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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Guia relâmpago do Tesouro Direto

O Tesouro Direto não é um investimento. Ele consiste basicamente em quatro tipos de investimento. Um diferente pra caramba do outro.

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Atualizado em 29 set 2017, 19h40 - Publicado em 1 out 2015, 21h17

tesouro

O Tesouro Direto não é um investimento. Ele consiste basicamente em quatro tipos de investimento. Um diferente pra caramba do outro. Vai aqui, pelo nome de cada um dos títulos que o tesouro vende:

Tesouro SelicPaga a taxa básica de juros da economia (menos IR e as despesas administrativas). É o único título público cujo valor cresce todos os dias, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza. Dessa forma, dá para você sacar seu dinheiro a qualquer momento, sem risco de perda. Você só perde dinheiro com ele se o Brasil virar uma Grécia piorada, e o governo dar calote em todos os títulos da dívida interna. Mesmo assim, isso é uma hipótese implausível. Governos por aí até dão calote nas suas dívidas em dólar – porque tem hora que falta dólar mesmo. Mas não tem porque dar chapéu nos títulos que dão direito à moeda local, já que o governo é quem imprime sua própria moeda. A Grécia mesmo está complicada justamente porque não emite a própria moeda, aí precisa pedir arrego para a Comunidade Europeia sempre que o cinto aperta. Mas essa é outra história. Vamos voltar ao que interessa. E sim: Tesouro Selic não tem erro. O único problema é que ele não tem um potencial de rendimento tão grande quanto os outros títulos. 

Risco: de boa, tranquilo, não esquenta.

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Tesouro IPCA+: paga a inflação, seja ela qual for, mais uma porcentagem extra ao ano. Esse extra vive uma alta histórica hoje (está em 7,5%). A vantagem: se a Selic começa a cair, seu título de 7,5% valoriza, e você consegue vendê-lo com muito lucro antes do vencimento. Vender para quem? Existe um mercado de títulos. Os bancos compram e vendem todos os dias, em quantidades mastodônticas. Então o governo compra ele de você automaticamente, e recoloca no mercado, como se fosse um intermediário – nem é uma operação para ganhar dinheiro, mas para dar “liquidez” ao título, ou seja, permitir que você consiga vender quando quiser. Bom, a possibilidade de você fazer essa venda com um lucro polpudo existe por causa do seguinte: quando a Selic baixa, o governo começa a lançar títulos Tesouro IPCA+ que pagam porcentagens mais baixas, tipo 5%. E nunca mais lança os de 7,5%. O que acontece com os esses de 7,5%, então? Viram raridade. E o que acontece com coisas raras? O valor delas cresce. Num cenário desses, então, você consegue vender o seu título com um baita lucro.  Normalmente, dá para ganhar 30% a cada 1% que o governo corta dos juros que paga nos títulos. Bom, hoje eles estão acima de 7%. Há poucos anos, estavam a 3%.  Se as coisas se acertarem no país, a Selic baixar, e os juros do Tesouro IPCA + baixarem 4 pontos percentuais, quem tiver entrado nessa vai se dar MUITO bem.  O perigo: se os juros subirem mais ainda e ficarem lá nas alturas por anos e anos, com o governo lançando IPCA’s+ que pagam 9%, 10%, o seu de 7,5% vira lixo. Você não vai conseguir vender por mais do que pagou. Prejuízo. O único jeito de não perder num cenário desses é esperar até o vencimento, aí o dinheiro cai na sua conta corrigido e com juros compostos de 7,5% ao ano. O problema aí é esperar. É que, hoje, as únicas datas de vencimento disponíveis para os IPCA’s+ são 2019, 2024 e 2035. Ou seja: a chance de você morrer antes de ver o seu dinheiro de novo não é desprezível. Sad, but true.  

Risco: para quem pode esperar, zero. Para quem não pode, vish… Cuidado.

Tesouro IPCA+ com juros semestrais: Igual o tesouro IPCA, só que você recebe 2,9% do total a cada seis meses, como um adiantamento dos juros. Se você tiver R$ 1 milhão, isso dá o equivalente a um salário extra de R$ 4.800 por mês, corrigidos pela inflação, para o resto da vida – tudo enquanto o seu milhão continua rendendo. Para o resto da vida mesmo, porque hoje tem Tesouro IPCA+ com juros semestrais com vencimento só em 2050. Para quem tem um milhão, então, os R$ 4.800/mês (ou o tanto que for equivalente a isso nas próximas décadas) continuam caindo bonitinho na sua conta ao longo dos próximos 35 anos. Se o seu nome for Neymar da Silva Santos Júnior, então, esse título é para você. Se não for, também pode ser uma, mas as migalhas que vão cair a cada seis meses vão corroer o seu rendimento lá na frente, porque o que sobrar vai render basicamente a inflação.

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Risco: um pouco menor que o do IPCA+ normal, já que o preço de mercado do seu título sobe sempre que a data de pagamento do juro semestral se aproxima. 

Tesouro Prefixado: É especulação pura e cristalina. Você coloca o dinheiro e sabe quanto vai ganhar lá na frente, daqui a alguns anos, quando o título vencer. Está pagando bem, na casa de 15% ao ano, por conta da Selic alta. Mas se o Brasil degringola de vez, e a inflação dispara para 30%, por exemplo, seus 15% de hoje não vão valer nada. A inflação ultrapassa o rendimento do título. E aí, um abraço. Com o IPCA+ não tem esse problema. Mesmo se a inflação desembestar, o título sempre vai pagar acima da danada. O Tesouro Prefixado não. Até tem prefixado que só paga no vencimento e pré-fixado com juros semestrais, mas o risco é o mesmo, claro. No fim das contas, o Tesouro Prefixado é um título para apostadores. E é isso: Tesouro Direto pode ser uma ótima, mas carrega riscos nada desprezíveis. Então cuidado para não enfiar seu dinheiro numa roubada.

Risco: se você leu o texto do Tesouro Prefixado, já sabe. Se não leu e veio direto aqui na parte do risco, talvez você seja preguiçoso demais para tomar conta das suas finanças sozinho.

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