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Fóssil de 890 milhões de anos pode ser mais antigo indício de vida animal

Essas rede de tubos calcificados – talvez formada a partir dos filamentos flexíveis que estruturam esponjas-do-mar – veio 300 milhões de anos antes do período Ediacarano, quando formas de vida filtradoras se multiplicaram.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 ago 2021, 11h29

Um fóssil de 890 milhões de anos encontrado no Canadá pode ser o mais antigo indício de vida animal já encontrado. Trata-se de um calcário entremeado por uma rede de minúsculos túneis, duas vezes mais estreitos que um fio de cabelo. Esse padrão, conhecido dos paleontólogos, é típico da fossilização de esponjas – sim, esponjas como o Bob Esponja –, que se alimentam filtrando a água do mar e disputam o título de animais mais antigos da Terra.

O consenso atual é que as primeiras formas de vida filtradoras surgiram a partir de 630 milhões de anos atrás, no período Ediacarano. Animais com estruturas de locomoção e comportamento predatório só vieram depois, com o início do Cambriano há 542 milhões de anos. A possibilidade de que já existissem esponjas há 890 milhões de anos abala os alicerces da paleontologia e foi recebida com uma dose saudável de ceticismo pelo comunidade científica.

A rocha, extraída da Cordilheira Mackenzie, próxima à fronteira com o Alasca, se formou no fundo do mar graças ao acúmulo de carbonato de cálcio oriundo do metabolismo de bactérias. Esses corais microbianos, conhecidos como estromatólitos, são nossa principal janela à atividade de seres unicelulares nos primórdios da vida na Terra. Depois, processos geológicos a ergueram até o local em terra firme onde foi encontrada.

A foto no início do texto não é do fóssil canadense. Ela mostra o padrão deixado por uma Spongia officinalis, uma espécie de esponja contemporânea típica da Grécia que ilustra bem o complexo desenho deixado por esses animais após a fossilização. Essas são as mesmas esponjas de origem natural usadas até hoje por quem quer desembolsar uma nota para tomar banho.

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Esponjas se dividem entre espécies de contituição mais rígida, que se mantém em pé graças a estruturas chamadas espículas, e esponjas fofinhas, com textura adequada para se esfregar no chuveiro, que se sustentam com filamentos de uma proteína chamada espongina. São esses filamentos que criam a rede de túneis no fóssil.

É sempre arriscado interpretar fósseis antigos com base nas espécies que existem hoje – principalmente neste caso, em que o fóssil foi datado como radicalmente antigo. Porém, neste caso específico, há um argumento forte a favor da hipótese de que essa seja mesmo uma esponja: o fato de que ela vivia apoiada na estrutura calcária já mencionada (o estromatólito), formada por bactérias fotossintetizantes.

A oxigenação da atmosfera terrestre nessa época era um bocado baixa para a respiração celular de um organismo de grande porte. Mas esses recifes microbianos, repletos de criaturinhas que emitiam o gás, formariam oásis de O2 no fundo do mar, capazes de sustentar os primeiros experimentos de vida multicelular. Ou seja: há boas chances de que nossos antepassados mais antigos sejam mesmo Bob Esponjas. E você aí se esfregando com eles.

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