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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Estouro da bolha da internet completa 10 anos hoje; relembre as maiores bobagens daquela época

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 08h50 - Publicado em 10 mar 2010, 12h11

Ah, o ano 2000… Eu me lembro muito bem. A internet era discada, e só se navegava de madrugada e nos fins de semana – únicos horários em que dava pra ficar conectado sem gastar uma fortuna de telefone. Ninguém sabia o que era Google, e todo mundo pesquisava no Altavista: um buscador tão ruim que na época a Folha, onde eu trabalhava, publicava uns guias com os endereços dos sites. Não havia redes sociais, o mensageiro era o ICQ, e os ‘blogs’ eram páginas do tosco Geocities. E a multimídia, se é que dá pra chamar assim, chegava pelo RealPlayer e seus vídeos – que tinham o tamanho de um selo e sempre davam pau.

Bons tempos. Porque ninguém ligava pra esses problemas: o mundo estava descobrindo a internet, e as revistas de negócios só falavam nas “empresas ponto com” – que recebiam toneladas de investimento e estavam inaugurando a chamada Nova Economia, anticíclica e de crescimento ilimitado. Ah, tá. No dia 10 de março de 2000, exatamente dez anos atrás, o sonho acabou. E a bolsa eletrônica Nasdaq, onde as empresas de internet negociavam suas ações, começou a despencar. Caiu 4% só no primeiro dia, e não parou mais: chegou a perder 75% do valor, e até hoje não se recuperou (está em 2300 pontos, menos da metade do que era em 2000).

Ninguém sabe, exatamente, o que fez a bolha estourar. Mas todo mundo sabe, hoje, o que fez ela se inflar – uma série de decisões erradas e empreitadas estapafúrdias, que não tinham nenhuma chance de dar certo. Vamos a elas. com vocês, o Top 10 Equívocos, Furadas e Infelicidades da Bolha da Internet:

10 Web TV
Como o PC era caro e pouca gente tinha, que tal acessar a internet pela TV? Boa ideia – pena que nunca funcionou direito. Como as televisões da época eram de baixíssima resolução, os sites ficavam praticamente ilegíveis. A Microsoft tinha seu produto do tipo, o WebTV, e no Brasil a onda era um aparelho chamado My Web – que navegava incrivelmente mal, e tentou compensar isso criando seu próprio portal de conteúdo. Quebrou já em 2000.    
 

9 AllAdvantage.com
Seja pago para surfar na web! Se isso soa como um trambique, é porque era mesmo: a AllAdvantage enchia a tela do seu computador com anúncios, e em troca te pagava a fortuna de US$ 0,50 por hora. Só que o aplicativo da empresa, que você instalava no PC, espionava todos os seus hábitos – foi o primeiro spyware da história. Chegou a ter 10 milhões de usuários, mas acabou vítima do próprio veneno: alguém inventou bots que navegavam sozinhos e tomavam dinheiro da AllAdvantage. Isso, mais a retração da propaganda após o estouro da bolha, matou a empresa em 2001.

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8 Furniture.com
Em 2000, o comércio eletrônico praticamente inexistia. Ninguém comprava nada pela internet. Mas o Furniture.com queria mudar isso: oferecia sofás, camas e outras coisas que qualquer pessoa sã jamais compraria sem ver de perto. Uma ideia incrivelmente estúpida, que logo naufragou – levando US$ 100 milhões em investimento. Pior que isso, só o próximo item.

7 Webvan
Frutas, legumes e verduras pela internet. Você clica, e a Webvan te entrega em no máximo 30 minutos. Tudo fresquinho (not). Era uma tarefa quase inviável, com enormes dificuldades logísticas e custo altíssimo. O que não impediu, claro, os investidores de jogarem US$ 400 milhões nessa barca furada.

6 Flooz Espécie de dinheiro virtual, que você podia comprar com o seu cartão de crédito. Foi uma espécie de precursor do PayPal. Só que logo foi pro saco – e deu calote nos infelizes que tinham acreditado nele.
 

5 A compra do Broadcast.com
O Yahoo era o Google daquele tempo – a empresa mais admirada da internet. Só que fazia muitas bobagens. Comprou um site de vídeos, o Broadcast.com, por inacreditáveis US$ 5,7 bilhões. Em valores de hoje, isso dá US$ 7,2 bilhões – ou 4,5 vezes o que o Google pagou pelo YouTube. O Broadcast não deu em nada, e acabou sendo fechado. Foi só mais uma da série de péssimas aquisições do Yahoo.
 

4 UOL não ter feito o IPO
Perdoem o termo, mas na época o UOL era o fodão do bairro Peixoto: no Brasil, todo mundo que acessava a internet acessava o UOL. Várias empresas gringas, da Telefônica à AOL, queriam comprar parte do Universo Online. Os donos recusaram, e decidiram abrir o capital da empresa nos Estados Unidos. Estavam certos, porque ia render uma grana absurda – o portal uruguaio Starmedia, muito menor, chegou a valer US$ 3,8 bilhões. Só que o UOL demorou demais. A bolha da internet estourou duas semanas antes do seu IPO, marcado para o final de março. A oferta de ações miou, a empresa perdeu uma fortuna, afundou em prejuízos e só começou a se recuperar vários anos depois. 

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3 As mentiras da Merrill Lynch 
Você conhece alguém que investe em ações? Naquela época, isso estava começando a ficar comum. E as pessoas investiam, claro, nas ações das empresas pontocom – mesmo que elas fossem, como tudo era na internet daquele tempo, meio duvidosas. Até que um analista da consultoria Merrill Lynch foi pego no pulo. Enquanto recomendava certas ações aos clientes, mandava emails aos amigos dizendo que elas eram “uma merda”. O cara se chama Henry Blodget, foi processado e banido do mercado financeiro. Lesou muita gente, e virou símbolo de uma época – todas as empresas do mercado recomendaram ações horríveis, de empresas que acabaram quebrando. Hoje, Blodget trabalha como jornalista nos EUA 😛
 

2 Juiz Jackson, o fanfarrão 
Houve um tempo, antes da ressurreição da Apple e da ascensão do Google, em que a Microsoft reinava soberana. Tão soberana que usou seu poder para esmagar concorrentes e atraiu a ira do governo dos EUA, que foi aos tribunais acusar a empresa de concorrência desleal. Foi histórico: o vídeo com o depoimento de Bill Gates é imperdível. O juiz do caso, Thomas Jackson, condenou a Microsoft. Ela teria de ser dividida em duas empresas – uma dona do Windows, outra do resto. Só que Jackson não se conteve: deu uma entrevista falando mal da Microsoft, que o acusou de parcialidade e conseguiu que ele fosse imediatamente afastado do caso.

Não sei se a empresa devia ou não ter sido partida ao meio (às vezes acho que isso teria sido bom para o mercado, e melhor ainda para a própria Microsoft). Mas o que importa é: em 10 minutos, o juiz Jackson jogou fora anos de esforço do governo e do sistema judiciário americano. Fail da década. Mas teve um pior.

1 AOL Time Warner
O que esses caras estavam pensando? Tudo bem, era a bolha da internet e tal. E a America Online (onde trabalhei um tempo em 1999) era o maior provedor de internet dos EUA. Mas era só isso. E cismou de pagar US$ 164 bilhões por uma empresa bem maior do que ela – a Time Warner. Em dinheiro de hoje, dá US$ 210 bilhões. Sabe o que é isso? É mais do que vale o Wal-Mart, terceira maior empresa do mundo. Um exagero absurdo.

E a “fusão” entre AOL e Time Warner foi um desastre. Não serviu pra nada a não ser destruir a marca AOL (que recentemente foi até apagada do nome do grupo) e aniquiliar o valor de mercado da empresa, que hoje vale ‘apenas’ US$ 27 bilhões. Ou seja: tiveram o dom de fazer evaporar mais de US$ 180 bilhões. O que dizer aos autores dessa obra-prima? É a Taça Jules Rimet do Fail.

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