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A história do presidente que governou o México por apenas 45 minutos

Em um dos desdobramentos da Revolução Mexicana, Pedro Lascuráin fez uma manobra política para que um general assumisse o poder. Entenda.

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 18 nov 2020, 18h27 - Publicado em 18 nov 2020, 18h17

Pedro Lascuráin Paredes levou uma vida tranquila até o início do século 20. Nascido em 1858 na região central da Cidade do México, veio de uma família rica e religiosa. Cursou direito e, em 1910, tornou-se prefeito da cidade.

A partir daí, a pacata vida de Lascuráin mudou completamente. Ele esteve envolvido em conspirações políticas, ajudou a dar um golpe de Estado e, no meio disso, tornou-se o presidente mais breve da história, com uma “carreira” de apenas 45 minutos.

Essa história começa quando Lascuráin ainda era prefeito da Cidade do México e apoiava Francisco I. Madero, candidato à presidência que lutava contra Porfirio Díaz, um ditador no poder desde 1876 e que havia ampliado a desigualdade no México.

Em 1910, porém, os problemas sociais e as fraudes eleitorais eram tão visíveis que a vitória de Díaz não durou muito. Madero, que havia sido preso por ele, conseguiu organizar uma revolta popular que depôs Díaz, no que ficou conhecido como Revolução Mexicana.

Madero, então, assumiu a presidência. Pelo apoio, Lascuráin virou ministro das Relações Exteriores. Além da importância, o cargo fazia parte da linha sucessória do país: caso algo acontecesse com o presidente e o seu vice, Lascuráin tomaria o poder. E foi aí que a coisa degringolou.

Presidente-relâmpago

Victoriano Huerta era um general mexicano que, durante a revolução, ajudou a controlar rebeliões contra Madero. Com o passar dos anos, e descontente com o resultado das manifestações, Huerta mudou de lado. O militar se juntou a Félix Díaz, sobrinho de Porfirio, e começou a articular um golpe de Estado.

Huerta também tinha o apoio de Henry Lane Wilson, embaixador dos EUA. Ele não gostava de Madero e queria que o México estivesse sob um novo regime. Nessa época, vale dizer, os EUA tinham como plano de política externa tornar a América Latina (sobretudo a América Central) uma área sob forte influência do país. Esse modelo de diplomacia, que se intensificara no governo de Theodore Roosevelt (1901-1909), ficou conhecido como “Big Stick” (“grande porrete”).

Como responsável pelas relações exteriores, Lascuráin mantinha contato frequente com Wilson. Huerta, então, convenceu o político a ajudá-lo a derrubar Madero. Enquanto o golpe se costurava nos bastidores, Huerta e Díaz encenaram uma revolta nas ruas do México – a ideia era causar a impressão de que a população estava insatisfeita com o atual presidente.

A situação, contudo, agravou-se com o tempo. Com o país à beira de uma guerra civil, Madero conversou com Lascuráin, que passou a representar Huerta, sobre os termos para a sua renúncia, que incluíam garantir sua segurança e a do vice-presidente José María Suárez.

Lascuráin garantiu que nada aconteceria a eles, que sairíam do país após a renúncia, em 19 de fevereiro de 1913. Sem Madero, nem Suárez, ele assumiu a presidência do México.

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Mas não deu tempo sequer de esquentar a cadeira. Ao tomar posse, Lascuráin nomeou Huerta como ministro do seu gabinete, o que, dada a situação, colocava-o como o sucessor à presidência. Depois, fez um discurso elogioso aos militares e, por fim, renunciou. Tudo isso levou 45 minutos – fontes, ainda, citam números que variam de 15 a 56.

Pelas revoltas populares, o conflito armado entre rebeldes e governo e o golpe de Estado, o período de 9 a 19 de fevereiro daquele ano ficou conhecido na história mexicana como “La Decena Trágica” (“Os Dez Dias Trágicos”). A coisa não melhorou depois, já que Huerta não honrou o acordo e ordenou que Madero e Suárez fossem mortos poucos dias depois. O general comandou o país até 1914, quando uma rebelião forçou seu exílio.

Já Lascuráin viveu numa boa. Depois de se aposentar como político, dirigiu uma faculdade de direito na Cidade do México e morreu em 1952, aos 96 anos. Uma última curiosidade: ele era neto de Mariano Paredes y Arrillaga, um militar conservador que também foi presidente do país por bem pouco tempo, janeiro a julho de 1846. No quesito rapidez, superou o avô.

 

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