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Templo de dois mil anos de antiga civilização árabe encontrado submerso na Itália

O templo dos nabateus honrava o deus Dusares em uma região portuária que foi submersa após eventos vulcânicos.

Por Bela Lobato
Atualizado em 3 nov 2024, 14h10 - Publicado em 3 nov 2024, 14h06

Em 2023, pesquisadores mapeavam o fundo do mar na costa da Itália quando encontraram algo inesperado. Perto da cidade de Nápoles, havia antigos altares e placas de mármore com inscrições submersas. Depois de investigações, eles constataram que os achados provavelmente constituem restos de um tempo de 2 mil anos construído por imigrantes do Reino Nabateu.

O Reino Nabateu, também chamado de Nabatea, se estendia do norte da Arábia até o leste do Mediterrâneo. Entre os séculos 4 e 2 a.C., os nabateus controlaram uma rede pujante de comércio de produtos de luxo, como incenso, ouro, marfim e perfumes. Ao final do século 1 d.C., eles já haviam acumulado uma enorme riqueza.

O templo encontrado fica na costa de Pozzuoli, uma cidade 16 km a leste de Nápoles. Na época do Império Romano, a região era conhecida como Puteoli e recebia navios mercantes de todo o mundo romano.

O desenho da costa de Pozzuoli mudou bastante ao longo dos séculos, especialmente por conta da atividade vulcânica. Mais de 2 km do antigo distrito portuário acabaram submersos. Artefatos trazidos pelo mar há mais de 300 anos já sugeriam que havia um templo nessa região engolida pelo mar, mas ninguém sabia exatamente onde.

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Foto do armazéns submersos que outrora formavam a antiga cidade de Puteoli.
(M. Stefanile/Reprodução)

Ele foi descoberto no ano passado, quando foram encontradas duas salas de 10 m por 5 m, com altares de mármore branco. Cada uma das salas também continha uma placa de mármore com a inscrição em latim Dusari sacrum, que significa “consagrado a Dusares”, o principal deus da antiga religião nabateia. Ou seja: o templo mistura influências romanas com as da cultura árabe pré-islâmica. 

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“Considerando as inscrições, os nabateus de Puteoli escolheram um texto simples em latim em um estilo típico de Augusto, com a intenção de honrar seu deus, mas, acima de tudo, de se comunicar com romanos e peregrinos unidos pelo uso do latim.”, escreveram os autores do estudo, que foi publicado na revista especializada Antiquity.

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“O templo era um local de adoração, um refúgio para estrangeiros e, especialmente, um local de troca, negócios e comércio sob a garantia, o controle e a autoridade do deus Dusares.”

Os pesquisadores constataram que o templo foi coberto e enterrado com uma mistura de concreto e cerâmica quebrada, possivelmente devido à saída de comerciantes estrangeiros da região. O abandono pode ter ocorrido em um período turbulento por volta de 106 d.C., quando a Nabateia foi anexada ao Império Romano. 

“A redução do comércio dos nabateus e o fim de seu pequeno monopólio talvez sejam as explicações mais simples para o fim do santuário; provavelmente no início do século II d.C..”, escrevem os autores.

“O templo foi simplesmente preenchido e uma nova superfície de caminhada foi construída sobre ele; a área era central e estratégica demais para permanecer abandonada por muito tempo.”

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