O que une essas obras são personagens que sofrem com transtornos psiquiátricos – ou que, por causa deles, fazem outras pessoas sofrerem. Você não vai desgrudar os olhos da tela.
Três garotas são raptadas por um homem misterioso (James McAvoy) e logo entendem, assim como o telespectador, que o bandido sofre de um distúrbio que se manifesta em múltiplas personalidades.
O nome do vilão é Kevin, mas ele se apresenta com outras identidades. São 23 personalidades diferentes, embora só oito apareçam no filme. Trata-se de um transtorno dissociativo de identidade – que, no mundo real, não inclui a tendência à violência como visto na tela.
Carol (Catherine Deneuve) vive reclusa e se sente desconfortável com homens. Logo descobrimos que ela sofre ataques de pânico em situações que remetam a sexo. Quando ela fica sozinha num apartamento claustrofóbico, a inquietação se transforma em insanidade.
O filme retrata um caso de fobia sexual – distúrbio que provoca repulsa, ansiedade descontrolada e medo até de pensar em sexo. O terror que coloca o espectador dentro desse pesadelo íntimo se desenvolve aos poucos, e as imagens são distorcidas de propósito.
Tyler Durden (Brad Pitt) e o personagem narrador (Edward Norton) se unem no ódio contra a sociedade de consumo. Eles formam um clube em que os “sócios” se juntam para socar a cara um do outro – uma válvula de escape para a insônia do narrador.
Por trás da ação, há um distúrbio de ansiedade que permeia os acontecimentos. E a fusão das personalidades dos protagonistas está na essência de um retrato alucinado da autoafirmação masculina.
Mary é uma menina de 8 anos, sem amigos, que mora com os pais alcoólatras na Austrália. Ela ouve da mãe que nasceu por acidente, então pergunta ao avô como bebês são fabricados. “Eles brotam no fundo de canecas de cerveja” é a resposta.
Intrigada, a menina resolve checar se é assim no mundo todo. E decide escrever uma carta a um desconhecido: Max Horovitz, de Nova York. Assim como Mary, ele é um solitário, tem sobrepeso e adora chocolate.
As coincidências geram empatia, e os dois passam a trocar cartas. Os perfis não deixam dúvida: estamos vendo uma criança melancólica tentando se comunicar com um portador da Síndrome de Asperger – tipo de autismo marcado por dificuldade na interação social.
Leonard (Guy Pearce) foi nocauteado quando bandidos invadiram sua casa, estupraram e mataram sua mulher. Desde então, sofre de amnésia anterógrada – um distúrbio mental que afeta a memória de curto prazo. Sua motivação na vida virou encontrar e se vingar do criminoso.
O filme é apresentado em duas correntes. Uma, no sentido linear, dá a Leonard a chance de explicar seu esquecimento. A narrativa paralela, e predominante, conta a história de trás para a frente. A partir disso, a percepção do espectador também fica abalada.
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