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Júpiter nu: descoberto núcleo de planeta gasoso sem nenhum gás em volta

Esse "caroço" cósmico tem 40 vezes a massa da Terra – uma anomalia que fornecerá informações importante sobre a formação de gigantes gasosos.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 ago 2022, 13h38 - Publicado em 6 jul 2020, 15h36

Que Júpiter é uma bola de gás gigante, todo mundo já sabe. Mas e se alguém caísse em Júpiter, o que aconteceria? Será que o planeta é gasoso até o miolo – e conforme o pobre paraquedista se aproximasse do centro, a pressão atmosférica simplesmente aumentaria até esmagá-lo? Ou será que, após alguns milhares de quilômetros atravessando um macio colchão de nuvens tóxicas, nossa corajosa pessoa cadente bateria um uma superfície rígida?

Em outras palavras, será que Júpiter tem um núcleo sólido – uma bola de rocha similar à Terra (e maior que a Terra) em seu miolo? Ou será que seu caroço é composto de alguma bizarrice além da nossa imaginação? Um bom candidato seria hidrogênio metálico. Calcula-se que o elemento mais leve da tabela periódica – que em pressões e temperaturas amenas se comporta como um gás indefeso – exiba propriedades de metal sob o equivalente a 250 mil atmosferas terrestres. Eis um bom candidato a núcleo de Júpiter.

(Corajoso da parte do hidrogênio, já que você não exibiria propriedade alguma sob tão pressão – a verdade é que qualquer ser humano deixaria de existir quase instantaneamente se caísse em Júpiter.)

O fato é que só podemos sondar o interior de Júpiter de maneira indireta. O que torna difícil confirmar qualquer uma das hipóteses mencionadas acima. Não seria incrível se pudéssemos assoprar todo o gás do planeta para longe – e dar uma espiada lá no meio?

Bem, agora podemos. Astrônomos encontraram um Júpiter nu: o exoplaneta TOI-849b, localizado na órbita de uma estrela similar ao Sol a 730 anos-luz da Terra (uma distância modesta para os padrões da Via Láctea, que tem no mínimo 100 mil anos-luz de diâmetro). Os resultados foram publicados na Nature

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As observações realizadas com o instrumento HARPS no observatório Las Sillas, no Chile, indicam que TOI-849b é um corpo rochoso extremamente quente com 40 vezes a massa da Terra, algo que até pensava-se ser francamente impossível. Seu diâmetro é 85% o de Netuno, com a diferença que Netuno é gasoso, enquanto TOI-849b é inteiramente sólido. Como se fosse um caroço de Júpiter, sem o gás em volta.

Um naco de rocha desse porte, em condições normais, teria atraído um bocado de gás para si, e se tornado ainda maior que os gigantes gasosos do Sistema Solar. Estima-se que, quando um planeta supera a barreira de dez vezes a massa da Terra, ele entra em um ciclo vicioso de atração de gás. Quanto maior a semente, maior o resultado final. 

Mas TOI-849b não tem atmosfera, é apenas um núcleo em potencial, que não vingou. É possível que ele jamais tenha tido a chance de acumular gás – talvez por ter se formado tarde em relação a seus vizinhos, em uma época em que já não havia mais tanta matéria-prima disponível para atrair com seu campo gravitacional.

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Mas também é possível que ele já tenha sido um gigante gasoso, mas tenha perdido seu gás após algum evento traumático (como um choque com outro corpo rochoso de grande porte, que ao mesmo tempo teria expulsado sua atmosfera e fornecido matéria-prima para engordá-lo). 

Qualquer uma das hipóteses é fascinante – a descoberta de TOI-849b pode revolucionar tanto nossos conhecimentos sobre Júpiter quanto a busca por estrelas na órbita de outros planetas – que fornece exemplos cada vez mais ricos da estranheza do Universo. 

 

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