Há 30 anos, o Brasil tinha 7 dias com ondas de calor por ano. Hoje, são 52 

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) analisou a incidência de dias secos, precipitações e ondas de calor nos últimos 30 anos. E descobriu uma coisa quente: o número de dias com ondas de calor extremo subiu de 7 para 52 dias por ano nesse período.

Há 30 anos, o Brasil tinha 7 dias com ondas de calor por ano. Hoje, são 52 

O estudo, solicitado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) e liderado pelo pesquisador do Inpe Lincoln Alves, buscou analisar a ocorrência de três fenômenos climáticos extremos no Brasil: dias consecutivos secos, precipitação máxima de 5 dias e as ondas de calor. 

Três é demais

O mês de novembro de 2023 foi marcado pela chegada de uma onda de calor. Termômetros em São Paulo marcaram uma máxima de 37,7 °C, a maior temperatura desde 1943. Já a sensação térmica em lugares como o Rio de Janeiro chegou a bater 58,5 °C.

A pesquisa mostrou que esses não são casos isolados. Na verdade, fenômenos assim estão se tornando corriqueiros.  Analisando o período histórico de 1991 até o ano 2020, foi observado um crescimento na ocorrência dessas anomalias, principalmente no caso das ondas de calor. 

Se define uma onda de calor quando a temperatura máxima fica pelo menos 10% acima do limiar do que é considerado extremo por um período de pelo menos seis dias seguidos. 

A batata tá esquentando 

Eles dividiram essas análises em intervalos de 10 anos. Nos casos das ondas de calor, foi registrado um aumento durante os últimos 30 anos por todo o território nacional, com exceção da região Sul do país, além da porção sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso. 

O aumento do número de dias de calorão foi sucessivo ao longo dos anos. Durante o período de referência utilizado para análise, entre os anos de 1961 e 1990, o número de dias com ondas de calor ficava em torno de sete.

Entre 1991 e  2000, por outro lado, chegamos a ter 20 dias com ondas de calor por ano.  No intervalo de 2001 até 2010 esse número chegou à casa dos 40, e de 2011 para 2020 atingimos a marca de 52 dias no ano com ondas de calor. 

Já o número de dias secos consecutivos subiu de 80 para 100, em média, na área central e no Nordeste do país. Já no que diz respeito ao aumento das chuvas, a mais afetada foi a região Sul. A precipitação máxima de 5 dias passou de 140 mm para 160 mm. 

Parte dessas ondas de calor extremas no país são uma combinação da crise climática com o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. 

Mas parte disso é em razão das mudanças climáticas. O mais recente relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) já alertou que elas estão impactando diversas partes do mundo de formas diferentes, inclusive o Brasil. 

super.abril.com.br

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