O teórico David Bordwell defende que Hollywood geralmente investe em “um cinema excessivamente óbvio”. Será? Conheça algumas opções para quem gosta de enigmas, reflexões filosóficas – e de se aventurar pelo desconhecido.
O filme revolucionou o gênero de obras futuristas ao se distanciar da ficção científica clássica. Desde o lançamento, ganhou a fama de incompreensível – mas o enredo, dividido em partes distintas, não é tão complicado assim.
Na Pré-História, a chegada de um monólito à Terra provoca um salto de evolução entre os primatas. Milênios depois, uma expedição vai investigar o objeto, que agora está na Lua. Mas a missão é sabotada pelo computador HAL, que mata quase todos os astronautas.
O único sobrevivente entra em contato com um monólito em Júpiter. Ele atravessa um portal do espaço-tempo e vivencia um salto evolutivo. O roteirista e escritor de sci-fi Arthur C. Clarke disse: “Se alguém entender de primeira, é sinal de que falhamos”.
Anna faz parte de um grupo de ricaços que passeia de barco pela costa da Sicília, na Itália. Quando resolvem explorar uma ilha vulcânica, ela desaparece. Nesse instante, passaram-se 26 minutos de filme – até então, Anna se destacava como protagonista.
Ninguém consegue descobrir o que aconteceu, e o foco rapidamente migra para outras preocupações dos personagens. O filme não oferece uma explicação conclusiva – como às vezes acontece no mundo real – e subverte a estrutura clássica do que seria um filme de mistério.
No thriller sul-coreano, Dae-su é sequestrado e mantido incomunicável por 15 anos. Um dia, é solto sem explicação. Ele vai em busca de vingança e respostas – mas isso revela uma equação envolvendo as consequências de uma inconfidência, tabus sexuais e suicídio.
O filme transcorre durante boa parte do tempo sem que o espectador entenda o que está se passando. A pancadaria é mera coadjuvante de uma jornada sem bússola rumo ao (doloroso) processo de autoconhecimento.
Uma mulher sofre de amnésia após um acidente de carro e encontra refúgio na casa de uma aspirante a atriz em Hollywood, que se empenha em ajudá-la a recuperar sua identidade. Esse enredo simples evolui para uma exploração do inconsciente.
De início, não fica claro que o filme trata de sonhos (o título original é "Mulholland Drive"), mesmo com as sequências não lineares e as transformações das protagonistas: na segunda parte da história, mais realista, elas assumem novos papéis.
super.abril.com.br
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