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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O Tesla da SpaceX vai acabar só o pó, mas será roubado antes

Não tá fácil pra ninguém

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Atualizado em 10 fev 2018, 22h06 - Publicado em 9 fev 2018, 17h52

O Tesla Roadster segue firme a 40 mil km/h. Agora para além do destino que tinha sido divulgado antes – em vez de seguir até a região do Sistema Solar por onde Marte passa, agora ele deve parar só  nos arredores do Cinturão de Asteroides, bem mais adiante.

Trata-se de uma área do Sistema Solar povoada de pedregulhos, entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Os asteroides ali são restos de um planeta que jamais se formou (todos os planetas rochosos nasceram a partir de asteroides soltos que se juntaram; a gravidade de Júpiter, porém, impediu tal aglutinamento nesta região do espaço, e o que temos hoje é um cinturão de pedras em volta do Sol). Elon Musk twittou a rota do carrinho ontem:

 

(Reprodução/Twitter/Reprodução)

“A terceira queima foi bem-sucedida. (A energia) ultrapassou (a necessária para atingir) a órbita de Marte, e ele segue em direção ao Cinturão de Asteroides”, diz Elon.

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Em seis meses o Tesla deve atingir a órbita de Marte. Em mais outro tanto, chega nos arredores do cinturão.

Mas o que chamou a atenção nos últimos dias não foi o ampliação da jornada, e sim uma pergunta: o que vai acontecer com o carro?

William Carroll, um químico da Universidade de Indiana, disse ao Live Science que os pneus e o estofamento do carro não devem durar mais de um ano. É que essas partes do carro são feitas de matéria orgânica pouco resistente. As cadeias de carbono da borracha sintética e do couro não teriam força para suportar o banho de radiação e de raios cósmicos do espaço aberto. Na Terra, eles aguentam bem graças ao nosso campo magnético, que protege os planeta dos raios solares mais letais. Lá em cima, nem tanto.

O Tesla Roadster, na verdade, é quase todo feito de matéria orgânica. O corpo externo do carro não é de aço, mas de fibra de carbono. Mesmo assim, a fibra de carbono provavelmente resistirá por centenas de milhares de anos. Talvez mais. O fato é que, depois de alguns milhões de anos, provavelmente o Tesla ficará com esta cara aqui em baixo (e sem os pneus).

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(Dawn Endico/Flickr)

Sim, este é o chassi do Roadster, feito de aço leve. Só essa parte vai durar para sempre – até porque nada enferruja no espaço. Mas tal degradação levaria seus milhões de anos para acontecer. E isso é mais tempo do que parece.

Há 1 milhão de anos, nós, Homo sapiens, ainda não existíamos. Os humanos totalmente modernos só apareceram na Terra por volta de 300 mil anos atrás.

Daqui a um milhão de anos, provavelmente haverá uma outra espécie humana por aqui – uma tão diferente da nossa que você talvez nem fosse capaz de gerar filhos férteis com membros dela se pegasse um DeLorean para o ano 1 milhão d.C.

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Já a possibilidade de o carro bater em algum asteroide é quase nula. Há milhares de asteroides nos arredores da Terra e de Marte. E mais ainda no Cinturão de Asteroides. Mesmo assim, a quantidade de espaço livre é absurdamente grande. “O carro tem menos chance de sofrer uma colisão do que todos os Tesla Roadsters rodando nas nossas rodovias. Juntos”, disse o astrônomo Seth Shostak, do Instituto SETI, para a MSNBC.

De volta para o presente: o carrinho já deixou para trás a órbita da Lua. Mas ele não está sozinho no espaço. Elon Musk gosta de divulgar as imagens do carro como se ele estivesse livre, leve e solto no vácuo – e a Tesla tem até uma animação mostrando o carro assim.

Mas não. Astrônomos já detectaram que ele continua preso ao último estágio do Falcon Heavy, o foguetão que o colocou em órbita. Se um alienígena cruzar com o Roadster agora, verá o carro sobre um mostruário gigante:

 

As imagens do carro livre no espaço, então, são uma mentira sincera. Uma marquetada.

Mas, ei: sso não tira um miligrama do mérito da SpaceX.

Tanto não tira que o destino mais provável para o carro é o mesmo que ele teria se Elon tivesse largado seu Tesla na rua com a chave no contato: vão roubar o carro.

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Como vários comentaristas dissseram por aí, o Tesla espacial já é um dos objetos mais importantes da história da humanidade. Se as viagens espaciais ficarem mesmo cada vez mais acessíveis, em menos de um século qualquer aventureiro endinheirado terá condições de ir até as bandas do Cinturão de Asteroides e surrupiar o conversível para sua coleção de relíquias históricas.

E a “culpa” será do próprio Elon. Quem melhor trabalha hoje para o barateamento dos voos espaciais é sua SpaceX. Mas ok: seja qual for o destino do carrinho, tudo terá valido a pena.

LEIA MAIS: Tudo sobre Elon Musk 

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