O homem por trás da bomba atômica gostava de poesia, era poliglota e foi acusado de ser um espião comunista. Confira.
Robert Oppenheimer tinha facilidade para aprender línguas. Além do inglês, ele falava francês, latim, alemão, grego, holandês (que aprendeu para dar aulas no país) e sânscrito, uma língua ancestral indiana.
Interessado em filosofias orientais, o cientista aprendeu sânscrito para ler o Bhagavad-Gita, texto sagrado do hinduísmo, na versão original. É de lá que vem a frase “agora me tornei a Morte, o destruidor de mundos”, dita por ele num documentário em 1965.
Poesia era um dos hobbies de Oppenheimer. O cientista era fã do poeta inglês John Donne (1572-1631). Tanto que batizou o teste da bomba atômica de "Trinity" – nome de um dos poemas de Donne.
Enquanto fazia química em Harvard, Oppenheimer passava a maior parte do tempo estudando em seu dormitório. Ele se entupiu de aulas e se formou em três anos (em vez de quatro).
Nessa época, sua dieta consistia basicamente de cerveja, chocolate e torradas com pasta de amendoim. A alimentação do físico nunca foi muito saudável, diga-se.
Durante sua pós em Cambridge, no Reino Unido, Robert descobriu
ser um desastre na física experimental, com sucessivos erros no laboratório. Frustrado, ele
passou a exibir comportamentos autodestrutivos e sinais
de depressão.
Certa vez, durante uma de suas crises emocionais, Robert encheu uma maçã com produtos químicos e a deixou para seu tutor, Patrick Blackett. Ele não comeu, mas Oppenheimer foi descoberto – e passou a ter consultas obrigatórias com um psiquiatra.
Depois do doutorado, ele passou a dar aulas em duas universidades na Califórnia. Só que, como professor, ele era um ótimo físico: sua didática era péssima, e só um aluno de sua primeira turma chegou ao final do curso – ele precisava dos créditos.
Com o tempo, Oppenheimer pegou o jeito e passou a atrair cada vez mais estudantes. Os mais próximos o chamavam de “Oppie”. Não raro, recebia alunos em casa para orientações – e festas cheias de álcool.
Em 1953, Oppenheimer foi acusado de ser um espião. O cientista tinha relações com a esquerda americana, mas nenhuma aproximação com a URSS. Porém, em época de Guerra Fria, o boato foi levado a sério.
Em um julgamento, ele perdeu todos os vínculos com o governo. Sentindo-se humilhado, optou por um estilo de vida mais recluso. Quando páginas da audiência vieram a público, em 1962, ficou óbvio que ele não era um espião.
Nos anos seguintes, esforçou-se para alertar as pessoas sobre o perigo do que havia criado: deu palestras, entrevistas e lutou para a criação de um acordo internacional de regulação das armas nucleares. Oppenheimer morreu em 1967, aos 62 anos, de câncer do pulmão.
super.abril.com.br
Veja essa e outras matérias em