Sim: o famoso guia gastronômico pertence à marca de pneus – e surgiu há mais de 100 anos, como estratégia de marketing para incentivar o nascente mercado de automóveis. Confira.
Em 1900, havia cerca de 3 mil carros circulando na França. Foi quando os irmãos Édouard e André Michelin tiveram a sacada: distribuir gratuitamente um guia de viagens com informações sobre hotéis, restaurantes, postos de gasolina e oficinas mecânicas.
Os irmãos incluíram também um passo a passo completo sobre como trocar pneus – anos antes, em 1891, eles tinham inventado uma versão da peça bem mais rápida de ser substituída em comparação aos modelos existentes.
Os irmãos, então, distribuíram o guia, gratuitamente (manuais de viagem já eram comuns naquela época, vale dizer – mas ainda não havia uma versão especialmente voltada a turistas motorizados).
A ideia deu certo. Em 1904, publicaram uma versão do guia para a Bélgica. Em 1907, outro volume, para Argélia e Tunísia (que na época eram colônias francesas). Em 1908, uma versão para a região dos Alpes.
Em 1920, a Michelin passou a cobrar pelo guia e extinguiu anúncios publicitários. O sucesso das dicas de restaurantes fez com que a seção aumentasse. Foi quando surgiram os "inspetores" para avaliar anonimamente os estabelecimentos – prática que se mantém até hoje.
Surgiu em 1931. Uma significa que o restaurante “usa ingredientes de primeira linha e pratos com sabores marcantes”; duas, que, além disso, “o talento do chef fica evidente”; três, que “a cozinha do estabelecimento foi elevada a uma forma de arte”.
Com o passar das décadas, o guia tornou-se referência. Com a grana da Michelin (a segunda maior fabricante de pneus do mundo) por trás, as edições ficaram cada vez mais robustas.
Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, os Aliados usaram cópias da versão de 1939 do guia (a última feita antes do conflito). Os mapas da França da Michelin foram considerados os mais atualizados disponíveis naquele momento.
Apesar da fama, o Guia Michelin por vezes é criticado por focar em restaurantes caros, pouco acessíveis. Um levantamento de 2021 revelou que o custo médio para um menu degustação (aquele com várias etapas) em um restaurante duas estrelas era de US$ 252.
Quer seguir o guia, mas sem estourar a fatura do cartão? Criado em 1997, o Bib Gourmand é um selo para restaurantes com bom custo benefício. O nome vem do mascote da empresa, o "boneco da Michelin" (cujo nome, em francês, é "Bibendum"; "Bib").
super.abril.com.br
Veja essa e outras matérias em