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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Dá para ganhar bem mais do que a Bettina

O mercado está cheio de mecanismos que permitem ganhos absurdos. Para se dar bem com eles você só precisa de um DeLorean com capacitor de fluxo.

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Atualizado em 20 mar 2019, 19h45 - Publicado em 20 mar 2019, 18h51

Comprei R$ 1.520 em ações das Forjas Taurus no ano passado. Os papéis subiram 200% em 2018, por conta das eleições. Resultado: R$ 4.500.

Aí peguei tudo e comprei em opções de venda da Vale imediatamente antes de Brumadinho. As opções bateram em 21.000% logo que as comportas estouraram – pode ver no noticiário. Foi o bastante para transformar R$ 4,5 mil em R$ 949 mil.

Então deixei descansando num fundo aí, e agora estou com R$ 1.042.000 esperando a próxima.

Fácil.

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Quer saber qual é a boa pra 2019? Manda 300 reais que eu conto. Os 100 primeiros ganham um exemplar do meu novo livro, A Dieta do Brigadeiro de Colher.

É isso. Usei a primeira pessoa aqui só para chamar a atenção. Óbvio que a possibilidade de acumular um milhão de reais partindo de um valor irrisório em pouco tempo (ou em qualquer intervalo de tempo) é nula. Óbvio que o caso Bettina se trata de propaganda enganosa, tanto que a Empíricus, a empresa de venda de relatórios financeiros por trás do comercial, foi notificada pelo Procon, e deverá prestar esclarecimentos sobre o video da jovem que diz ter transformado R$ 1.520 em R$ 1.000.042. Pode ficar feio.

Nos últimos anos, a melhor oportunidade no mercado à vista de ações foi a subida de 200% da Taurus. Pouco diante dos 66.000% necessários para criar a fortuna súbita de Bettina.

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Onde dá para ganhar exponencialmente, como mostrei aqui, é no mercado de derivativos. Foi o caso lá das opções de compra da Vale. Na vida real, alguns investidores realmente ganharam mais de 20.000% em um dia com o rompimento das barragens. Um deles, inclusive, decidiu doar sua bolada pra as vítimas de Brumadinho. O cara tinha apostado numa queda das ações da Vale por conta do arrefecimento do mercado chinês, não pela eventual iminência de uma tragédia.

Falei “aposta” lá em cima porque derivativos são um casino mesmo. Funciona assim: uma opção de compra é um papel que te dá o direito de vender uma ação a um preço predeterminado dali a um mês, por exemplo. Tipo: uma ação da Vale está a R$ 50 hoje. Existem no mercado papéis que te dão o direito de vender ações da Vale no dia 20 de abril por R$ 48. Cada um desses papéis custa, digamos, R$ 0,50. Vamos chamá-los de “tickets”

Para quê eles servem? Para quem acha que a ação vai cair. O cara pega e compra 100 desses tickets por R$ 50. Se no dia 20/04 a ação da Vale estiver a R$ 45, o cara compra 100 ações a R$ 45 e vende por R$ 48, já que cada ticket funciona como um contrato. Deve ser honrado na data do vencimento por quem o vendeu. Pronto: os R$ 50 viraram R$ 3.000. 5.900%

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Por que alguém vende uma tromba dessas? Porque, se a ação da Vale não cair, o vendedor ganha dinheiro sem fazer nada. Se ela estiver em R$ 52, o tal direito de vende-la por R$ 48 não serve para nada – ninguém vai comprar ações a R$ 52 para revender a R$ 48. Ou seja: quem comprou os tickets perde tudo. Acabou.

Na outra ponta, existe a opção de compra. Essa é a boa para quando a ação sobe. Vamos lá. A Vale está a R$ 50. O sujeito compra um ticket que lhe dá direito a adquirir a ação por R$ 52 dali a um mês. Se a ação for a R$ 55 ele compra a R$ 52 no mercado e vende na mesma hora por três reais a mais. Pronto: ganhou R$ 3.000.

Na verdade, o cara nem precisa comprar ações de verdade no mercado. O preço do tícket sobe sozinho se a ação estiver em alta. Se a ação estiver a R$ 55 no dia do vencimento de uma opção de compra de R$ 52, o ticket estará valendo algo bem próximo de R$ 3 no mercado. O normal, então, é pegar e vender a opção por uns R$ 2,95 para alguém que esteja disposto a fazer o trâmite no mundo real em troca de um chorinho (geralmente um banco mesmo).

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O preço das opções flutua bastante, claro. Uma opção de venda da Vale a R$ 45 valerá rigorosamente 1 centavo se estiver próxima do vencimento e ação estiver a uns R$ 50. Você vai lá e compra. Aí acontece Brumadinho. A ação cai para R$ 40 do dia para a noite. O que rola com a sua opção? Vai para tipo R$ 4,95. Uma valorização de quase 50.000%.

Taí. Com derivativos dá para lucrar porcentagens bettínicas. Eu mesmo tirei 1.775% num dia só uma vez (e vi os gloriosos R$ 80 que tinha apostado virarem R$ 1.500).

Essa aconteceu mesmo comigo. Não é fábula. Só que aí vem a parte mais óbvia: o nome disso é sorte, não é estratégia. Não existe “estratégia” para ganhar porcentagens cósmicas. Para ter ganhos exponenciais com opções de venda, você precisa de uma tragédia. Um Brumadinho, um 11 de Setembro, duas plataformas da Petrobras explodindo no mesmo dia.

Se forem opções de compra, mesma coisa, mas com o sinal trocado: só com notícias fenomenais, daquelas que acontecem uma vez a cada década.

That’s it. Transformar 1,5 mil reais em um milhão é simples. Você deixa os fatos surpreendentes acontecerem e então arruma um DeLorean com capacitor de fluxo. Aí é só voltar no tempo, comprar os derivativos certos e correr para o abraço.

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Falou. Valeu.

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