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Por trás dos tabus: 8 perguntas e respostas sobre CrossFit

Entenda o que é mito, fato ou polêmica no universo crossfitter

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
7 dez 2018, 18h45

1. Afinal, CrossFit é um esporte?

(coletivo oitentaedois/Superinteressante)

Depende do ponto de vista. Antes de tudo, é uma marca: CrossFit Incorporaton. Baseada nos Estados Unidos, a companhia gerencia esse novo império fitness. Tanto o CrossFit Games (torneio mundial reunindo a elite dos praticantes) como todos os boxes (academias) afiliados estão associados à matriz.

A CrossFit Inc. também produz seus conteúdos oficiais – guias, diretrizes de treinos e cursos, demonstrações de exercícios, artigos, etc. – publicados no site crossfit.com. Apesar de ser uma prática metódica que demanda exercícios físicos com fins de condicionamento e saúde (parte da definição de esporte no dicionário), o fato de não possuir um sistema de federações faz com que em diversos países (como o Brasil) atletas e eventos não possam ser patrocinados com verba pública. Mas abre caminho para que empresas privadas assinem contatos com a matriz americana.

2. Por que é caro?

Entre as diversas opções de programas e formas de pagamento, o valor médio mensal em um box no Brasil gira em torno de R$ 300 a R$ 400 – bem mais caro que as grandes redes de academia, que hoje cobram a partir de R$ 90.

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Do lado dos proprietários, há custos fixos bastante comuns: aluguel do espaço, investimento em equipamentos, salários de funcionários e a taxa anual de afiliado, US$ 3 mil (cerca de R$ 11.700), pagos à CrossFit Inc. pelo uso do nome. Mas alguns instrutores ouvidos pela SUPER também agregam outo motivo: priorizar aulas com menos alunos (quatro alunos por treinador contra a média de 15) para aumentar a qualidade, um ingrediente que deve ser o diferencial para se manter vivo nos próximos anos.

E outo fator primordial: o aluno não pode (ou ao menos não deveria) treinar sem a supervisão do treinador, o que exige investimento em mão de obra qualificada por parte do dono do box.

Mas um iniciante não terá tantas despesas além da mensalidade, já que roupas esportivas confortáveis e um par de tênis adequado bastam para começar. Já se a ideia for se tornar atleta, obviamente investimentos com especialistas de outras áreas (médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, etc.) e demais gastos com viagens, por exemplo, vão aumentar essa conta.

3. Há um campeonato?

(Ostill/iStock)

Sim. Competições oficiais com “carimbo” CrossFit acontecem de forma regional e internacional. Vários boxes também organizam eventos locais próprios como forma de estímulo aos treinos e ferramenta de integração. A trajetória de atleta, no entanto, é uma escolha pessoal – até porque o alto rendimento (em qualquer prática) não é para qualquer um.

“Ao agir por excesso de empolgação, seja pessoal ou motivada por um treinador ruim, as pessoas têm se distanciado das raízes do CrossFit: promover atividade física com intuito de reabilitação e melhora na qualidade de vida”, observa Joel Fridman, sócio da CrossFit Brasil, primeiro box aberto no País, em 2009, ativo até hoje em São Paulo. Joel não é contra competições, pelo contrário. Ele já participou como competidor, prepara alunos e é organizador do Torneio da CrossFit Brasil (TCB), a mais tradicional competição nacional.

4. Qual benefício ele traz?

(Ostill/iStock)

Segundo a cartilha do CrossFit, um condicionamento físico completo que você nem imaginou que poderia alcançar. “O CrossFit veio para redefinir a preparação física, fugindo da monotonia da musculação tradicional, em um ambiente acolhedor, divertido e desafiador”, defende o crossfiter paulista Anderon Primo, 23, tetracampeão do TCB, que se define como um apaixonado pelo método. “A melhora no desempenho físico geral e o ganho de massa muscular acontecem de forma muito rápida em uma atividade intensa que te leva a novos limites do corpo e da mente”, completa Anderon, praticante assíduo há cinco anos, período em que trocou de vez os tatames de judô pelo CrossFit.

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5. Por que virou febre?

(coletivo oitentaedois/Superinteressante)

Por vários motivos. O primeiro é pessoal: no aspecto físico, o método realmente funciona, desde que bem aplicado. Mas, ainda que a prática e vários estudos acadêmicos comprovem sua eficácia, a carência de estudos de longo prazo é uma lacuna relevante.

O segundo motivo é coletivo: está ligado à sensação de pertencimento a uma comunidade. “As relações pessoais criadas no box são inspiradoras e compensadoras; todos realmente se incentivam, algo bem diferente da rede de academia de musculação com mais de 3 mil inscritos em que eu trabalhava antes”, diz Luís Miguel Ferreira, proprietário da CrossFit OPO, afiliada da cidade do Porto, no norte de Portugal.

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Aberto em 2013, o OPO é o segundo box do país, somando atualmente mais de 200 membros. E o terceiro motivo vem de um resgate histórico unindo as duas razões iniciais. As práticas esportivas têm suas raízes conectadas à ideia de sacrifício. Só que a explosão de modismos fitness nas últimas décadas abriu espaço a exercícios isolados, repetitivos e, muitas vezes, sem sentido prático – o grande motivo da preguiça geral em se mexer.

O CrossFit tem resgatado a funcionalidade e o ritual coletivo, o que o torna, mais facilmente, um hábito. Em suma, realizar algo muito intenso e difícil em grupo (como uma tribo) tende a fortalecer relações e a impulsionar novas experiências recompensadoras.

6. Mas será que eu aguento?

Vamos por partes:

1. Iniciantes começam com aulas experimentais e, dentro do próprio método, há adaptações (usam-se os termos scale ou scaling) para aliviar movimentos mais complexos, cargas, velocidade de execução, tempo de descanso, entre outros.

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2. Quem já pratica algum exercício tende a se sentir desafiado pelo CrossFit, e o engajamento é maior, segundo proprietários de boxes no Brasil; por outro lado, ainda que o CrossFit oficialmente apresente-se com o objetivo de diminuir o sedentarismo no mundo (sobretudo nos EUA, onde a taxa de obesos oscila perto dos 40%), cativar e manter pessoas sem prévio contato com atividades físicas é um caminho bem mais árduo, e depende, principalmente, da qualidade dos instrutores.

3. Para atingir o ponto em que a satisfação e o desejo de seguir adiante vencem as dores musculares é necessário ter paciência e persistência. Nem todos estão dispostos a isso. De uma forma ou de outra, especialistas recomendam exames prévios para quem está interessado em entrar de cabeça na brincadeira. “Atividades de alta intensidade alteram o sistema cardiovascular de várias maneiras, o que pode gerar benefícios à saúde ou ocasionar danos, dependendo do estímulo e das condições do indivíduo”, explica Hugo Thomé, cardiologista do Instituto do Coração (InCor-USP). “Se praticadas de forma inadequada, essas práticas podem desencadear alterações relevantes como insuficiência cardíaca. A alta intensidade dos treinos após longos períodos parece ser danosa às células do coração, chegando a se equiparar com um infarto. Quanto mais se quer performance, maior o risco.”

7. Posso usar como um complemento para meu esporte favorito?

Sim. Os ganhos biomecânicos proporcionados pelo CrossFit ajudam a melhorar a performance em outros esportes. Se esse é o objetivo, será preciso balancear bem os ciclos de esforço e repouso, inclusive aliviando os treinos dentro do box em alguns dias. “Adotei o CrossFit como preparação na época de jogador e percebi como foi eficaz. Ele me ajudou em termos de mobilidade e intensidade, além de trabalhar com a frequência cardíaca lá em cima”, conta Douglas Lorite Motta, ex-atleta de basquete 3×3, que defendeu o Brasil em cinco edições do World Tour e dois Mundiais. Douglas é o atual técnico da seleção brasileira na modalidade, que fará estreia nos Jogos Olímpicos em Tóquio 2020. Ele pretende usar o CrossFit com seus pupilos no ciclo rumo a uma vaga na Olimpíada.

8. Há risco de eu me machucar?

(coletivo oitentaedois/Superinteressante)

Sim. E este é um tema importantíssimo. De forma geral, para evitar lesões, é preciso contar com um treinador experiente e bem capacitado, que promova uma evolução gradual e que priorize a boa técnica. Há também outros ingredientes-chave, como descanso apropriado e alimentação adequada. “Tudo depende do bom senso dos dois lados; só que um garoto com seus 20 anos e testosterona a mil quer provar que pode fazer mais. Logo, é melhor deixar o treinador conduzir”, defende João Abreu, coach da CrossFit Brasil e praticante há seis anos. “A intensidade é importante, claro, mas ela só deve ser trabalhada depois de duas etapas anteriores: o aprendizado técnico (repertório e mecânica de movimentos) e a consistência técnica, ou seja, manter a qualidade por mais tempo, mesmo com o desgaste”, completa.

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