Desde 1895, quando os irmãos Lumière projetaram dez curtas-metragens em Paris, o cinema procura surpreender o público com novidades técnicas ou narrativas. Conheça longas que são verdadeiros marcos do processo criativo.
O filme mostra um dia na vida de uma metrópole: operários, bondes, um enterro e um parto, crianças encantadas com um mágico – e outras cenas cotidianas. Só que cada sequência é uma revolução russa da técnica de se fazer cinema.
O filme foi pioneiro em recursos como telas divididas, aceleração de cena, quadros congelados e até animação em stop-motion. Uma sacada copiada até hoje, por exemplo, é o uso da câmera lenta para dar leveza a movimentos de atletas.
Usando o formato de noticiário, mostra como o milionário Charles Foster Kane, dono de 37 jornais, fez de tudo na vida para ser amado – mas acabou com uma morte solitária. É inspirado na vida do magnata da imprensa americana William Randolph Hearst.
No filme, o simbolismo visual se junta ao domínio técnico. Os personagens surgem em ângulos incomuns e envoltos pela escuridão; e um efeito de profundidade de campo faz com que elementos próximos e distantes na tela sejam vistos em foco, ao mesmo tempo.
É inspirado em um conto do século 12, sobre um bandido que mata um samurai e estupra sua esposa. Com flashbacks, os envolvidos dão versões diferentes sobre o crime – e contam com a palavra do morto, que se manifesta graças a um médium.
Acontece que os suspeitos juram que são culpados – inclusive a vítima, que diz ter se matado. O filme inovou na investigação de criminosos na ficção e gerou a expressão “efeito Rashomon” – uma notória falta de confiabilidade de testemunhas oculares.
A grande inovação do filme foi transformar em imagens o fluxo de consciência dos personagens, como num exercício surrealista. É o filme mais inteligente de Woody Allen, cujo casal protagonista é Alvy (Allen) e Annie (Diane Keaton).
Em um momento do filme, o casal está conversando, e o diálogo é acompanhado por legendas que revelam o verdadeiro pensamento de cada um. Em outra cena, enquanto o casal faz sexo, uma imagem de Annie sai do corpo dela e fica olhando a si própria transando.
O filme mostra a passagem da infância à vida adulta pelos olhos de Mason Jr. (Ellar Coltrane): bullying na escola, problemas com padrastros, os primeiros amores e as inevitáveis incertezas do amadurecer.
O diferencial de “Boyhood” é que os atores envelhecem de verdade, diante dos nossos olhos. O filme foi gravado, a cada verão, ao longo de 12 anos (2002 a 2013) com o mesmo elenco. Nunca uma obra cinematográfica sobre os ciclos da vida foi tão autêntica.
super.abril.com.br
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