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Por que todo mundo não fala a mesma língua?

Muitas das línguas que você sabe que existem vieram de uma raiz comum

Por Fábio de Oliveira
Atualizado em 21 dez 2017, 13h15 - Publicado em 21 dez 2017, 13h15

Porque as línguas foram surgindo nas várias regiões do mundo de forma independente. Algumas têm a mesma origem, como o hindu, o sueco, o inglês e o português. Eles vieram de uma grande língua comum, chamada proto-indo-europeu, que há milhares de anos era falada na Ásia. Esse idioma deu origem a quase todas as línguas ocidentais e algumas orientais. “Supõe-se que o indo-europeu tenha sido uma língua só, que foi se diferenciando com o tempo”, explica o professor de linguística Paulo Chagas de Souza, da Universidade de São Paulo.

É que as línguas são vivas – elas se transformam com o uso. Mesmo as que vieram de uma raiz comum foram sendo modificadas pouco a pouco pela prática de cada grupo falante, que seleciona os termos adequados ao seu ambiente e à sua cultura. Os esquimós, por exemplo, criaram palavras capazes de descrever 40 tons de branco. Esses termos não fazem o menor sentido para um povo que mora no deserto, concorda?

O Império Romano teve uma forte função na difusão e na construção de muitas das línguas que são faladas hoje. Naquela época, na região de Roma, falava-se o latim, uma língua derivada do proto-indo-europeu que floresceu na região do Lácio. À medida que o império avançava, conquistando novos territórios, esse idioma foi sendo imposto aos povos dominados, mas não sem sofrer influência das línguas locais, com mudanças de pronúncia e enxertos de palavras. Com o enfraquecimento do domínio dos césares, essas diferenças foram se intensificando e construindo dialetos, que se transformaram em idiomas próprios. Foi assim que surgiu o português, o italiano e o francês, por exemplo.

Hoje são faladas 7.099 línguas ao redor do mundo, segundo o compêndio Ethnologue, um livro que cataloga os idiomas do nosso planeta desde 1950. Mas a gente não ouve a maioria delas: mais de 90% dessas línguas estão na boca de apenas 6% dos habitantes da Terra. O restante da população mundial usa menos de 400 idiomas.

O português brasileiro

O português demorou mais de 200 anos para se consolidar no Brasil. No final do século 17, o tupinambá, um dos dialetos do tupi, era o que mais se escutava por aqui. Para não perder o predomínio político na colônia, Portugal proibiu que crianças, filhos de portugueses e indígenas aprendessem outra língua que não o português. Mas a língua que falamos hoje não é idêntica à que se fala em Portugal. O “português brasileiro” também é resultado de um amplo e complexo processo de transformação sofrido ao longo dos anos, com importantes contribuições dos escravos africanos e de imigrantes que vieram de vários cantos do mundo. Mas, ainda hoje, 237 línguas são faladas no País. Desse total, 216 estão vivas. Delas, 201 são indígenas
e 153 correm risco de ser extintas.

 

4 coisas que você não sabia sobre idiomas

1) O Ethnologue lista 237 línguas no Brasil. Desse total, 216 estão vivas e 21, extintas. Das vivas, 201 são indígenas e 15, não indígenas. Além disso, 56 estão em perigo e 97, morrendo.

2) Na Espanha, são 15 no total, entre elas o basco e o catalão. Na ditadura de Franco, essas línguas foram proibidas, mas o decreto caiu no fim dos anos 1970.

3) Na Índia, um país com mais de 1 bilhão de habitantes, o número de línguas catalogadas chega a 462. Desse montante, 448 estão vivas e 14, extintas.

4) Nos Estados Unidos, o número de línguas catalogadas chega a 231. Dessas, 220 estão vivas e 11, extintas. Das vivas, 196 são indígenas e 24, não indígenas.

Mãe de (quase) todas

Muitas das línguas que você sabe que existem vieram de uma raiz comum.

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(Dossiê 376/Superinteressante)

 

O proto-indo-europeu
Boa parte da população mundial, incluindo países das Américas, da Europa e até a Índia, fala línguas que se agrupam no que os linguistas chamam de filo proto-indo-europeu. Sua origem é incerta: há os que defendem que ele tenha surgido na Anatólia, atual Turquia, há 9 mil anos, e outros, ao norte do Mar Negro, há 5 mil anos.

Rumo ao Norte
Um dos ramos diretos doindo-europeu é o germânico.
Ele engloba as línguas de povos do norte da Europa, muitos dos quais ficavam fora dos limites do Império Romano (os bárbaros, que, na primeira acepção da palavra, queria dizer estrangeiro). Dessa lista fazem parte o inglês, o alemão, o holandês, o sueco e o dinamarquês.

“Quo-vadis?”
A frase acima significa “para onde vais” em latim, língua que nasceu no Lácio, região próxima a Roma. Com a expansão do Império Romano, ela migrou para regiões onde hoje estão países como Espanha, França e Portugal. Com o declínio dos romanos, cada um desses locais começou a falar o latim do seu jeito. Daí surgiram o português e seus coirmãos.

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