Árabes e judeus já viveram em harmonia no território que hoje corresponde a Israel. Quase um século atrás, porém, a paz deu lugar a uma onda de violência sem fim.
O episódio mais recente começou no último sábado (dia 7), com uma onda de ataques do grupo palestino Hamas – a que Israel respondeu lançando mísseis na Faixa de Gaza.
Mas nem sempre foi assim. Acontece que esses dois povos já viveram em paz no território que hoje corresponde a Israel, por mais improvável que isso possa parecer. Judeus e árabes conviveram de forma pacífica na região durante séculos.
Eles coexistiram por lá, de forma relativamente tranquila, até o fim do século 19. Na época, a região era uma província do Império Otomano – um Estado gigante, que ocupava parte do norte da África, Oriente Médio e Leste europeu.
Nas primeiras décadas do século 20, porém, essa harmonia daria lugar a um cenário sombrio, de muita violência e destruição. Tudo começou com a derrocada do Império Otomano na 1ª Guerra Mundial (1914-1918).
O Império foi derrotado pela Tríplice Entente, a aliança militar formada por Reino Unido, França e Império Russo. Assim, a Liga das Nações, organização antecessora da ONU, determinou que a administração da Palestina fosse entregue à Grã-Bretanha.
É provável que a convivência pacífica entre eles em nada tivesse sido alterada não fosse um detalhe: o aumento incessante e exponencial da população judaica.
A imigração era incentivada pelo sionismo, movimento internacional criado havia não muito tempo com o objetivo de fundar um Estado judeu em solo palestino.
A Grã-Bretanha apoiava o movimento e prometia aos sionistas algo difícil de cumprir: criar na Palestina um “lar nacional” para os judeus viverem em segurança, sem violar os direitos dos árabes que já moravam ali.
Nos anos seguintes, novos distúrbios foram se repetindo. Os choques eram comuns, em decorrência, principalmente, das disputas por terras e por água, bens cada vez mais escassos e disputados devido ao aumento progressivo da população.
Em 1936 tem início a 1ª Rebelião Árabe. Começou com greves e protestos de rua contra o domínio britânico, liderados pela elite árabe urbana, mas evoluiu para um movimento de extrema violência capitaneada por camponeses nas zonas rurais.
Convencidos de que o contínuo aumento da população judaica só levaria a tensão a níveis ainda mais críticos, os britânicos acabaram recuando em sua promessa de criar naquele território um Estado judeu.
Restrições imigratórias começaram a ser adotadas. E a resposta foi imediata, com a comunidade judaica organizando uma rede de apoio à imigração ilegal.
Com as restrições de imigração, grupos armados eram organizados pelos judeus para infernizar a vida dos mandatários britânicos. Um deles era a Haganah, embrião das atuais Forças de Defesa de Israel.
Uma guerra civil estava instaurada e o reflexo mais dramático dela parecia ser o êxodo de palestinos. De 1947 a 1948, mais de 700 mil abandonariam seu lar e rumariam para territórios vizinhos, formando gigantescos campos de refugiados
Diante do caos, os britânicos entregaram os pontos e decidiram que era hora de sair da Palestina. Eles então entregaram o problema à recém-criada Organização das Nações Unidas.
Caberia à ONU elaborar um plano de partilha do território que desse origem a dois Estados independentes, um árabe e outro judeu.
Em 29 de novembro de 1947, a proposta foi aprovada em assembleia geral. Aos judeus, que àquela altura já eram cerca de 700 mil, caberiam 53% da área em questão.
O restante ficaria com os árabes, estimados em 1,4 milhão de habitantes. A cidade de Jerusalém, sagrada e tão simbólica para os dois povos, permaneceria sob controle internacional.
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