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Via Láctea: Um buraco negro no meio de tudo

Um mapa detalhado do centro da nossa galáxia, a Via Láctea, sugere que lá se esconde um gigantesco buraco negro, o astro mais denso que pode existir no Universo. Não há certeza, mas as evidências recentes indicam que ele existe mesmo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 dez 1995, 22h00

Flávio Dieguez

Situado na periferia da Via Láctea, o Sol é uma estrela relativamente solitária. Num raio de 4 anos-luz não há nenhuma outra estrela além dele. Em comparação, a região central da galáxia parece um vespeiro, um lugar apertado e violento, repleto de matéria e energia. Lá, num espaço equivalente ao que cerca o Sol (quase 40 trilhões de quilômetros), existe não uma, mas pelo menos 1 milhão de estrelas. Foi por isso, em parte, que há pouco mais de vinte anos a comunidade astronômica aceitou bem a sugestão inusitada de dois cientistas ingleses, Donald Lynden-Bell e Martin Rees. Em 1971, observando o brilho que vem do coração da galáxia, eles propuseram a idéia de que ali reside um monstro: um buraco negro gigante.

Para se ter uma idéia, o estranho astro concentraria a massa de 1 milhão de sóis. E num volume incrivelmente pequeno, no qual, em condições normais, caberiam somente quatro sóis e meio! Por causa dessa característica, a força gravitacional dos buracos negros fica concentrada de maneira absurda. A tal ponto que nem a luz, a coisa mais rápida que existe, pode escapar de sua superfície. Ainda mais grave é a situação das estrelas muito próximas – elas tendem a ser simplesmente destroçadas pelo buraco negro. Depois disso, sua matéria seria engolida por ele, gerando a energia luminosa que se vê no centro galáctico. Essa tese é plausível justamente devido ao grande número de estrelas existentes por lá. Estima-se que há pelo menos 300 astros numa vizinhança perigosa da superconcentração gravitacional.

“As observações mais recentes indicam que o buraco negro esmaga e engole os destroços de uma ou duas estrelas por ano”, disse à SUPER por telefone o radioastrônomo americano Farhad Yusef-Zadeh, da Universidade do Noroeste, em Illinois, Estados Unidos. Há anos ele tenta associar a matéria das estrelas ao objeto central da Via Láctea.

A evidência vem do gás interestelar

O astrônomo Yusef-Zadeh explica que não dá para dizer com segurança se a esfera negra existe realmente. “Mas na minha opinião os sinais de sua presença são muito fortes.” No início deste ano, o cientista americano usou as pistas mais importantes já coletadas para montar um mapa detalhado do coração da galáxia (veja o infográfico ao lado). O indício decisivo são os movimentos alucinantes de gases, que ficam rodopiando no centro galáctico. É provável que a matéria gasosa venha das estrelas partidas pela esfera negra.

Observações feitas no final do ano passado comprovam que há um grande grupo de estrelas gigantes muito perto do centro. O grupo pode ser o “rebanho” que alimenta a fera. O gás é arrancado pela força do buraco e despenca para o seu interior numa vasta espiral, atingindo temperaturas da ordem de milhões de graus Celsius. Por isso, brilha com grande intensidade. O jorro de luz é tão forte que uma parte da matéria, em vez de ser arrastada para o buraco, é soprada para longe.

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O problema, agora, é identificar o próprio buraco negro, que não emite luz. Todo o seu brilho sai da nuvem à sua volta. Mas ela fica o tempo todo escondida pelas massas de estrelas e pela poeira de átomos que existem entre o centro da Via Láctea e a Terra. Só duas formas de luz, as ondas de rádio e os raios infravermelhos, passam com mais facilidade pelos obstáculos. Por essa razão, é grande a expectativa em torno de um novo telescópio de raios infravermelhos, o I, lançado pela Comunidade Européia no início de novembro. Dois dias depois, ele já estava em ação, contou à SUPER o brasileiro José Antônio de Freitas Pacheco, atualmente diretor do Observatório de Nice, perto de Paris. “O I certamente vai espiar o centro da galáxia e pode resolver de vez o enigma que existe por lá.”

Com violência no coração

Estrelas destroçadas ou varridas por jatos de luz são os indícios de que há um buraco negro gigante no centro da Via Láctea. Veja neste infográfico o que já foi possível descobrir sobre a região

Sopro de luz

Dados do final do ano passado confirmam que estas estrelas, a cerca de 10 trilhões de quilômetros do centro, estão sendo varridas por um vento de partículas e luz fortíssima. Um efeito indreto da energia do buraco negro

Gigantes torturadas

Estrelas que estaria perto o bastante para serem não apenas atraidas, mas “rasgadas” pela força do monstro, do qual estariam a 1 trilhão de quilômetros. O que se observa com certeza é a grande velocidade do gás que parace estar despencando para o centro.

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Surpermassa

Pelos movimentos rápidos das estrelas e nuvens de gás próximas, estima-se que no centro galáctico exista um objeto cuja massa seria 1 milhão de vezes maior que a do Sol.

Vórtice luminoso

Antes de cair no buraco negro, o gás arrancado de estrelas próximas gira com velocidade próxima à da luz e temperatura superior a 100 000 graus Celsius. O próprio buraco negro não tem brilho. Sua luz vem desta espiral de gás.

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