A Cruz Vermelha é um dos símbolos mais conhecidos do mundo, mas não é qualquer um que pode imprimir a dita-cuja por aí. De fato, praticamente ninguém pode. Conheça sua história – e saiba por que usá-la em vão viola as Convenções de Genebra.
Testemunha dos horrores da Batalha de Solferino em 1859, o suíço Henry Dunant, junto de mais quatro pessoas, fundou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em 1863.
O objetivo era assegurar a proteção humanitária e assistir as vítimas de conflitos armados e de outras situações de violência com humanidade, imparcialidade, neutralidade, independência, voluntariado, unidade e universalidade.
Em agosto de 1864, pouco mais de um ano após a criação do comitê, 12 governos do mundo adotaram a primeira Convenção de Genebra. Atualmente, estão em vigor as quatro convenções feitas em 1949.
Entre outras diretrizes, elas instituíram um símbolo que representaria serviços médicos: a cruz vermelha no fundo branco, emblema da Cruz Vermelha – uma homenagem à bandeira da Suíça, país com histórico de neutralidade e terra natal de seu idealizador.
Durante conflitos, a cruz vermelha é sinal de que aquela pessoa, veículo, instalação ou equipamento não está envolvido no conflito – apenas provendo assistência imparcial. A Convenção de Genebra e as leis internacionais garantem proteção a esses profissionais da saúde.
O artigo 53 da Convenção de Genebra I de 1949 diz que, independentemente da data de sua adoção, o uso sem a aprovação do emblema ou designação Cruz Vermelha deve ser proibido em todos os momentos.
Isso quer dizer que não é permitido se apropriar do símbolo atribuído à Cruz Vermelha. Isso serve para indivíduos, sociedades, firmas e empresas públicas ou privadas.
Isso porque, o mau uso do emblema coloca os serviços humanitários e médicos em risco. Essas equipes dependem da confiança da comunidade — tanto em tempos de paz quanto em tempos de guerra.
O jogo de videogame do estúdio InnerSloth, lançado em 2018, explodiu em 2020. Contudo, foi justamente a fama repentina que fez o jogo entrar no radar da Cruz Vermelha por causa de um uso indevido do emblema.
Em uma das salas da nave, um ambiente hospitalar, havia uma cruz vermelha pintada sobre a parede branca – uma clara violação.
Em junho de 1999, a banda de rock americana Blink-182 lançou seu terceiro álbum de estúdio. O Enema of the State tem algumas das músicas mais famosas da banda, como “All The Small Things” e “What’s My Age Again”.
Mas um detalhe da capa do disco pode tornar algumas cópias raras hoje em dia. Isso porque, as primeiras versões tinham uma enfermeira usando um chapéu com o símbolo da cruz vermelha.
Stardew Valley é um jogo de simulação de fazenda criado por um único desenvolvedor, chamado de ConcernedApe. O protagonista herda uma fazenda abandonada de seu avô no Vale do Orvalho e, cansado da vida tediosa da cidade grande, decide se mudar para o campo.
Até a atualização do jogo em novembro de 2018, a clínica do Harvey tinha uma cruz vermelha na fachada. Eles mudaram a cor da cruz para azul, para entrar em conformidade com os usos estabelecidos pela Convenção de Genebra.
Tonga é um país da Oceania que consiste em um arquipélago de 171 ilhas – das quais 45 são habitadas, com pouco mais de 100 mil habitantes. No século 19, missionários converteram os moradores da ilha, de forma que a bandeira criada tinha uma cruz vermelha e um fundo branco.
A bandeira ficou assim até 1866 – dois anos depois da primeira Convenção de Genebra. Por serem praticamente idênticas, a bandeira de Tonga teve que ceder às assinaturas internacionais e alterar o seu design. Essa nova versão foi oficializada em 1975 e permanece assim até hoje.
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