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Unissex: o Viagra também é usado para tratar infertilidade feminina

O Viagra é bom em dilatar os vasos sanguíneos de vários lugares do corpo (não só de onde você está pensando). E isso é essencial na fertilização in vitro.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 12 mar 2024, 09h21 - Publicado em 3 abr 2018, 15h44

O Viagra é mais que um remédio – é um ícone pop. O único comprimido que saiu na capa da Time quando foi patenteado, em 1996. Mas ele não serve para resolver disfunção erétil. Pelo contrário: como ele trabalha dilatando vasos sanguíneos, também pode dar uma mãozinha quando outros órgãos (que não têm nada a ver com sexo) sofrem de problemas de circulação.

Por exemplo: algumas pessoas sofrem de um distúrbio chamado hipertensão pulmonar. É como se as artérias e veias do órgão ficassem muito “apertadas”, impedido a passagem da quantidade correta de sangue – e, por consequência, a troca de gás carbônico por oxigênio. O Viagra vai lá e deixa tudo soltinho, para o paciente voltar a respirar sem esforço. De fato, o azulzinho lendário foi pensado originalmente como um medicamento para pressão alta – e ponto final. As ereções que ele causa foram só um efeito colateral peculiar muito bem aproveitado comercialmente pela Pfizer, o laboratório que detém a marca.

Uma das funções inesperadas do Viagra – e, até hoje, razoavelmente desconhecida – é colaborar com a fertilidade do sexo oposto de seu público-alvo. É o seguinte: a implantação de um embrião fertilizado in vitro em uma mulher só dá certo se o endométrio – a mucosa que forra o interior do útero no período fértil – estiver na espessura correta para receber o futuro bebê. Quanto mais velha for a mulher, mais fino tende a ser seu endométrio, e menores são as chances de o embrião vingar.

O endométrio é um tecido muito vascularizado – ou seja, irrigado por sangue. Por isso, assim que o Viagra foi lançado, 1998, o médico americano Geoffrey Sher supôs que o medicamento poderia aumentar a circulação no útero – dando aquela forcinha para o endométrio crescer e facilitando a vida do embrião recém-chegado.

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O resultado da especulaçãp veio em um artigo científico publicado em 2002: Sher testou 105 mulheres com menos de 40 anos que tinham óvulos saudáveis, mas não conseguiam engravidar porque o endométrio não atingia a espessura necessária para a criança se desenvolver. Todas elas tinham tentado fazer fertilização in vitro sem sucesso pelo menos duas vezes. Depois de receberem várias doses diárias de Viagra por meio de um supositório vaginal, 73 mulheres conseguiram desenvolver endométrios com mais de 9 milímetros – a espessura considerada ideal –, e 33 acabaram engravidando.

“Não funciona com todo mundo”, afirmou Sher, que usa o método até hoje em seu consultório, ao The Cut. “Não funciona, por exemplo, com mulheres cujo endométrio foi afetado por uma infecção ou inflamação. Mas se o problema for só o fluxo de sangue reduzido, o Viagra é muito eficiente”.

O método de Sher é adotado e elogiado por alguns médicos e criticado por outros – que afirmam não haver provas práticas suficientes da eficácia do remédio. Mas, em média, os estudos publicados depõem a favor do Viagra. Este documento de 2016, por exemplo, revisou as conclusões de nove testes clínicos sérios sobre o assunto feitos ao longo das últimas duas décadas (com ou sem a participação de Sher). E concluiu que, na média, o Viagra realmente faz bem para quem quer ser mãe. Em um teste, só 40% das voluntárias de um grupo que recebeu placebo engravidaram, contra 65,7% das de outro grupo, que efetivamente foi tratado com o azulzinho. Em outro, o endométrio das mulheres que receberam o tratamento atingiu em média 9,8 mm, contra 8 mm das não tratadas.

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