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A mais nova hipótese para a origem do beijo é um bocado nojenta

Conheça a história do ósculo – que provavelmente começou antes da própria espécie humana, com o banho de gato típico dos grandes primatas.

Por Manuela Mourão
3 nov 2024, 19h00

É difícil apontar quando, exatamente, descobrimos que beijar era uma boa ideia. Um artigo publicado na revista Science relata que existem referências textuais ao beijo encontradas pouco após a invenção da escrita o que indica, naturalmente, que já beijávamos antes disso.

Um dos documentos mais antigos que relatam um comportamento identificável como um beijo vem dos Vedas escrituras em sânscrito que influenciaram o hinduísmo, budismo e jainismo, datadas de 1.500 anos antes de Cristo, segundo Vaughn Bryant, um antropólogo da Texas A&M University especializado na história do beijo. 

O estudo também menciona que existe um “corpo substancial de evidências negligenciadas” sobre o beijo na Mesopotâmia e no Egito, datando de pelo menos 2500 a.C., presente em contos que retratam tanto deuses quanto plebeus. 

Bem antes disso, já havia variantes de herpes da Idade do Bronze, que ocorreu aproximadamente entre 3300 a.C. e 1200 a.C. na Europa, que teriam se espalhado pelo boca a boca. 

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Em Roma, havia três categorias de bitoca. A primeira delas era o osculum, o beijo de bochechas hoje em dia é um tipo de saudação educada, usado para dar “oi” para qualquer pessoa, podendo variar entre um, dois e até três encostos de bochecha dependendo da região em que você estiver.  

O segundo tipo ficou conhecido como bacium, um beijinho só para dar oi, tchau ou demonstrar carinho, sem intenções sexuais. Selinhos se enquadram aqui. Por último, havia o savium, que é o beijo erótico. Sabemos tudo isso graças à filamatologia, que é o estudo dos beijos.

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Mas como tudo começou?

Os antropólogos divergem quando o assunto é beijo. A dúvida é se o ósculo é um comportamento inato ou aprendido. 

Existem aqueles que acreditam que se trata de um ato aprendido, e argumentam que ele se desenvolveu a partir de atividades como a amamentação ou a pré-mastigação de comida para os bebês em culturas humanas antigas.

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Que o beijo tenha surgido a partir da relação entre mãe e filho faria sentido, explica Troels Pank Arboll, assiriologista da Universidade de Copenhague e co-autor do estudo, para a Scientific American.

Isso porque alguns estudos mostram que o beijo sexual-romântico não é universal, enquanto o beijo parental é relativamente ubíquo. 

Uma pesquisa publicada no American Anthropologist Journal analisou 168 culturas ao redor do mundo para investigar como os relacionamentos abordam o beijo (definido como contato deliberado e prolongado com os lábios). Apenas 46% dessas culturas usam o selinho como sinal de afeto romântico.

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Os resultados revelaram variações globais: o hábito de beijar foi observado em 70% das culturas da Europa, 54% da América do Norte, 12% da América do Sul (lembre-se que boa parte das culturas americanas são indígenas) e 100% das culturas do Oriente Médio claramente o lugar para estar caso ósculos façam parte das suas atividades favoritas, ainda que o carnaval brasileiro possa suprir suas necessidades. 

Segundo o relatório, a ideia de que o beijo romântico-sexual é quase universal é impulsionada pelo “etnocentrismo ocidental”. 

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O beijo não sexual, porém, é mais claramente algo inato. Os únicos conhecidos por beijarem seu pares como são nossos primos na escala de tempo geológica, os grandes primatas. Os bonobos, por exemplo, se beijam depois de brigas para restaurar a paz.

De fato, um novo estudo, publicado no Evolutionary Anthropology, explica que a limpeza desses animais, essencial para estabelecer laços sociais, pode ter sido a origem do beijo. 

O artigo sugere que o ato final de higiene dos grandes primatas envolve leves sucções bocais para remover os últimos resquícios de sujeira e de parasitas da pelagem um comportamento carinhoso que persistiria em nós mesmo com a perda de sua função higiênica. Os pesquisadores chamaram essa ação vestigial de “hipótese do beijo final do limpador”.

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Os ancestrais mais peludos do Homo sapiens provavelmente se engajavam nessa troca de favores higiênica. Com a evolução do bipedalismo, o começo da vida nas savanas e a diminuição subsequente do comprimento dos pelos corporais, a necessidade de catar sujeiras diminuiu, mas o aspecto de socialização permaneceu importante.

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