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Pesquisadores decifram a Máquina de Anticítera, o computador mais antigo do mundo

Encontrado em 1901 em um naufrágio da era romana, esse sofisticado e misterioso mecanismo era usado pelos gregos para prever o movimento dos astros. Agora sabemos como ele funcionava.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 4 jul 2023, 11h34 - Publicado em 18 mar 2021, 19h47

Uma equipe de cientistas reconstruiu digitalmente a Máquina de Anticítera, um sofisticado mecanismo com 2 mil anos de idade que é considerado o primeiro computador analógico da história. Os pesquisadores acreditam que ter desvendado com clareza como o misterioso artefato era usado pelos gregos na Antiguidade para observar o céu e prever fenômenos astronômicos como eclipses.

O artefato de bronze foi encontrado em 1901 na Grécia, em um naufrágio no leito do Mediterrâneo que data da era do Império Romano. Apenas alguns fragmentos resistiram ao tempo e à corrosão, mas foram suficientes para que os arqueólogos, ao longo das décadas, entendessem que o objeto era usado para estudar astronomia e prever o movimento da Lua e de planetas vizinhos.

Nunca houve consenso sobre como exatamente a Máquina de Anticítera funcionava – o naco que sobreviveu corresponde a apenas um terço do total dela; o resto fica a cargo da nossa imaginação. Essa nova reconstituição, a primeira que se propõe a simular a máquina em sua integridade, é obra de pesquisadores do University College London. A descrição do feito saiu no periódico especializado Scientific Reports.

A tecnologia empregada na Máquina de Anticítera era extremamente avançada para a época, ultrapassando com folga outras engenhocas do mesmo período histórico. As engrenagens em seu interior são parecidas com as que encontramos em relógios de pêndulo contemporâneos – muito mais precisas e delicadas que as engrenagens típicas da Antiguidade (em geral maiores, mais grosseiras e utilizadas em equipamentos militares como balistas ou catapultas).

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Os restos da Máquina estão divididos em 82 fragmentos, alguns dos quais muito danificados. Felizmente, nos últimos anos outras pesquisas já haviam explorado a relíquia a e começado a desvendar seus segredos. Em 2005, raios-X revelaram milhares de caracteres de texto ocultos por trás da corrosão. As inscrições no verso de um dos discos incluem uma descrição da localização dos astros no céu. A equipe se baseou nestes textos para realizar a reconstrução recém-publicada.

imagem mostrando um pedaço do aparelho, já enferrujado pelo tempo.
(Museu Arqueológico de Atenas/Reprodução/Wikimedia Commons)

Dois números inscritos foram essenciais para entender o funcionamento da máquina –  462 anos e 442 anos. Eles representam, com precisão, ciclos observáveis de movimentação de Vênus e Saturno, respectivamente. Isso significa que aquela máquina era capaz de calcular esses números de alguma forma.

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Sabendo que os gregos tinham chegado ao resultado correto, a equipe se limitou à matemática conhecida na época, conforme descrições do filósofo Parmênides, e fez a engenharia reversa do mecanismo. Depois, eles repetiram o procedimento para os outros planetas – completando, assim, a descrição do computador analógico. O próximo passo, claro, é tirá-lo da tela do PC e montá-lo de verdade. 

“Este é um avanço teórico fundamental”, disse, em comunicado, Adam Wojcik, coautor do estudo. “Agora devemos provar que esse modelo é viável, reconstruindo-o na prática usando técnicas antigas.”

Muitos mistérios permanecem, é claro. Como os gregos conseguiram construir uma máquina tão avançada com a tecnologia disponível na época? Algumas partes desse curioso computador contêm estruturas em formato de tubo que se encaixam em espaços de apenas milímetros – um grau de exigência difícil de alcançar sem equipamentos que só seriam inventados muito depois. A falta de outros mecanismos similares no registro arqueológico torna a máquina de Anticítera ainda mais especial e única.

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