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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O primeiro dia do fim do Universo

No futuro, a luz de todas as outras galáxias terá desaparecido. E quem estiver por aqui não terá nenhum meio para concluir que o Cosmos teve um início.

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Atualizado em 21 fev 2020, 15h35 - Publicado em 30 ago 2018, 15h49

Daqui a alguns bilhões de anos, todas as galáxias vão ter se afastado tanto da nossa que não vai dar pra ver nenhuma daqui. Com nenhum equipamento: elas vão se afastar a uma velocidade maior que qualquer luz ou qualquer outro tipo de informação que emitam – raios-x, ondas gravitacionais; qualquer coisa.

É o que já acontece com as galáxias fora do universo observável. A região mais distante que um telescópio pode observar fica a 46 bilhões de anos-luz daqui (para comparar, as estrelas que formam as Três Marias ficam a pouco mais de mil anos-luz). A luz das galáxias mais distantes começou a viagem delas até os nossos olhos há pouco mais de 13 bilhões de anos, quando o Universo era jovem e compacto. Nessa época, essas galáxias mais distantes e o lugar que a Terra ocuparia estavam mais próximos. Só que o Cosmos se expande. Enquanto a luz delas caminhava pelo espaço a 1 bilhão de km/h, a distância que essa mesma luz teve de percorrer para chegar até aqui foi aumentando. Em 13 bilhões de anos, ela esticou de alguns anos-luz de distância para acachapantes 46 bilhões de anos-luz.

Essa é a beirada do universo conhecido. E as galáxias que estão além dessa beirada? Não dá para enxergar nenhuma. Jamais dará. Quanto mais longe está um corpo celeste, mais rápido ele se afasta de nós – a taxa de expansão do tecido do Cosmos cresce com a distância. Bom, nada pode se mover através do espaço mais rápido que a luz (1,08 bilhão de km/h), como Einstein descobriu. Mas tem um detalhe: para o espaço em si não há limite. Ele pode se expandir a qualquer velocidade. E além da barreira dos 46 bilhões de anos-luz de distância, essa velocidade é maior que a da luz. Tudo o que houver além desse ponto está fora do nosso escrutínio.

Existem galáxias – e estrela e planetas – por lá? Provavelmente sim. Mas se em vez de galáxias houver elefantes cor-de-rosa gigantes, não temos como saber. Tem até uma teoria bacana, que diz que, lááááá longe, existem cópias idênticas da Via Láctea, do Sol, da Terra, de você. Mas de novo: jamais vamos saber.

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Depois piora. Num futuro distante, todas as bilhões e bilhões de galáxias observáveis hoje estarão absolutamente fora do alcance dos nossos telescópios. Todas estarão se afastando daqui a uma velocidade maior que a da luz. As imagens delas se apagarão no céu, até sumirem para sempre. E as civilizações que eventualmente florescerem na nossa galáxia depois desse apagão cósmico terão uma certeza cientificamente inabalável de que não existe, nem jamais existiu, galáxia alguma que não a nossa.

E mais importante: não terão nenhum meio para concluir que o Universo teve um início. Só sabemos do Big Bang porque podemos observar as galáxias se afastando, e então concluir que um dia estiveram todas juntas.

Num Universo observável de uma galáxia só, não tem nada disso. Tudo parecerá eterno, estático. Se a informação sobre o Big Bang acabar perdida, então, não haverá meio científico para encontrá-la de novo lá na frente. E quando esse dia chegar, o Universo ainda terá trilhões de anos pela frente. Não terá passado nem 1% do total de tempo disponível até que a ultima estrela apague, e nenhuma outra se forme.

Para todos os efeitos, então, ainda estamos testemunhado o nascimento do Universo. É o Big Bang está acontecendo. Agora. Ao vivo.

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