Por muito tempo, elas foram as principais fabricantes da bebida – mas no século 16, outros comerciantes associaram essas artesãs à bruxaria. Entenda essa história.
A cerveja é majoritariamente associada aos homens: eles estão à frente das maiores fabricantes do mundo, e também costumam ser o público-alvo dos comerciais da bebida.
Nem sempre foi assim. No início da civilização, enquanto os homens geralmente se encarregavam da caça, as mulheres eram responsáveis por coletar grãos e preparar os alimentos – inclusive a cerveja.
Nas culturas viking e egípcia, as mulheres preparavam a bebida em cerimônias religiosas ou mesmo para o consumo doméstico, já que a cerveja é um alimento prático e rico em calorias.
Até o século 16, a cerveja era um alimento comum para as famílias da Europa, e a sua produção era só mais uma tarefa doméstica para as donas de casa.
Viúvas e mulheres solteiras aproveitavam a habilidade com a fermentação para ganhar algum dinheiro extra nos mercados. Já as mulheres casadas podiam fazer parcerias com os maridos para administrar cervejarias.
As cervejeiras usavam chapéus grandes e pontudos para serem reconhecidas pelos seus clientes no mercado. Geralmente estavam diante de grandes caldeirões, que usavam para fabricar o goró.
Aquelas que tinham estabelecimentos próprios deixavam uma vassoura na porta para avisar que a bebida estava disponível para ser comprada. Também era comum que elas criassem gatos, para manter os ratos longe dos grãos.
Alguns comerciantes homens viram a oportunidade de eliminar a concorrência pegando carona na Inquisição – movimento da Igreja Católica que pretendia combater a heresia e a bruxaria.
Os cervejeiros passaram a acusar as mulheres de bruxaria, alegando que elas utilizavam os caldeirões para preparar poções mágicas ao invés do entorpecente.
Nem todos os homens acreditavam que elas eram bruxas, mas muitos defendiam que produção e comércio de cerveja não era para as mulheres, já que o tempo investido no negócio era desviado dos cuidados da casa e dos filhos.
Hoje, o cenário da produção de cervejas é bem diferente. Uma pesquisa da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou que apenas 17% das cervejarias artesanais têm uma mulher como CEO, sendo que apenas 4% delas contam com uma mestre-cervejeira.
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