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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Ômicron demonstra capacidade parcial de driblar anticorpos; entenda o que isso significa

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 dez 2021, 09h34 - Publicado em 8 dez 2021, 10h33

Resultados dos primeiros testes de laboratório confirmam expectativas em torno da nova variante, mas também são menos ruins do que o esperado, dizem cientistas; entenda por que 

Assim que a variante Ômicron foi identificada, há duas semanas, cientistas do mundo todo se mobilizaram para começar rapidamente os testes de neutralização, em que o vírus é colocado em contato com anticorpos em laboratório. O objetivo disso é saber qual é o grau de escape imunológico, ou seja, a capacidade do vírus de escapar aos anticorpos “antigos” (gerados pela vacinação ou pela infecção por variantes anteriores do Sars-CoV-2). Os primeiros resultados começaram a sair, e eles indicam o seguinte: a Ômicron é bastante, porém não totalmente, resistente aos anticorpos. Isso confirma o que se esperava, mas fica aquém das previsões mais pessimistas, que esperavam um escape imunológico total. 

Os primeiros dados foram divulgados por cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, e por pesquisadores da Universidade do Cabo, na África do Sul. Os cientistas testaram a Ômicron com anticorpos coletados de 34 pessoas em Estocolmo: metade eram doadores de sangue, e a outra metade profissionais de saúde que tiveram Covid. O estudo não diz se as pessoas foram vacinadas ou não. Vamos aos resultados: 

 

gráfico
Nível máximo de diluição (“titer”) a que os anticorpos podem ser submetidos e mesmo assim neutralizar 50% dos vírions (unidades do vírus). O teste foi realizado com três variantes do coronavírus: original (WT), Delta e Ômicron. Quanto maior o número, melhor: mais eficazes os anticorpos são. (Karolinska Institute/Reprodução)

Veja o primeiro gráfico. Ele mostra que há uma queda considerável na atividade neutralizante dos anticorpos contra a variante Ômicron, mas ela não é total. Isso é confirmado pelo segundo gráfico, que se refere aos doadores de sangue. Há uma redução grande, que varia de uma pessoa para outra, mas o nível de anticorpos sempre continua acima de 1:10. Ou seja, o plasma sanguíneo dessas pessoas poderia ser diluído 10 vezes e ainda assim teria alguma atividade neutralizante contra a variante Ômicron. O terceiro gráfico, com os profissionais de saúde que já tiveram Covid, mostra a mesma coisa. 

“A perda média de potência neutralizante [dos anticorpos] foi menor do que se temia”, disse Ben Murrell, um dos autores do estudo, no Twitter. Essa também foi a conclusão do virologista Alex Sigal, do Africa Health Research Institute, que publicou o segundo estudo com a nova variante. Nele, os cientistas testaram anticorpos de dois grupos de pessoas: gente que tomou a vacina Pfizer, e gente que teve Covid e tomou a vacina. Os resultados foram:

gráfico
Nível máximo de diluição (“titer”) a que os anticorpos podem ser submetidos e mesmo assim neutralizar 50% dos vírions (unidades do vírus). O teste foi realizado com duas variantes do coronavírus: D614G (bem antiga, do primeiro semestre de 2020) e Ômicron. Quanto maior o número, melhor: mais eficazes os anticorpos são. (Africa Health Research Institute/Reprodução)

Veja o gráfico. As bolinhas verdes são pessoas que tiveram Covid e depois se vacinaram, e as bolinhas laranjas são pessoas que “só” se vacinaram. Como esperado, a imunidade é maior em quem teve Covid e também se vacinou – os anticorpos dessas pessoas mantiveram bastante ação neutralizante contra a Ômicron. Já entre quem “só” se vacinou, houve um caso em que os anticorpos perderam muita força (veja as bolinhas abaixo da linha tracejada). 

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Mas são números preliminares, e a queda – bem maior do que no teste dos cientistas suecos – pode estar exagerada. O próprio Sigal diz que os dados deverão ser corrigidos (e também retirou temporariamente o primeiro PDF do estudo de seu site algumas horas após publicá-lo). Ele se mostrou cautelosamente otimista ao comentar os resultados. “Isso é melhor do que eu esperava da Ômicron. O fato de que ela ainda precisa do receptor ACE2 [porta de entrada do vírus nas células] e que o escape [imunológico] é incompleto significa que é um problema tratável com as ferramentas que temos”, escreveu no Twitter

Ambos os testes sugerem que uma terceira dose da vacina, que aumenta em 40 vezes os níveis médios de anticorpos, pode oferecer boa proteção contra a nova variante. Vale ressaltar o seguinte: os testes de neutralização só medem a ação dos anticorpos in vitro, não in vivo, e não levam em conta outros elementos centrais do sistema imunológico, como as células T (que matam células infectadas e têm ação decisiva contra a Covid).  

Esses testes também não medem a capacidade do organismo de controlar a doença, evitando que ela piore. A partir do surgimento da variante Delta, as vacinas não conseguiram mais impedir que as pessoas pegassem e transmitissem coronavírus – mas continuaram protegendo contra Covid grave. Acredita-se que esse também possa ser o caso com a Ômicron.

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