As mudanças climáticas podem reduzir a área adequada ao cultivo de grãos especiais na Etiópia nas próximas décadas, tirando uma fonte de renda importante dos agricultores.
Hoje, há duas espécies do grão com importância econômica: o Robusta e o Arábica. Os maiores produtores de café Arábica no mundo são o Brasil, a Colômbia e a Etiópia.
Quem aprecia a bebida sabe que existem cafés especiais com vários sabores e aromas – frutados, doces ou herbais, por exemplo. O que define essas características não é a espécie do grão, mas o local de cultivo, com seu clima e topografia específicos.
27% do território da Etiópia é adequado para o plantio de Arábica, mas só um terço dessa área tem a geografia necessária para gerar variedades especiais. E até 2090, parte dessa área pode ser perdida como resultado das mudanças climáticas.
Para chegar a essa conclusão, cientistas montaram simulações de computador considerando variações nas tendências climáticas, no relevo e nas características do solo.
As plantas de onde se retira o café amadurecem mais rápido do que o grão quando o clima está muito quente. Isso leva a um café de qualidade inferior. Já o aumento das chuvas prejudica alguns cafés especiais, mesmo que aumente a produção no geral.
A área total para o cultivo de café na Etiópia deverá crescer. Mas os locais adequados para os tipos especiais devem diminuir. Os mais afetados serão o Harar e o Yirgacheffe – que podem perder 40% de sua área de cultivo nos próximos 70 anos.
O país tem cerca de 5 milhões de pequenos agricultores que produzem, em média, 400 mil toneladas de café por ano. O produto representa quase um terço da exportação agrícola do país.
A demanda por cafés especiais é crescente no mercado mundial e representa um bônus importante para os produtores. Forçados a cultivar o café tradicional, eles passariam a competir com a agroindústria, com produtividade maior e preços menores.
super.abril.com.br
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