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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O crash do bitcoin

Ele já perdeu 40% do valor nesta semana. Sim: pode ser que a bolha das criptomoedas tenha acabado de explodir.

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Atualizado em 22 dez 2017, 13h27 - Publicado em 22 dez 2017, 13h02

A Mania das Tulipas foi algo tão absurdo que historiadores já questionaram a própria existência dela. Mas não. Por volta de 1625, tulipas como a rarísima Semper Augustus (a mais nobre das tulipas da época) eram vendidas por mais de 1 mil florins, a moeda holandesa da época. E de fato: com esse dinheiro dava para comprar uma casa em Amsterdã. Mas esse ainda era um preço “normal” numa época em que possuir flores raras no seu jardim por algum tempo conferia tanto status quanto ter um Botticelli. A febre mesmo só começou na década seguinte.

Entre 1634 e 1637, o preço da Semper Augustus foi a 2 mil, depois 3 mil, 6 mil florins. E o das tulipas mais pedestres seguiu no mesmo bonde. Um saco com meio quilo de bulbos de Croenen amarela, bem mais ordinária, costumava sair a 20 florins. E não era barato – isso já dava alguns milhares de reais de hoje. No auge da febre especulativa, porém, o mesmo saco valia 1.200 florins – uma valorização de 5.900% em três anos. Tudo movido por especulação. Ninguém estava comprando essas tulipas para embelezar a casa. As pessoas só adquiriam os bulbos na esperança de vender mais caro logo depois. Isso bombava o comércio, e o preço subia mais ainda, num círculo vicioso – ou virtuoso, do ponto de vista de quem conseguia 1.000%, 2.000% de lucro cada vez que entrava nessa ciranda.

A Mania das Tulipas permaneceu por séculos como o exemplo máximo de efeito manada nos mercados financeiros. Mas ela perdeu o reinado para o bitcoin. Em meados de dezembro, a moeda virtual cravou uma alta de 7.800% – custava US$ 250 em 2015 e, em 17 de dezembro de 2017, chegou a US$ 19.857. Se na Holanda pagavam o preço de uma casa por uma flor, hoje estão pagando o preço de um carro por linhas de código que ninguém sabe exatamente para quê serve. Com cada uma das 16,7 milhões de unidades do bitcoin valendo quase US$ 20 mil, o valor total da criotomoeda somava US$ 332 bilhões. E não é só o bitcoin. Em 2017 lançaram uma nova criptomoeda por dia. Mais de uma, na verdade: em meados de dezembro, havia quase 1400 moedas eletrônicas (entre elas, a brasileira “Nióbio Coin”). Trinta dessas moedas valiam mais de US$ 1 bilhão. Não faz sentido.

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Mas a maré pode ter virado. Hoje, só cinco dias depois do pico, o bitcoin caiu para US$ 11.500. Um tombo de 42% – o bastante para transformar R$ 1.000 que você tenha comprado em bitcoin na segunda-feira em magros R$ 580. As outras criptomoedas estão caindo na mesma velocidade, e neste momento só 22 delas valem mais de US$ 1 bi.

Lá na Holanda, a bolha das tulipas viveu seu auge no final de 1636 e estourou no começo de 1637, quando os especuladores entenderam que estavam comprando vento. Bastante gente está chegando à mesma conclusão sobre suas criptomoedas.

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