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Big Mac indica: o real está mais hipervalorizado do que parece

Versão ajustada do Índice Big Mac indica que o real pode ser a moeda mais cara do mundo neste momento

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 fev 2017, 01h20 - Publicado em 14 fev 2017, 20h16

O dólar bateu mais um  recorde recente de baixa hoje: caiu abaixo dos R$ 3,10, coisa que não acontecia desde julho de 2015. Mas a questão aí não é que o dólar esteja particularmente barato – pelo menos não em relação às outras moedas do planeta. Diagnóstico: é o real quem está passando por uma valorização atípica. É o que mostra a versão mais recente do Índice Big Mac, que a revista britânica The Economist compila desde 1986.

O Índice Big Mac, para quem não conhece, é uma ferramenta que ajuda a mostrar quais moedas do mundo estão valendo demais e quais estão valendo de menos em relação ao dólar. A filosofia por trás da coisa é a seguinte: o sanduíche do McDonald’s tem a mesma receita no mundo todo, e é sempre produzido com ingredientes locais, comprados em moeda local. Em janeiro, o sanduíche custava US$ 5,12 (R$ 16) no Brasil. No Egito, ele saía por US$ 1,46 (R$ 5).

Quando os produtos dos outros países parecem baratos demais, é porque a moeda do seu país está valorizada demais. É o que acontece com o real em relação à moeda do Egito, e em relação a praticamente todas as outras. Tanto que, em janeiro, estávamos com o quinto Big Mac mais caro do mundo. Na nossa frente, só Suíça, Suécia e Noruega – além da Venezuela (que está de intrusa na lista – o lanche está caro lá porque a economia do país está destruída, então o Big Mac virou artigo de luxo, como era no Brasil hiperinflacionado dos anos 80, quando as pessoas se vestiam bonito para ir ao Mac).

A lista:

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Bom, não contei que o Índice Big Mac tem uma falha. Ele não leva em conta a pobreza relativa dos países. A renda média mensal no Egito é de R$ 500. No Brasil, são R$ 2.500. Sim, aqui é pouco também. Mesmo assim, dá cinco vezes a renda deles. Logo, um sanduíche que só leva ingredientes modestos – dois hambúrgueres, alface, queijo, cebola, pepino e pão – acaba custando menos lá. Por conta desse tipo de problema, a Economist bolou uma versão “gourmet” da coisa (o trocadilho é deles, não deste repórter). E essa variante é mais esperta mesmo: leva em conta as disparidades na renda per capita dos países.

Tipo: um Big Mac custa mais de US$ 6 na Suíça. Mas a Suíça é um país com renda média de R$ 12 mil por mês. De cada 10 suíços adultos, um é milionário (milionário em dólar, o que significa que cada um deles tem pelo menos R$ 3 milhões em bens e investimentos). Logo, não dói para ninguém lá pagar quase R$ 20 num Big Mac.

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Aqui dói. E dói mais ainda quando a gente se compara a países mais terráqueos que a Suíça. África do Sul, por exemplo. A renda média lá é de R$ 4.500. Quase duas vezes a nossa. Já o Big Mac deles custa US$ 1,89 (R$ 6). Gordos 10 reais a menos que o nosso.

Pelo Índice Big Mac ajustado, países pobres tendem a ir para a parte de cima da lista. E o que acontece com o Brasil, então, que, além de pobre tem um Big Mac com preço Suíço?

Veja:

indicebigmac-dollarajustado

Pois é.

O real valorizado desse jeito é até bom para viajar, óbvio. E, se Europa e EUA ficam mais acessíveis, numa África do Sul da vida você faz a festa: pizza de R$ 10, vinho bom de R$ 15. Show. O problema mesmo é para as empresas nacionais que exportam: o real valorizado não deixa só o Big Mac brasileiro caro, deixa nossa soja, nosso café, nossos aviões e nosso petróleo mais caro. Sim, o barril da Petrobras e o avião da Embraer são sempre cotados em dólar, mas os salários dos funcionários são em real – se os dólares quem entram rendem menos reais do que o normal, os funcionários ficam mais caros, então a produção acaba mais dispendiosa. Alguma coisa, enfim, está fora da ordem. Aguardemos os próximos capítulos.

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