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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Cientistas propõem dose única da vacina para quem já teve Covid

Pesquisadores da Universidade de Maryland e do hospital Mount Sinai, um dos mais respeitados dos EUA, defendem a tese - pois estudos revelam que quem já teve a doença reage mais intensamente à primeira dose da vacina, como se ela fosse a segunda; ideia é controversa

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Atualizado em 17 fev 2021, 14h20 - Publicado em 3 fev 2021, 14h13

Pesquisadores da Universidade de Maryland e do hospital Mount Sinai, um dos mais respeitados dos EUA, defendem a tese – pois estudos revelam que quem já teve a doença reage mais intensamente à primeira dose da vacina, como se ela fosse a segunda; ideia é controversa 

Ao se vacinar contra o Sars-CoV-2, quem já foi infectado pelo vírus costuma ter uma resposta imunológica mais forte, com maior produção de anticorpos e maior reatogenicidade: sintomas como dor no corpo, dor de cabeça e febre. Foi o que constataram pesquisadores do hospital Mount Sinai, em Nova York, que publicaram um artigo descrevendo as reações pós-vacina de 109 indivíduos, 41 dos quais haviam sido infectados previamente pelo vírus.

Todos eles receberam a vacina da Pfizer. Quem já havia pego o coronavírus desenvolveu níveis de anticorpos 10 a 20 vezes maiores, após a vacinação, que as demais pessoas. Com apenas uma dose dessa vacina, eles apresentaram níveis de anticorpos elevadíssimos – mais altos, até, que os verificados nas pessoas que receberam duas doses, mas nunca haviam tido Covid-19. Também por isso, os indivíduos previamente infectados tiveram mais dor de cabeça e dor no corpo após receber a primeira dose da vacina (sintomas que normalmente só são mais perceptíveis após a segunda dose). 

Os cientistas do Mount Sinai, que é um dos principais hospitais americanos e tem a própria faculdade de medicina, afirmam que “há motivos para atualizar as recomendações vacinais, e considerar que uma dose única pode ser suficiente para obter imunidade” no caso de pessoas que já foram infectadas pelo Sars-CoV-2.  

Essa tese é apoiada pelos autores do segundo estudo, que foi publicado por cientistas da Universidade de Maryland e acompanhou 59 profissionais de saúde, com idade média entre 38 e 40 anos, que receberam a vacina da Pfizer ou a da Moderna. Eles foram divididos em três grupos: pessoas que não pegaram o vírus ou não tinham anticorpos contra ele (grupo 1), pessoas que tiveram Covid-19 assintomática (grupo 2) ou sintomática (grupo 3). Seus níveis de anticorpos foram medidos, e comparados aos de 48 pacientes com casos leves, tratados em casa (outpatients) e pacientes que tiveram de ser internados (inpatients). 

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gráfico
Níveis de anticorpos 7, 10 e 14 dias após a aplicação de uma dose da vacina da Pfizer em pessoas que nunca tiveram coronavírus (grupo 1), indivíduos que tiveram Covid-19 assintomática (grupo 2) e sintomática (grupo 3). O gráfico também mostra os níveis médios de anticorpos em pacientes com Covid-19 leve, que não exigiu internação (linha azul) e mais severa, exigindo internação (verde). (Universidade de Maryland/Reprodução)

14 dias após a primeira dose da vacina, as pessoas dos grupos 2 e 3, que já tinham pego o vírus, apresentavam níveis de anticorpos mais altos que as demais – e maiores, até, que os medidos em pacientes que tiveram de ser internados por Covid-19 e estavam se recuperando dela. Ou seja: é como se a infecção pelo Sars-CoV-2, ao gerar uma resposta imunológica do organismo, funcionasse como uma primeira vacinação. O estudo sugere que pessoas que tiveram Covid recebam uma dose única da vacina, ou “sejam colocados mais baixo na lista de prioridades da vacinação”.  

Aplicar uma dose única em quem já teve Covid economizaria vacina, permitindo imunizar mais pessoas. Mas a ideia é controversa e difícil de executar, por várias razões. Primeiro, ela exigiria que bilhões de pessoas fizessem teste de coronavírus – de preferência o RT-PCR, mais preciso e caro. Mas todos os testes disponíveis têm margens de erro consideráveis, especialmente após o término da infecção, e há outra incerteza envolvida: o decaimento natural nos níveis de anticorpos depois que a pessoa se cura da Covid, um elemento que pode interferir com a estratégia de dose única (e não foi testada nos dois estudos). 

Também há a questão da eficácia de longo prazo, que poderia ficar comprometida (a OMS e a Pfizer já se manifestaram contra o adiamento da segunda dose, medida que tem sido cogitada por alguns países), e a incerteza sobre o que aconteceria se a dose única fosse adotada com outras vacinas – os dois estudos só testaram as vacinas da Pfizer e da Moderna, ambas feitas de RNA. 

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