Mulheres representam só 28% dos cientistas, têm mais dificuldade em conseguir cargos e sofrem com assédio e preconceito. Mas para lembrar que nada devia impedi-las de fazer ciência, conheça algumas delas que mudaram o mundo.
Na década de 1950, Franklin e um de seus estudantes aplicaram uma técnica chamada “cristalografia de raios x” em uma porção de ácido desoxirribonucleico (DNA) – molécula que já se sabia ser a portadora das nossas informações hereditárias.
Assim, ela obteve a foto desta página: o primeiro vislumbre da estrutura dupla-hélice do DNA, que hoje é parte do imaginário popular. Franklin morreu de câncer nos ovários aos 37 anos, antes de receber o Prêmio Nobel pela descoberta.
Estudava espigas de milho, inestimáveis para pesquisas sobre genética. Ela buscou entender por que algumas espigas produziam grãos de cores diferentes, uma vez que eles eram resultado de um único cruzamento.
McClintock descobriu pedacinhos de DNA chamados genes saltadores, que não têm posição fixa no cromossomo e inibem (ou incentivam) a produção de pigmentos por outros genes, determinando a cor dos grãos.
Quando a vida na Terra era microscópica, uma bactéria que não sabia respirar oxigênio engoliu outra bactéria menor, do tipo que sabia – mas não conseguiu digeri-la. A bactéria engolida continuou respirando e se multiplicou lá dentro.
Essas bactérias conseguiram originar seres multicelulares, como você. Hoje, elas evoluíram e continuam respirando para nós: são as mitocôndrias, uma das organelas que compõem as células. Essa teoria se tornou consenso científico graças ao trabalho de Margulis.
Lovelace recebeu uma educação científica incomum para mulheres de sua época. Aos 17 anos, começou a trocar cartas com o polímata Charles Babbage, que revelou a ela o projeto da “máquina analítica”, o primeiro computador de uso geral da história.
Em 1834, Lovelace traduziu do francês um memorando sobre a engenhoca para Babbage. Ao final, inseriu uma seção complementar em que demonstrava um algoritmo que a máquina seria capaz de resolver – era o primeiro programa de computador da história.
Em 1960, Goodall começou a fazer pesquisas na Tanzânia, onde flagrou um chimpanzé limpando as folhas de um galho para inseri-lo em um cupinzeiro e buscar os insetos – era o primeiro registro da fabricação e uso de ferramentas por uma espécie não humana.
Ela fez outras descobertas, como a de que chimpanzés frequentemente comiam primatas menores (desmentindo a crença de que eram herbívoros). Mesmo sem possuir uma graduação, foi autorizada a fazer um doutorado em etologia em Cambridge. Hoje, é ativista da causa animal.
No início do século 20, o melhor tratamento para a hanseníase (ou lepra) era óleo de chaulmoogra. Mas ele causava efeitos colaterais, não era eficaz no uso tópico e era muito espesso para ser dado por injeções. Então, Ball encontrou uma saída.
Em 1915, ela fez um óleo injetável e de fácil absorção, mas morreu antes de patenteá-lo. Quem fez isso foi o reitor da Universidade do Havaí, onde Ball estudava. A substância foi bastante usada nos 20 anos seguintes, mas Ball só foi reconhecida um século depois.
Na década de 1950, Rubin estudava estrelas em outras galáxias e fez observações que posteriormente originaram a hipótese da matéria escura, algo invisível, impalpável e ainda misterioso – e que corresponde a 84,5% da matéria total do Universo.
Nas décadas de 1950 e 1960, ela estudava embriões com John Saunders e conseguiu cortar parte de um minúsculo proto-membro de um pintinho e enxertá-lo do outro lado, dando origem a uma asa duplicada – em humanos, seria como adicionar mais dedos às mãos.
Eles observaram uma importante relação para a embriologia. O pedaço cortado secretava uma proteína cuja concentração define o que cada região das saliências nas laterais do embrião se torna. Exemplo: onde há mais, surge o dedinho; onde há menos, surge o dedão.
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