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Existem outros sistemas planetários além do nosso?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 13 nov 2009, 22h00

Desde o começo dos tempos, nada foi capaz de atiçar tanto a curiosidade dos homens como os enigmas do espaço sideral e sua relação com esta nossa Terra. Por milhares de anos, o estudo Fo firmamento manteve-se entrelaçado a tradições religiosas. Só a partir do século XVI os aspectos puramente científicos da Astronomia passaram a distinguir-se das variadas formas de misticismo. Com o desenvolvimento dos meios de observação do espaço foram se estabelecendo os conhecimentos básicos a respeito do sistema solar e da galáxia que faz parte. A era das viagens espaciais, enfim, começa a revelar a imensa diversidade do nosso sistema planetário. E dá vida a uma velha dúvida: ele é único?

Carl Sagan, renomado astrofísico da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, reuniu num disco as informações mais importantes sobre o homem e o enviou para fora do programa espacial norte-americano. Ele tem esperança de que algum deles chegará, um dia, às mãos de alguma espécie de seres inteligentes, em qualquer parte do Universo. Outros cientistas se mostram mais cautelosos. Investigações recentes demonstram que as possibilidade de existência de vida em outros planetas são mais remotas do que sempre se supôs. Sob esse aspecto, a Terra é realmente um caso excepcional, um corpo espacial em condições especiais para vida.

No dia 18 de outubro de 1967 pela primeira vez uma sonda espacial, enviada pela União Soviética, atingiu a atmosfera de Vênus. Mal chegou, e se interromperam todas as comunicações com a Terra. Dois anos mais tarde duas outras sondas russas voltaram a se aproximar daquele planeta. E tudo se repetiu: as comunicações foram interrompidas. As poucas informações que ainda puderam chegar, no entanto, coincidiam plenamente com as anteriores. E assim ficou estabelecido que a pressão atmosférica, em Vênus, é tão grande que simplesmente destroçou as naves que lá chegaram.

Os russos construíram outra nave, a Vênus VII, super-reforçada, que por fim conseguiu aterrissar (ou seria avenusar?) intacta. E confirmou: na superfície de Vênus a temperatura é de 490 graus centígrados e a pressão, de 90 atmosferas, semelhante à que se encontra sob o mar, a Terra, a novecentos metros de profundidade. Impossível qualquer espécie de vida nessas condições adversas.

Se é assim nesse vizinho, pior ainda é nos planetas mais distantes. Mercúrio, o mais próximo do Sol, é um inferno de calor: os gigantes Júpiter e Saturno se compõem principalmente de hidrogênio e hélio, tal como Urano e Netuno; de Plutão, finalmente, o mais distante de todos, não se conhece praticamente nada.

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Podemos dar como certo, portanto, que não há vida no sistema solar, além de que existe na Terra. Mas haverá, em algum outro ponto do Universo infinito, girando em torno de outra estrela semelhante ao nosso Sol, um conjunto de planetas igual ao nosso? E se houver, não poderá existir dentro dele um onde se reproduzam as condições propícias à vida que se encontram na Terra? Este é um dos muitos problemas ainda não resolvidos em Astronomia: das centenas de bilhões de estrelas espalhadas apenas pela Via Láctea, não se pode esperar que pelo menos em alguma delas aglomerados menores de matéria tenham se condensado para formar planetas?

Já não se discute a existência da vida, mas simplesmente a de planetas com os que conhecemos, ao redor do Sol, onde ela poderia eventualmente surgir, como surgiu na Terra. Se existirem muitos outros sistemas planetários, é claro que maiores serão as possibilidades de que aquelas condições especiais tenham se reproduzido. A compreensão da origem não apenas da vida, mas do próprio Universo, exige o estudo desses possíveis sistemas planetários, ainda em fases distintas no seu processo de formação, alguns recém-criados, girando ao redor de estrelas jovens; outros, ao contrario, já maduros, quem sabe muito mais velhos que o nosso. Mas como será possível?

Os planetas, sabemos todos, não emitem luz própria. A luz da estrela mais próxima, que os mantêm atrelados, acabaria por ofuscar a débil claridade por eles apenas refletida. O contato visual direto, portanto, está excluído de nossas cogitações. Mas há outras formas de chegar até eles. Suas radiações infravermelhas, por exemplo. Mas há ainda melhor. Um grande planeta exerce uma atração gravitacional sobre a estrela em redor da qual realiza suas evoluções. Visualmente ele pode permanecer invisível, mas essa sua influencia sobre a estrela visível será fácil de perceber. Astrônomos que se dedicaram ao estudo da estrela Van Biesbroek 8, bem jovem, muito vermelha, distante da Terra cerca de 21anos-luz, relataram a existência de movimentos e oscilações periódicas em sua trajetória. É possível que elas sejam provocadas pela presença de algum corpo grande e próximo, embora invisível.

Essas descobertas são apenas uma amostra do que está por vir. Podemos acreditar que num futuro bem próximo nossa tecnologia tornará possível a investigação direta pelo menos em torno das estrelas mais próximas. Poderemos então sair a procurar planetas nas proximidades cósmicas da Terra.

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Procurar planetas significará procurar vida. Pesquisas recentes demonstram que foi necessária uma quase infindável seqüência de casualidades para que os seres vivos pudessem aparecer na face do nosso planeta – e outra para que ela evoluísse, de forma mais ou menos acelerada, até chegar aos estágios que hoje conhecemos. É possível, é mesmo provável que no meio desses bilhões e bilhões de estrelas que brilham no firmamento haja muitas que tenham reproduzido as condições necessárias para a formação de sistemas planetários. Mas terão ali se reproduzido aquelas outras condições necessárias para que se criasse a vida, num primeiro momento, e se desenvolvesse em seguida até chegar à inteligência?

Nas condições atuais do conhecimento cientifico e da capacidade de investigação de que dispomos, o mais seguro será afirmar que a vida, tal como a conhecemos, só existe na Terra. Mas as probabilidades matemáticas de que não seja assim, de que seres inteligentes e de grande capacidade mental vivam em algum ponto infinitamente longe do Universo, são tentadoras. Entrar em contato com eles, porém, será outra questão. As distancias que será preciso percorrer, no Cosmos, são incalculáveis. Falar em pontos quaisquer do Universo onde possa haver vida é simples; chegar lá é mais difícil. A simples noticia da existência de uma civilização aqui perto – cosmicamente falando, é claro -, digamos cem mil anos-luz, levaria cem mil anos para chegar até nós. Quando chegasse, é bem possível que estivesse destruída aquela civilização, ou quem sabe a nossa, aqui na Terra.

Deixamos, por isso, a questão da procura da vida para o futuro distante. Mesmo uma resposta segura para o problema da existência de outros sistemas planetários ainda está nos primeiros passos. Estamos apenas no limiar de uma nova era na observação e na pesquisa astronômicas e por enquanto só podemos imaginar, para um futuro talvez próximo, a descoberta de inúmeros sistemas planetários semelhantes ao nosso, alguns distantes apenas poucos anos-luz. Será então natural pensar em visitá-los. Mesmo atualmente, quando nossa tecnologia é ainda incipiente, quatro naves especiais – Pioneer 10 e 11, Voyager 1 e 2, todas americanas – seguem para além do nosso sistema solar. A Pioneer 10, lançada em 1972, cruzou a órbita de Plutão, o mais distante dos planetas conhecidos do sistema solar, em junho de 1983. Tais espaçonaves, as mais velozes já produzidas pelo homem, são irritantemente lentas na escala das distâncias cósmicas. Levarão dezenas de milhares de anos para alcançar mesmo as estrelas mais próximas. Quando essa limitação for superara – o que podemos considerar apenas uma questão de tempo, embora longo -, uma nova e inesgotável aventura estará ao alcance da espécie humana, ainda maravilhada, como nos tempos primitivos com os enigmas do Universo.

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