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Siga aquele óvni!

Pilotos de avião são testemunhas privilegiadas de objetos misteriosos que cruzam os céus. Foram seus relatos que deram início à era moderna dos discos voadores

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 Maio 2005, 22h00

Lia Hama

Era uma tarde ensolarada no dia 24 de junho de 1947. O comerciante Kenneth Arnold pilotava seu monomotor a uma altura de 3 mil metros, acima das montanhas Cascade, em Washington, nos Estados Unidos. Arnold admirava a paisagem tranqüilamente quando, de repente, viu um clarão branco-azulado no céu. Achou que fosse alguma explosão. Segundos depois, viu nove objetos cintilantes em forma de disco que passaram raspando sobre o topo das montanhas a uma velocidade depois estimada em 2 700 quilômetros por hora – quase três vezes mais rápido que qualquer jato da época. Mais tarde, ao relatar o episódio a um jornalista, Arnold afirmou que os objetos “voavam como um disco deslizando sobre a água”. Pronto! Estava cunhado o termo “disco voador”. Mais do que isso: fora dada a largada para a era moderna dos óvnis (objetos voadores não-identificados).

O termo óvni (do inglês ufo – unidentified flying object), largamente utilizado hoje, é relativamente recente. Foi criado pela Força Aérea dos Estados Unidos no início dos anos 50, em meio aos milhares de relatos de avistamentos que passaram a pipocar em todo o território americano desde o incidente de Washington, em 1947. O termo se refere a qualquer objeto extraordinário, em vôo ou pousado, que o observador não consiga identificar. Após investigação, 90% dos casos são solucionados. Em geral, trata-se de aviões em treinamento, balões meteorológicos, planetas, cometas, meteoros ou até mesmo fenômenos atmosféricos que pouca gente conhece, como formações incomuns de nuvens e alguns tipos de relâmpagos. O grande mistério, no entanto, reside nos 10% de casos que permanecem sem explicação. Para os céticos, isso acontece pela insuficiência de dados ou simplesmente porque a ciência ainda não encontrou explicações plausíveis para aqueles fenômenos, o que não significa que eles tenham origem extraterrestre. Para os que acreditam em discos voadores, esses 10% seriam provas cabais da existência de vida em outros planetas.

Os casos de avistamento de óvnis são muito comuns entre pilotos de avião. Normalmente, as testemunhas descrevem objetos ou luzes misteriosas que riscam o céu numa velocidade muito maior que a das aeronaves conhecidas. Sozinhas ou em bandos, elas fazem inúmeras manobras arriscadas e desaparecem rapidamente, sem deixar vestígios. Um dos casos clássicos é o dos Foo Fighters (algo como “aviões caça-fantasmas”). Durante a Segunda Guerra Mundial, pilotos americanos relataram ter observado bolas luminosas e coloridas que surgiam do nada e pareciam perseguir seus aviões. A essas luzes, algumas vermelhas, outras laranjas e brancas, que piscavam como luzes de árvores de natal, eles deram o nome de Foo Fighters. Os americanos achavam que eram armas secretas dos países do Eixo. Curiosamente, os pilotos alemães relataram a mesma coisa – e pensavam que fossem armadilhas dos Aliados. Na explicação de alguns ufólogos, tratava-se na verdade de naves extraterrestres com a missão de espionar as operações militares na Terra. Para os céticos, no entanto, os Foo Fighters nada mais eram do que um fenômeno atmosférico conhecido como “fogo-de-santelmo”, uma chama que surge no céu por causa da eletricidade atmosférica.

PERSEGUIÇÃO FATAL

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Um dos casos de avistamento mais trágicos nos anais da ufologia é o do piloto americano Thomas Mantell, morto em 7 de janeiro de 1948. Até aquela data o público via os óvnis como algo fascinante, porém inofensivo. Com a morte do jovem piloto durante perseguição a um óvni, um novo elemento passou a compor o cenário: talvez os supostos visitantes não fossem exatamente pacíficos como imaginavam os terráqueos. O incidente começou ao anoitecer no estado americano de Kentucky. Diversas pessoas afirmaram ter visto um estranho objeto riscando o céu a alta velocidade. Entre os observadores estavam operadores da torre e o comandante da base aérea de Godman. Quatro caças Mustang F-51, da Guarda Aérea Nacional, estavam se preparando para aterrissar quando receberam instruções para averiguar o que era aquilo no céu. Um avião voltou à base porque estava sem combustível. Outros dois interromperam a perseguição na metade. Só Mantell prosseguiu em direção ao objeto. “Vou subir a 6 mil metros e, se não conseguir me aproximar, volto para a base”, avisou. Foram suas últimas palavras. Horas mais tarde, seu corpo seria encontrado entre destroços do F-51 na terra.

A conclusão da investigação feita pela Aeronáutica foi que Mantell perdera os sentidos a 6 mil metros do solo por causa da falta de oxigênio. Seu avião simplesmente rodopiara até cair no solo. O objeto que atraíra o piloto à morte teria sido o planeta Vênus brilhando no céu. No entanto, pelos cálculos feitos por outros pesquisadores – levando em conta a posição de Mantell quando foi contatado pela última vez e a posição de Vênus –, isso teria sido impossível. Mais tarde, foi relatado que a Marinha desenvolvia pesquisas de grande altitude naquela região num projeto chamado Skyhook. Mantell teria perseguido um dos balões de pesquisa do projeto. O caso, no entanto, permanece sem conclusão – uma incerteza, aliás, típica em relatos de avistamento. Para os que crêem em discos voadores, não há dúvidas: o avião de Mantell foi abatido por uma nave alienígena e o governo americano estaria tentando encobrir o caso para não causar pânico na população.

Outro caso célebre de avistamento por piloto ocorreu em novembro de 1986, quando a tripulação de um avião da Japan Airlines observou três óvnis sobre o Alasca. A história ganhou notoriedade porque a Aeronáutica americana anunciou que investigaria o incidente, já que um objeto não-identificado fora detectado no radar do controle de tráfego aéreo do Alasca. O capitão da aeronave, o japonês Tenju Terauchi, um piloto com centenas de horas de vôo, deu inúmeras entrevistas contando o que vira. Mais tarde, ele foi afastado do cargo, aparentemente por sua indiscrição no caso. Até hoje o mistério não foi esclarecido.

Aliens bíblicos

Para ufólogos, o Velho Testamento já trazia a descrição de uma nave extraterrestre

Para muitos ufólogos, os relatos de discos voadores são tão antigos que eles aparecem até na Bíblia. A estrela de Belém (que guiou os três magos ao menino Jesus), por exemplo, seria um disco voador. Outro caso teria sido testemunhado pelo profeta Ezequiel, em 593 a.C. No Velho Testamento, ele descreve uma carroça de rodas de fogo que teria descido dos céus. A carroça teria quatro animais com asas que se moviam em conjunto. Acima dos animais havia uma espécie de divindade ardente, “de metal brilhante, com aspecto de fogo”, cercada por um halo resplandecente. No livro Eram os Deuses Astronautas?, publicado em 1968, o escritor suíço Erich von Däniken afirma que Ezequiel testemunhou, na verdade, a chegada de uma nave espacial. O relato seria uma prova de que a Terra tem sido visitada por alienígenas desde tempos remotos. Os indícios estariam espalhados por todo o planeta. Segundo o escritor, obras colossais, como os moais da ilha de Páscoa e as pirâmides do Egito, só poderiam ter sido executadas com a ajuda de visitantes tecnologicamente mais desenvolvidos, ou seja, por seres extraterrestres. Logo surgiram críticas a Däniken. Uma delas veio do engenheiro austríaco Josef Blumrich, da Nasa, a agência espacial americana. Blumrich estava disposto a derrubar a idéia de Däniken, mostrando que, do ponto de vista da engenharia, uma nave com as descrições de Ezequiel não se sustentaria. Para sua surpresa, no entanto, após uma série de estudos, ele constatou que a descrição poderia corresponder a um módulo de aterrissagem lançado por uma nave-mãe (que seria a tal divindade resplandecente metálica descrita pelo profeta). Para Blumrich, os quatro “animais” talvez fossem quatro conjuntos de engrenagens de pouso, cada um munido de uma roda para manobras em terra. As “asas” poderiam ser hélices de helicóptero, usadas para o posicionamento final, antes de tocar o solo, com a propulsão fornecida por um motor de foguete situado no corpo da nave. Nem todo mundo, no entanto, aceitou as hipóteses de Blumrich. A explicação de outros cientistas é que, provavelmente, Ezequiel testemunhou um fenômeno meteorológico complexo e raro chamado parélio – uma mancha luminosa e colorida formada pela refração da luz solar através de pequenos cristais de gelo em suspensão na atmosfera.

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