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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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O Brasil é o país que mais usa agrotóxicos. Se alguém negar isso, desconfie

Dados de consumo por hectare, que supostamente colocam o País em 7o. lugar, são enganosos; entenda por quê

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Atualizado em 7 ago 2019, 17h26 - Publicado em 7 ago 2019, 14h35

Dados de consumo por hectare, que têm frequentado o noticiário e supostamente colocam o País em 7o. lugar, são enganosos; entenda por quê

Em agosto de 2018 a SUPER publicou uma reportagem de capa, chamada O País do Agrotóxico, em que o jornalista Ricardo Lacerda e eu investigamos profundamente o tema: mostramos por que o Brasil é o país que mais usa agrotóxicos, revelamos quais são os reais riscos à saúde de agricultores e consumidores, apontamos as mudanças que vinham sendo feitas para afrouxar os mecanismos regulatórios e permitir o aumento no uso de pesticidas no País. Se você ainda não leu a matéria, e não sabe direito o quanto se preocupar (as verduras que você come estão mesmo te envenenando?) ou o que fazer (é possível ou não retirar os agrotóxicos dos alimentos?), leia. Vai entender o assunto de uma vez por todas, com dados e explicações que não se encontra nas notícias do dia a dia, e tirar conclusões definitivas a respeito. Leia O Pais do Agrotóxico. Você vai gostar

Levanto o tema porque durante a apuração dessa reportagem, que levou alguns meses, nos deparamos com um número estranho – que voltou a aparecer no noticiário nas últimas semanas. Segundo essa estatística, que se baseia em dados da FAO (divisão de estudos alimentares da ONU), o Brasil não é o país que mais utiliza agrotóxicos: considerando-se o consumo por hectare, ele estaria apenas em sétimo lugar. Nós não incluímos essa informação na reportagem O País do Agrotóxico – pois ela é, pura e simplesmente, furada. 

A tabela da FAO, que você pode consultar aqui, se baseia em declarações voluntárias, que naturalmente tendem ao subdimensionamento (ao produtor interessa, por motivos óbvios, dizer que utiliza menos pesticidas do que efetivamente consume). Ela não utiliza, como seria desejável, números obtidos por meio de fiscalização governamental ou dados tributários (pois cada galão de agrotóxico vendido no país paga uma porcentagem de imposto). A base da FAO não emprega essas fontes. Só isso já a torna pouco confiável. 

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Além disso, ela conflita com números específicos de certos países. O próprio dado atribuído ao Brasil, aparentemente, não bate. A FAO diz que nós utilizamos 4,57 kg de pesticida por hectare a cada ano. Mas se você dividir a quantidade de produto utilizado (886 mil toneladas/ano, segundo nos informou o Sindiveg, entidade que reúne os fabricantes de agrotóxicos) pela área plantada (65,9 milhões de hectares, segundo a Embrapa), vai chegar a uma média muito maior: 13 kg de pesticida por hectare plantado, por ano. Percebe? É quase o triplo. 

Em suma: a base de dados da FAO, que algumas pessoas têm usado para afirmar que o Brasil é “apenas” o sétimo maior usuário de agrotóxicos, não é confiável. O número mais confiável é o consumo absoluto: 886.250 toneladas de defensivos em 2017, de acordo com o Sindiveg. Esse dado aponta que, ao menos naquele ano, o Brasil foi o campeão mundial no uso desses produtos. 

E tudo indica que continue sendo. 

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