A técnica construiu clássicos como O Estranho Mundo de Jack (1993), A Fuga das Galinhas (2000), O Fantástico Sr. Raposo (2009) e Paranorman (2012). É trabalhosa e lenta, quase artesanal. Entenda como ela funciona.
O stop motion usa o mesmo princípio da animação tradicional: vários frames com sutis diferenças entre si são exibidos em alta velocidade para dar a ilusão de movimento. Só que, em vez de um desenho em cada quadro, usa-se fotos de bonequinhos ou fantoches.
A série japonesa Rilakkuma e Kaoru, por exemplo, começou a ser pré-produzida em 2017 para estrear no segundo trimestre de 2019. Cada segundo é composto por cerca de 12 fotos, e a série inteira, com 13 episódios de 11 minutos, exigiu mais de 102 mil fotos.
Primeiro, os roteiros são gravados de maneira bem simples com humanos, para os animadores terem referências dos movimentos dos personagens – especialmente os da boca, conforme falam, e o jeito como andam.
Depois, enquanto os dubladores gravam os diálogos finais, a equipe de direção de arte tem que produzir, na escala proporcional, todos os cenários que serão utilizados na série ou no filme. No caso de Rilakkuma, isso levou cerca de seis meses.
Paralelamente, é preciso criar os bonecos. Em Rilakkuma, mais de 70 fantoches de 25 cm foram feitos por uma impressora 3D com resina ABS (a mesma das peças de Lego). Já a ilusão da pele foi criada com uma fina camada de tecido.
Há mecanismos dentro da cabeça dos bonecos, acionáveis por uma microchave, que controlam olhos, sobrancelhas e boca. Os bonecos são tão delicados que os animadores passam por treinamentos antes de poder mexer neles e só podem tocá-los com luvas.
As filmagens não ocorrem em ordem cronológica. Geralmente, cada animador faz todas as cenas específicas de um cenário. Para os responsáveis poderem trabalhar paralelamente, são feitos vários bonecos dos mesmos personagens.
Os animadores ajustam a luz e a câmera nos estúdios, posicionam o boneco e fazem o clique. Então, retornam ao boneco, alteram levemente sua posição ou expressão e clicam de novo – até obter os milhares de frames necessários.
Para o personagem dar um passo (ou seja, ficar com uma perna no ar), por exemplo, ele é afixado com um alfinete. Para segurar um objeto, este é fixado com uma tachinha.
As imagens clicadas vão todas para um software que ajuda o animador a comparar a foto anterior e a atual, além de reunir os “trechos” gravados por cada animador. Depois, basta aplicar os diálogos gravados, a trilha sonora e pronto.
super.abril.com.br
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