A menos que você queira cultivar mais de 600 plantinhas, vale mais a pena só abrir portas e janelas durante o dia. Entenda por quê.
A suposição de que plantas domésticas comuns são capazes de remover toxinas e poluentes para purificar o ar de ambientes fechados vem de um estudo de 1989, da Nasa.
O problema é que isso só funciona se você tiver um número absurdo de plantas. Em uma casa de 140 metros quadrados, seria preciso, no mínimo, 680 delas para melhorar a qualidade do ar.
Mesmo assim, o exército de plantinhas só conseguiria o mesmo efeito de um par de janelas abertas. Então, vale mais a pena investir na ventilação natural dos ambientes, como concluiu uma revisão crítica de mais de 190 experimentos.
Os autores da revisão concluíram que o estudo da Nasa só mostrou que plantas poderiam purificar o ar de ambientes fechados porque conduziu experimentos que não reproduziram com precisão a vida real.
O estudo colocou plantas em uma câmara hermética menor que um metro cúbico, com uma quantidade notável de poluentes. Em um dia, até 70% deles foram removidos pelas plantas. Mas essa é uma situação bem diferente da realidade.
Pesquisas posteriores seguiram a mesma lógica e também eram imprecisas. Nenhuma delas controlou ou mediu a taxa de troca do ar interno com o externo, por exemplo, algo que normalmente acontece em ambientes fechados – e faz diferença na dispersão dos poluentes.
Isso não significa que pesquisas sobre como as plantas podem filtrar poluentes em câmaras fechadas são irrelevantes. Elas devem continuar – mas é preciso cautela para que possíveis descobertas não extrapolem indevidamente para ambientes do mundo real.
Segundo Michael Waring, um dos autores da revisão, esse é um exemplo de como a ciência deve reexaminar e questionar continuamente suas descobertas, para se aproximar de verdade do que acontece ao nosso redor.
super.abril.com.br
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