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Muito mais do que efeitos especiais

Com muito dinheiro e muita inovação, Hollywood está pronta para levar às telas uma nova série de filmes baseados em tecnologias revolucionárias

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h46 - Publicado em 11 mar 2011, 22h00

Texto: Luiz Felipe do Vale Tavares

Há tempos o cinema estava nos devendo algo diferente, que impressionasse de verdade. Não entenda mal, filmes recheados de efeitos especiais têm saído às dúzias. Mas costuma ser um troço meio gratuito: efeito especial tão somente como… efeito especial. O grande trunfo de Avatar foi manter milhares de efeitos especiais em cada cena e, mesmo assim, não tirar o foco do principal: a história. Quando bem utilizados, os efeitos devem completar a experiência, não estragá-la. (Ouviu, George Lucas?)

Bem, como James Cameron chegou lá? Adoraria dizer que tem uma fórmula mágica, mas os segredos são os mesmos de sempre: muito suor e muita grana.

Só para termos uma ideia da magnitude do projeto, as duas maiores casas de técnicos de efeitos especiais tiveram de ser contratadas para dar conta do recado. De início, Cameron contratou os serviços da hoje mais inovadora empresa especializada em efeitos especiais, a Weta Digital, criada por Peter Jackson e que deixou o mundo todo maravilhado com a qualidade técnica dos efeitos da trilogia O Senhor dos Anéis.

A Weta foi responsável por quase todos os efeitos especiais, desde a renderização dos Na’vi até todo o macrocosmo da lua Pandora.

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No entanto, com o prolongamento da produção e do tempo de projeção do filme, 40 minutos além do esperado, somado à data da estreia cada vez mais próxima, não restou alternativa a Cameron senão contratar outra casa especializada para ajudar na conclusão do projeto, a Industrial Light & Magic, criada por George Lucas.

A ILM ficou responsável pela renderização (termo usado para descrever a transmutação que o computador faz de um monte de uns e zeros numa imagem fotorrealista) dos veículos terrestres e aéreos utilizados principalmente na batalha final do filme. Foi a primeira vez que essas duas empresas concorrentes trabalharam em conjunto para terminar um filme.

Sobre a grana torrada na produção, dizem os boatos que o filme custou aproximadamente US$ 300 milhões, sendo boa parte dessa fortuna usada para os efeitos especiais e desenvolvimento de novas tecnologias. É uma soma astronômica, mas certamente o estúdio investiu prevendo alto retorno em razão não só das bilheterias mas principalmente das licenças de uso das novas tecnologias. Muita gente vai querer copiar Avatar para ir na esteira do sucesso. Assim, no fundo, essa quantia nada mais é do que um investimento com lucro certo.

Atores azuis com rabo?

A mais intrigante das conquistas de Avatar, em termos de efeitos visuais, é a qualidade fotorrealista de seus personagens digitais. É difícil acreditar que os Na’vi não sejam mesmo reais e não estejam ali naquela cena. Como foi possível?

A tecnologia atende pelo nome de motion capture, “captura de movimento”. Ela funciona da seguinte maneira: os atores são filmados interpretando seus perso-nagens digitais em um grande estúdio, chamado de “o volume”. Em vez de usarem figurino ou maquiagem, eles são “adornados” com centenas de pontos luminosos espalhados pelo corpo e, principalmente, pelo rosto, para captura de todos os movimentos corpóreos e as nuances das expressões. Câmeras especiais, projetadas para captar os pontos luminosos, são espalhadas por todos os lados do estúdio, inclusive no teto. Depois que tudo é filmado, os vídeos dos mesmos pontinhos filmados em trocentos ângulos diferentes são enviados para um supercomputador, que “mastiga” todos os dados para criar uma interpretação tridimensional de onde estava cada um daqueles pontos luminosos. A cada pontinho no ator corresponde um pontinho no “boneco” do personagem digital. É assim que, no final, sairá um ET azul de 3 metros com rabo.

Essa foi a mesma técnica usada, por exemplo, para criar Gollum, em O Senhor dos Anéis. Mas Avatar levou a coisa ao nível seguinte. Um dos diferenciais usados foi uma “pré-mastigação” dos dados em tempo real. Ela possibilitava renderizar os personagens digitais e os ambientes nos monitores que a equipe de produção utilizava para conferir as cenas à medida que eram filmadas. Isso garantiu precisão durante as filmagens, sem a necessidade de muitos retoques na pós-produção.

Mas que ninguém se engane ao achar que o trabalho termina por aí. A captura de movimento, sozinha, não faz milagres, pois todo o processo também envolve as aptas mãos dos artesãos digitais, que, por meio do computador, criam o restante da ilusão. A chave para a criação de um personagem digital realista está nos olhos. Os olhos humanos são muito expressivos, mas essa expressão se dá de maneira muito sutil, difícil de ser captada, não importando a quantidade de ponti-nhos luminosos que você ponha na cara do sujeito.

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Em Avatar, pode-se constatar o cuidado que os técnicos tiveram para driblar isso. Os Na’vi têm grandes e expressivos olhos, que transmitem vida e emoções.

Dublês de mentira

Não é mesmo moleza tentar reproduzir uma cria-tura que demonstre emoções humanas. Mas mais difícil ainda é enganar uma plateia humana, acostumada a observar humanos, quando os cineastas tentam criar personagens digitais que são, para todos os efeitos, gente como a gente.

Pode parecer um esforço estúpido tentar recriar um ser humano no computador, uma vez que é bem mais fácil simplesmente filmá-lo. Agora, pergunte se alguém quer ser filmado caindo de uma altura de vários metros, se estatelando no chão e sendo pisoteado em seguida por um estouro de elefantes, tudo na mesma cena, sem cortes. Pois é, para alguns serviços, uma réplica humana digital vem bem a calhar.

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Esses chamados dublês digitais já estão por aí, no cinema, há alguns anos. Mas muitas vezes o serviço dos magos de efeitos visuais acaba facilitado pelas circunstâncias. Os técnicos ficam aliviados, por exemplo, quando têm de renderizar um Homem-Aranha, um Homem de Ferro ou um Batman, pois as fantasias ocultam as partes humanas mais difíceis de reproduzir. Quando é um sujeito de cara limpa que precisa ser retratado, a coisa fica feia. Literalmente.

Avatar usa muito esse recurso, mas sabiamente relegado ao segundo plano, como, por exemplo, para os ocupantes dos veículos terrestres e aéreos vistos de longa distância. Mas é interessante notar no filme que esse limite entre o humano real e o digital está cada vez mais tênue, pois as transições em cena são tão sutis que apenas quem tem olhos clínicos para esses efeitos consegue fazer a distinção.

Um universo na tela

Nunca o cinema viu a criação de um mundo tão completo e surpreendente como o de Pandora. O desenho de produção, trazido à vida pelos técnicos de efeitos especiais, é prodigioso.

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A Terra-Média de O Senhor dos Anéis foi um louvor de técnica, por misturar elementos de verdade com outros artificiais, para reproduzir com espantosa perfeição o mundo criado por J.R.R. Tolkien. Mas Avatar representa uma evolução, pois em Pandora tudo é novo e artificialmente construído. Montanhas flutuantes, árvores gigantescas, dragões voadores, criaturas monstruosas, plantas exóticas e tudo mais.

Essa mistureba generalizada pode parecer forçada e pouco convincente no papel, mas, na tela, com todos os avanços técnicos, é ver para crer. Por ter reunido todos esses avanços de efeitos visuais num só filme, Avatar certamente já virou referência na história do cinema.

 

 

 

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