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Uma superbactéria evoluiu em ouriços antes de existirem os primeiros antibióticos

A MRSA é encontrada em rebanhos leiteiros e humanos no norte da Europa. Mas ela não surgiu devido ao abuso de antibióticos – e sim de uma batalha microscópica por sobrevivência na pele dos ouriços.

Por Luisa Costa
7 jan 2022, 17h35

Uma equipe internacional de cientistas descobriu que uma superbactéria (ou seja, uma bactéria resistente a antibióticos) chamada MRSA se desenvolveu em ouriços há pelo menos 200 anos. Esse é um exemplo de resistência bacteriana que surgiu naturalmente – e não a partir do uso ampliado dos antibióticos – muito antes do biólogo britânico Alexander Fleming descobrir a penicilina em 1928, ou dos medicamentos começarem a ser produzidos em massa na década de 1940.

MRSA é a sigla em inglês para “Staphylococcus aureus resistente à meticilina”. A S. aureus é uma bactéria comumente encontrada na pele de pessoas saudáveis, que pode causar uma infecção ao invadir o organismo a partir de uma ferida aberta, por exemplo – algo preocupante principalmente para quem tem o sistema imune enfraquecido.

Uma cepa da bactéria, chamada mecC-MRSA, foi descoberta em 2011 por pesquisadores da Universidade de Cambridge (na Inglaterra). Desde então, ela foi amplamente encontrada em rebanhos leiteiros no norte da Europa, causando infecções em vacas – mas raramente em humanos. Presumia-se que ela tinha surgido com a grande quantidade de antibióticos que o gado costuma receber.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo publicado na revista Nature investigaram as origens da mecC-MRSA, examinando animais selvagens e de fazenda em países como Dinamarca e Suécia. Foi então que eles perceberam que a bactéria mostrava prevalência entre os ouriços: metade dos animais examinados apresentavam esse tipo de MRSA na pele.

Então, eles concentraram seus estudos nesses animais e usaram o sequenciamento genético para estabelecer uma linha do tempo da evolução da mecC-MRSA. 

Os cientistas descobriram que a cepa resistente surgiu em ouriços europeus no início de 1800 e identificaram o que está por trás da presença da superbactéria: uma batalha microscópica por sobrevivência que acontece na pele dos animais há centenas de anos. 

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Existe um fungo que costuma viver na pele dos ouriços e desenvolve substâncias para combater o crescimento das bactérias S. aureus – suas rivais na briga pelo hospedeiro. Com o tempo, algumas dessas bactérias (a mecC-MRSA, por exemplo) desenvolveram a capacidade de resistir aos antibióticos naturais produzidos pelos fungos – e depois se espalharam para outros animais.

As descobertas mostram que as superbactérias podem surgir a partir de processos naturais e como a resistência a antibióticos pode ser transmitida entre espécies. Então, quando usamos antibióticos em excesso, aceleramos o que já está acontecendo na natureza.

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“Este estudo é um forte aviso de que, quando usamos antibióticos, temos que usá-los com cuidado”, disse Mark Holmes, pesquisador da Universidade de Cambridge e autor do estudo, ao jornal The Guardian. “Há um reservatório de vida selvagem muito grande onde bactérias resistentes a antibióticos podem sobreviver e, a partir daí, é um pequeno passo para que sejam apanhadas pelo gado e, então, infectem humanos.”

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