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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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É a inteligência que reconstrói um país, não a vingança

Os países de economia mais próspera são os que mais cultivam a liberdade, a igualdade, o diálogo. Não a raiva acéfala

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Atualizado em 29 out 2018, 12h35 - Publicado em 28 out 2018, 11h07

Bolsonaro é um produto que atende a uma demanda por vingança. Vingança contra a falta de segurança pública, contra os conchavos políticos, contra a corrupção nas estatais. Vingança.

Nenhuma sociedade, porém, se reconstrói na base da vingança. É na base do acordo, da tolerância, da ideia de que todas as pessoas são iguais – de que não estamos divididos entre bons e maus, entre corretos e pervertidos, entre “nós e eles”. Em suma, precisamos de inteligência.

E inteligência é tudo o que falta não só em Jair, mas na equipe que o cerca. Gente que acha a Teoria da Evolução e o Gênesis são obras equivalentes. E que acha ok se as escolas ensinarem só o texto bíblico. Gente que tem ainda menos noção sobre as instituições democráticas que ele próprio – se o Bolsonaro de 2018 não se diz golpista, como se assumia em 1993, o homem que ele escolheu para vice é, sabemos todos, abertamente favorável uma “revolução militar”.

Bolsonaro pega ainda mais pesado. A fala dele sobre ter um filho gay é conhecida. Outra particularmente chocante é a que ele diz “não ser normal um casal de pais se sentar no restaurante com o filho e o namorado dele”.

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Se você tiver um filtro Regina Duarte no cérebro, vai achar isso uma banalidade. Não é. Vinda de um Presidente da República, uma fala assim é um chamado para a guerra. É como se ele conclamasse os cidadãos do País a retirar homossexuais do convívio social. A relegá-los a guetos. Sim, Bolsonaro não disse isso em campanha. Mas é o que ele pensa.

E ele também pensa que a tortura é um bom mecanismo de interrogação e que o Estado deve tolerar execuções sumárias, caso sejam obra de gente fardada. E disse tudo isso em campanha. Segue dizendo.

Como um jornalista de viés liberal, não tenho dúvidas de que a equipe econômica de Paulo Guedes será melhor do que qualquer uma que Haddad viesse a montar. O caminho está mesmo em manter a responsabilidade fiscal, conceder independência ao Banco Central, desmembrar e vender estatais disfuncionais.

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Só tem um detalhe: um país que tem a vingança como seu eixo motor, a própria economia não roda. Não tem Friedman nem Greenspan que deêm jeito.

Os países mais economicamente prósperos são justamente os que mais prezam as liberdades individuais. São os que inventaram o conceito de liberdade individual. E liberdade individual não é só pagar menos imposto para abrir uma empresa. É liberdade para ser e dizer o que quiser. É liberdade para achar que o que está acima de todos não é Deus, ou seus autoproclamados profetas, mas que o que está acima de todos é a liberdade, a igualdade, a habilidade de entender o outro.

É disso que as nações são feitas. O resto é guerra tribal. Que Bolsonaro, diante da responsabilidade que agora tem, introjete algo desses conceitos, e faça um governo digno.

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