um material apropriado para o estresse da mastigação. “O preço também costuma ser menor em relação a outros materiais”, acrescenta Youssef. No espelho, contudo, à primeira vista o paciente nota a diferença entre seus dentes e o dente alheio, que é muito mais opaco. “Fora do organismo, os dentem ficam desidratados”, explica Youssef. “Mas, em dois ou três meses, a saliva repõe todo o líquido, entre os prismas do esmalte. Então, não se vê mais qualquer disparidade.”

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Dentaduras ganham novas versões

Mesmo as próteses, empregadas quando se esgotam as possibilidades de salvar um dente, evoluíram bastante. “Foi-se o tempo em que a aparência de plástico entregava que uma pessoa estava usando dentaduras”, garante o dentista José Valdes Conti, da FOB. “Criamos gengivas artificiais, coloridas com pigmentos que imitam com perfeição as nuances de tonalidades da gengiva de um paciente.” Vice-diretor da escola em Bauru, que comemorará trinta anos de fundação no próximo mês de maio, nada parece dar mais prazer a esse professor de ar tranqüilo do que comentar o trabalho de seus alunos e colegas. “Adoro esse lugar”, confessa.

Na sala cercada por armários de vidro, onde são guardadas das mais arcaicas dentaduras aos modelos mais avançados – não à toa, o lugar é conhecido por museu -. Conti aponta a prótese adesiva que recentemente substitui a prótese fixa. “Nesta, o dente de porcelana era cimentado entre dois dentes naturais que, para isso, eram desgastados com o motor até a dentina. Já na prótese de adesão, colada com resinas”, compara, “os dentes vizinhos são mantidos quase íntegros, só o esmalte é levemente riscado.”

Implantes revolucionam as próteses

O paciente pode desejar, contudo, uma prótese fixada no osso como se fossem seus próprios dentes. Isso é possível graças à técnica do implante. Há cerca de 25 anos, o sueco J. Branemark pesquisava um tratamento para fraturas, usando uma fibra óptica que era introduzida entre duas arruelas de titânio. Irritado o cientista constatava que essas peças grudavam no osso. “Mais tarde, provou-se que o titânio é capaz de integrar-se no tecido ósseo, sem causar problemas”, conta o professor Luiz Fernando Pegoraro, da FOB, que estagiou na Suécia com o próprio inventor dos implantes. A técnica, aliás, foi empregada em Odontologia pela primeira vez há oito anos, nos Estados Unidos. “A cirurgia é feita em dois estágios”, diz Pegoraro. “Na primeira etapa, que leva cerca de duas horas, o pino de titânio é fincado no osso; a segunda cirurgia não demora mais do que trinta minutos, tempo suficiente para implantar a chamada peça intermediária que suporta o dente de porcelana.” Segundo o dentista, não existem contra-indicações, a não ser o preço. “É um pouco salgado para os brasileiros”, reconhece. “O material empregado em um único dente implantado custa cerca de 600 dólares, sem contar os honorários do profissional.”

Aparelhos tornam-se invisíveis

A Ortodontia, encarregada dos aparelhos corretivos, também coleciona avanços, conforme o professor Décio Rodrigues Martins, da FOB. “Nos últimos oito anos, os aparelhos deixaram de ser privilégios de criança”, avalia. “Novos conhecimentos sobre a fisiologia da boca permitem uma correção eficiente dos dentes em adultos. Antes, o resultado nunca era igual ao das crianças.” Aliás, usar aparelho, hoje em dia, não significa necessariamente exibir um sorriso metálico. Tanto o fio como os braquetes, aquelas plaquinhas grudadas nos dentes, podem ser feitos de material transparente. “Em alguns casos”, comenta o professor, “chega a ser possível criar um aparelho totalmente voltado para a parte interna da boca. Ou seja, a pessoa pode rir à vontade, que nada irá aparecer.” Embora o maior apelo seja mostrar dentes bem alinhados, o aparelho costuma ser necessário para manter a saúde das articulações temporomandibulares, responsáveis pelos movimentos da boca. “É o único ponto do organismo em que duas articulações devem trabalhar ao mesmo tempo, em perfeita sincronia”, diz o dentista Flávio Vellini, professor de Anatomia há 33 anos na USP. “Quando os dentes estão fora de lugar um lado acaba trabalhando mais do que o outro e, a longo prazo, surgem dores terríveis, confundidas muitas vezes com enxaquecas ou problemas de coluna.”

Marcas reveladoras

Há dois anos, um ladrão invadiu uma casa em São Paulo, levando tudo o que havia de valor – eletrodomésticos, jóias, até alguns objetos de enfeite. Antes de sair, porém, resolveu fazer um lanche. Não fosse a fome, o crime teria sido perfeito. “O único rastro que deixou foi um pedaço mordido de queijo com goiabada”, lembra o professor Luiz Martins Turano, da USP. “A partir da marca dos dentes, fizemos um molde da arcada e, assim, foi possível identificar o gatuno entre os suspeitos presos.” Turano gosta de contar casos nas aulas de Odontologia Legal – a área que identifica pessoas pelos dentes. “Eles são exclusivos”, garante. O exame da arcada dentária é revelador: “Pode indicar a estatura aproximada de alguém e a faixa etária”. O especialista também consegue descrever o sorriso de um estuprador ao observar as mordidas na vítima: “Dá para afirmar se o criminoso tinha dentes pequenos ou grande, perfeitos ou restaurados”, conta Turano. Apesar de realizar essas proezas, a Odontologia Legal é mais famosa por identificar pessoas mortas, como o nazista Joseph Menguele, cujo corpo foi exumado no Brasil, em 1985. “Ao comparar os registros do seu dentista com a arcada examinada, não restaram dúvidas”, opina.

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Novos exames para avaliar as articulações

Mas, segundo o jovem professor Carlos Araújo, da FOB, a iniciativa de colocar os dentes no lugar certo pode não resolver o problema. Nesses casos em que a dor persiste, ele vem usando o exame de ressonância magnética para avaliar o estado das articulações. “Cada uma delas se apóia em uma espécie de travesseiro, o disco articular, equivalente ao menisco do joelho”, explica. “Quando a arcada dentária se movimenta de maneira inadequada, o disco se desloca para frente. Isso provoca, no mínimo, um estalo quando se abre a boca.” Segundo ele, o problema só pode ser corrigido com uma cirurgia. Para Flávio Vellini, as dores nas articulações podem ter origem no crescimento desigual dos ossos. “Antes os aparelhos pretendiam corrigir apenas os dentes. Hoje, com freqüência, eu receito aparelhos ortopédicos para crianças.”

Na faculdade de Odontologia da Zona Leste, dirigida por ele, Vellini não se cansa de radiografar a cabeça de crianças, repetindo o exame até os pacientes alcançarem a idade adulta. “Ao sobrepor as imagens, nota-se que os ossos podem crescer em velocidades diferentes e direções diversas. Quando isso não é corrigido a tempo, a pessoa pode ficar dentuça”, exemplifica com uma careta. Os dentuços, aliás, são os que mais correm riscos de quebrar os dentes em acidentes. Uma em cada dez crianças que levam um tombo, por exemplo, acaba tendo um dente jogado para fora ou avulsionado – mas isso necessariamente não é sinônimo de dente perdido. “É possível reimplantá-lo com sucesso”, assegura o cirurgião-dentista Igor Prokopowitsch, da USP. “O problema é que os pais costumam fazer coisas desastrosas, como guardar o dente expulso em um copo com água ou trazê-lo seco ao consultório”, reclama.

Vale tudo para conservar os dentes de leite

A providência correta é reimplantar o dente imediatamente – para a saliva conservá-lo até a chegada ao dentista – ou mergulhá-lo no leite. Quando o tratamento é realizado nos primeiros trinta minutos após o acidente, existem 90 por cento de chances de sucesso absoluto. “O canal desse dente, é claro, deve ser tratado posteriormente”, diz Prokopowitsch.

Um engano comum, segundo o dentista, é pensar que dente com canal tratado, em adulto ou criança, é um dente morto: “Retira-se o nervo, mas os filamentos nervosos da dentina continuam em plena ação”, adverte. É por isso que os especialistas, atualmente, dão a maior importância ao tratamento de canais em crianças com cáries profundas, em vez da tradicional extração. “Os dentes decíduos ou dentes de leite têm raízes que vão sendo absorvidas, à medida que os dentes permanentes vão descendo. Elas servem de guia”, descreve a dentista paulista Ana Cristina Riccioppo, de 26 anos, acostumada a tratar de crianças. “Para conservar os dentes de leite, vale até colocar jaquetas”, defende. Mas, sem dúvida, o grande avanço da odonto-pediatria são os chamados selantes: “Cobrimos com resinas aquelas pequenas brechas naturais do esmalte, onde poderia haver acúmulo de alimentos e bactérias”, esclarece. “Por enquanto, essa é uma das maiores armas para diminuir a incidência de cáries nas crianças.”

Lúcia Helena de Oliveira

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