Por que há dois dias da semana em que não trabalhamos? 

Em 2022 a ONG britânica 4 Day Week deu início a uma iniciativa que pode mudar regimes de trabalho em todo o mundo: convencer empresas de vários países a adotarem experimentalmente semanas de apenas quatro dias. 

Por que há dois dias da semana em que não trabalhamos? 

Fica a pergunta: por que a semana tem sete dias? E quando o sábado se uniu ao domingo como dia de descanso, ainda que não universal?

Diferentemente de outros sistemas de medição em nosso calendário, a semana é uma unidade de tempo arbitrária. O dia é a própria rotação da Terra, o mês representa as fases da Lua, e o ano corresponde ao giro da Terra em volta do Sol. 

Raízes babilônicas

O agrupamento dos dias em pacotes de sete é resultado de tradições que começaram nas primeiras civilizações da Mesopotâmia, há cerca de 4 mil anos.  Eles dividiam o ano em períodos de sete dias em homenagem aos sete corpos celestes vistos a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, o Sol e a Lua. 

Também há o fato de que o sete sempre foi considerado um número especial por suas propriedades matemáticas. Acredita-se que essa tradição tenha dado origem ao mito bíblico da criação em sete dias (com o descanso no último, o shabat judeu, que deu origem ao sábado). 

Por influência judaico-cristã, o imperador Constantino oficializou a semana de sete dias no calendário romano no ano 321 d.C. Recém-convertido ao catolicismo, decretou o dia de descanso e oração: o dia do Sol, rebatizado para dies Dominica (“dia do Senhor”). Daí o nome “domingo”. 

Influência judaico-cristã 

A semana de sete dias se espalhou pelo mundo e hoje é adotada por praticamente todas as culturas. Os países ocidentais, como você sabe, têm maior influência cristã, então mantiveram a folga no domingo mesmo. 

Na Arábia Saudita, muçulmana, o dia de folga é a sexta. Em Israel, o sábado. E em ambos todo mundo trabalha normalmente no nosso domingo.  Mas por que o nosso sábado entrou no balaio dos dias de folga ocidentais? Essa parte tem menos a ver com religião e mais com os movimentos trabalhistas. 

Na Inglaterra do século 19, muitos trabalhadores saíam das fábricas no final da tarde do sábado para curtir a noite e o domingo com bebidas e festas.  Na segunda-feira, é claro, estavam todos destruídos. 

“Santa segunda”

A farra era tanta que os trabalhadores inventaram um feriado religioso chamado “Santa Segunda” – que de santa não tinha nada. Era uma desculpa para ficar em casa se recuperando da ressaca. Virou moda que os trabalhadores faltassem ao trabalho no primeiro dia da semana.

Alguns patrões concordavam em oferecer metade do sábado de folga, desde que os trabalhadores garantissem que estariam no trabalho na segunda-feira. Sindicatos também faziam pressão para que o expediente fosse encerrado mais cedo no sábado. 

Nos EUA, algumas empresas passaram a oferecer o sábado inteiro de folga para acomodar os trabalhadores judeus, que dedicam esse dia à religião.  Outras começaram a ver o final de semana como uma oportunidade de estimular o turismo e as compras. 

No início do século 20, os dois dias de folga se estabeleceram ao redor do mundo – e, consequentemente, os cinco dias trabalhados durante a semana. 

super.abril.com.br

Veja essa e outras matérias em