Existem mais estrelas no Universo que grãos de areia na Terra. Você já deve ter ouvido essa afirmação em algum lugar (ou lido aqui na Super, mesmo).
A frase é verdadeira: estima-se que existam 7,5 quintilhões (número de 18 zeros) de grãos de areia por aqui. Já no Universo observável existem 10 sextilhões de estrelas (1 seguido de 22 zeros). Mil vezes mais.
O que poderia existir em quantidade maior ainda? Segundo pesquisadores do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, a quantidade de células existentes hoje é trilhões de vezes maior do que o número de grãos de areia. E milhões de vezes maior que estrelas.
Segundo o artigo publicado na Current Biology, existem atualmente um nonilhão de células, 1 seguido de 30 zeros (sim, esse número existe). A maioria delas são cianobactérias: organismos unicelulares, procariontes e que realizam fotossíntese. Mas seu corpo não fica muito atrás: cada ser humano tem 37,2 trilhões de células.
Para o cálculo, os pesquisadores coletaram estimativas da quantidade de microrganismos presentes na água e no solo terrestres, além de estudos sobre número de células existentes em organismos maiores (o que é sempre uma aferição dificílima de se fazer).
Os autores calcularam, ainda, quantas células já existiram na história, desde o início da vida na Terra: um duodecilhão de células
(1 seguido de 39 zeros).
Essa estimativa foi feita com base na produtividade primária, nome do processo pelo qual o dióxido de carbono (CO2) é convertido pelas plantas em compostos de carbono que fornecem energia para seres vivos, como açúcares e amidos.
Esses compostos energéticos – produzidos por meio da fotossíntese – são consumidos por outros organismos, que se alimentam de plantas. Por sua vez, os herbívoros são comidos por carnívoros, que enfim morrem e se decompõem, completando o ciclo do carbono.
Em outras palavras, é possível partir da fotossíntese e dos níveis de carbono na atmosfera para estimar a quantidade de carboidrato que é usada na construção de todos os seres vivos da cadeia alimentar – e, portanto, de todas as suas células.
Os pesquisadores usaram a literatura científica para estimar os tipos de organismos fotossintetizantes que existiam no passado e determinar quanto açúcar eles produziram. A partir daí, calcularam quantas células seriam necessárias para sustentar essa produtividade.
As cianobactérias foram os primeiros organismos fotossintetizantes, e imperaram entre 3,4 bilhões e 2,5 bilhões de anos atrás. Depois, sua produtividade foi ultrapassada pelas algas, há cerca de 800 milhões de anos, e em seguida pelas plantas, há 450 milhões de anos atrás.
Somando tudo isso, sabemos que algo entre 1039 e 1040 células já existiram. Esse cálculo pode ajudar cientistas a prever como os seres vivos vão fazer uso do carbono no futuro. Segundo o estudo, os organismos fotossintetizantes já reciclaram todo o carbono da Terra cerca de cem vezes.
super.abril.com.br
Veja essa e outras matérias em