5 diferenças entre o musical e o livro Wicked, de Gregory Maguire
O filme e a peça, assim como muitas produções, são versões romantizadas do livro original, escrito em 1995.
Nas últimas semanas, rosa e verde tomaram conta da internet. As cores, que para uma geração lembravam os Padrinhos Mágicos e para outra a Estação Primeira de Mangueira, foram ressignificadas para o assunto do momento: Wicked.
O musical chegou aos cinemas no final de novembro, e desde então já bateu vários recordes. A produção ultrapassou Grease e se tornou a maior adaptação cinematográfica da Broadway nos Estados Unidos, estreando a trilha sonora em segundo lugar na parada de discos Billboard 200. Assim como um musical de teatro, o filme foi dividido em atos, e a segunda parte está prevista para estreia em 2025.
O musical narra a “História não Contada das Bruxas do Mágico de Oz”, como diz o título da peça. A história gira em torno de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste (Cynthia Erivo, no filme) e Glinda, a Bruxa Boa do Sul (Ariana Grande). Ambas as personagens foram introduzidas inicialmente no livro “O Mágico de Oz” de 1900, e mais tarde na adaptação cinematográfica de mesmo nome.
Porém, pouco se sabe sobre o passado das bruxas. Na obra original acompanhamos apenas o caminho de Dorothy até o Mágico, e as duas feiticeiras têm um papel coadjuvante.
É aí que entra Wicked. O musical composto por Stephen Schwartz, e mais recentemente transformado em filme por Jon M. Chu, conta a história de Elphaba, Glinda, do Mágico e de Oz também, antes dos acontecimentos do livro de 1900. As linhas do tempo eventualmente se misturam, mas em Wicked o que realmente importa é a história da bruxa verde e da bruxa rosa.
Glinda conta a história de Elphaba e navega os anos que passaram juntas na Universidade Shiz, desde quando se odiavam até se tornarem amigas – e o que realmente aconteceu para que a bruxa do Oeste recebesse o título de má.
O filme e o musical da Broadway nasceram do romance de 1995, do escritor Gregory Maguire. Se você pretende ler o livro, não espere encontrar o mundo de Oz cheio de cores e letras de músicas. Assim como em muitos filmes da Disney, o livro de inspiração é muito mais nu e cru – e teve que passar por uma boa peneira para virar uma história de romance e inspiração.
Aqui estão algumas (das muitas) diferenças entre o livro e o que acontece na Parte Um do musical.
(Os parágrafos seguintes contém spoilers do filme e do livro)
1. O livro é mais focado na divisão política e social de Oz
O filme e a peça Wicked focam em grande parte nos relacionamentos entre personagens: Elphaba e sua irmã Nessa; Glinda e Elphaba; além de Boq e Fiyero.
Já o livro dedica muito mais tempo a explorar as circunstâncias sociais, políticas e éticas de Oz, além da natureza do bem e do mal. Além disso, as diferentes terras são bem mais exploradas.
Leitores mais jovens ou aqueles em busca de uma história leve sobre amizade e aceitação podem se surpreender, já que o livro aborda temas pesados, como abuso sexual, agitação política, infidelidade, racismo e o papel da religião na sociedade.
2. O final de Dr. Dillamond é bem mais cruel
A figura do cabrito falante, Dr. Dillamond, é retratada de maneira semelhante em todas as versões de Wicked. Ele é um professor na Universidade Shiz, e seu sofrimento sob o regime xenofóbico do Mágico abre os olhos de Elphaba para a difícil situação dos “Animais” sencientes.
No entanto, o destino de Dillamond é bem mais trágico no livro do que nas versões do musical e do filme. No palco e no cinema, ele perde seu cargo de professor e, eventualmente — spoiler alert para Wicked: Parte II — sua habilidade de falar. No entanto, ele permanece vivo.
No livro, a situação é bem pior: Dillamond é assassinado pelo servo mecânico de Madame Morrible, Grommetik, uma figura que não aparece nas adaptações do musical.
3. As histórias pessoais dos personagens principais são bastantes diferentes
Nessarose, irmã de Elphaba, nasce sem braços no livro, o que não é mencionado nas versões do palco ou filme. Elphaba tem uma infância e vida muito mais difíceis e marginalizadas, principalmente depois de se tornar a bruxa má.
No livro, Elphaba e Glinda se conhecem sob circunstâncias diferentes. Fiyero é casado, tem três filhos e vem de uma cultura mais complexa do que o príncipe despreocupado apresentado no musical.
Já Boq é amigo de Elphaba e tem uma paixão por Glinda, ajudando Elphaba com pesquisas em nome de Dr. Dillamond. Com o tempo, ele perde esse interesse por Glinda, casa com outra mulher e vai viver no campo. No musical, Boq tem uma paixão obsessiva por Glinda, enquanto Nessarose, irmã de Elphaba, nutre uma paixão obsessiva por ele – que promete uma reviravolta na Parte Dois inexistente no livro.
4. O momento em que Elphaba e Glinda conhecem o Mágico de Oz
O encontro de Elphaba e Glinda com o Mágico de Oz é um momento crucial em Wicked: Parte I, assim como no romance de Maguire. Em ambas as versões, o Mágico se revela muito menos útil do que elas esperavam, mas os detalhes em torno desse encontro são bem diferentes. No livro, o evento acontece muito mais rapidamente e o Mágico permanece escondido atrás de sua fachada mágica falsa o tempo todo.
A tentativa do Mágico de recrutar Elphaba e Glinda escolhendo o esquema de cores da Estrada de Tijolos Amarelos? Esses elementos são exclusivos do musical (ou do filme, no caso da escolha da cor).
No livro, Madame Morrible não rotula publicamente Elphaba como a Bruxa Má nesta parte da história. E Elphaba não voa de forma desafiadora. Até porque…
5. Elphaba não guarda espaço para desfiar a gravidade no livro
No livro Wicked, Elphaba aprende a voar em sua vassoura, mas isso ocorre bem mais tarde do que no musical. No escrito, Elphaba sai andando após a reunião com o Mágico de Oz. Já no musical ela lança um feitiço em sua vassoura e começa a voar. É aqui que acontece a famosa cena com a música Defying Gravity.
Outra diferença é que a Elphaba do livro não encanta sua vassoura de forma intencional, como a versão do musical faz; ela fica surpresa quando a vassoura começa a voar sozinha.