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Histórias esquecidas sobre os assuntos mais quentes do dia a dia. Por Felipe van Deursen, autor do livro "3 Mil Anos de Guerra"
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A retrospectiva que ninguém quer: as piores atrocidades de 2018

Enquanto passamos o ano mergulhados em nosso próprio lodaçal político, um triste passeio pelo que de pior aconteceu em 2018 no resto do planeta

Por Felipe van Deursen Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 jan 2019, 23h39 - Publicado em 21 dez 2018, 11h55

Enquanto passamos o ano mergulhados em nosso próprio lodaçal político, um triste passeio pelo que de pior aconteceu em 2018 no resto do planeta:

  • No Afeganistão, a ofensiva do Talibã na província Helmand voltou a piorar a situação em um país que vive o inferno há 40 anos. Foram pelo menos 10 atentados terroristas, incluindo o ataque ao escritório da ONG Save the Children, em Jalalabad, e a explosão de uma ambulância em Cabul, matando mais de 100 pessoas. Ao todo, somente em 2018, cerca de 36 mil pessoas morreram na guerra no país, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled).
  • A Guerra Civil Síria pode ter atraído menos atenção do mundo em 2018 (o último pico de buscas no Google sobre o conflito foi em abril, quando um ataque com armas químicas matou 70 pessoas em Douma e as potências militares do Ocidente bombardearam o país). Em todo caso, a guerra, a mais sangrenta da década, deixou 31 mil mortos este ano.
  • A crise na fronteira do Iêmen com a Arábia Saudita, entre rebeldes houthis e tropas sauditas, matou 25 mil pessoas em 2018.
  • A guerra entre o tráfico e o Estado no México, que em 2017 só não matou mais que a Guerra Civil Síria e o uso de armas de fogo no Brasil, não deu uma esfriada este ano. Mais de 100 políticos foram mortos em um ano (alguns à queima-roupa e à luz do dia, como um candidato a deputado morto enquanto fazia uma selfie na rua com um eleitor. Até outubro, os números batiam na casa dos 24 mil assassinatos.
  • Os conflitos que começaram no Iraque no ano passado, desde que o exército do país retomou territórios dominados pelo Estado Islâmico, já ceifaram quase 5 mil vidas, de acordo com o Acled.
  • O caos da Somália, em que o exército do país e a União Africana enfrentam rebeldes e terroristas do Al-Shabaab, braço local da Al-Qaeda, segue firme, forte e esquecido. Cerca de 4 mil pessoas foram mortas esse ano.
  • Conflitos étnicos e agrários mataram 3 mil na Nigéria, segundo o Acled.
  • O Boko Haram continua ativo e eliminou mais de 2 mil pessoas na Nigéria, Camarões, Chade e Níger.
  • Os conflitos no Mali, no Sudão do Sul e na Ucrânia fizeram pelo menos mil vítimas cada no ano que está acabando.
  • Três ataques terroristas mataram pelo menos 100 pessoas no ano, além da já citada explosão da ambulância em Cabul. No Paquistão, um homem-bomba do Estado Islâmico matou 149 e feriu 186. Na Síria, em julho, o pior atentado do ano: 255 pessoas perderam suas vidas em uma série de tiroteios e explosões de homens-bomba. Pelo menos 63 terroristas morreram na ocasião. O EI também foi o responsável. Em novembro, o Boko Haram atacou uma base militar da Nigéria, levando 118 almas.
  • Os tiroteios de escola nos Estados Unidos, triste tradição local, bateram recorde em 2018. Foram 94 ataques, com 55 mortes. 
  • Os números de mortes por arma de fogo no país estão na ascendente. O ano passado bateu um recorde de duas décadas, com quase 40 mil mortos. Nada indica que 2018 foi muito diferente.
  • Os EUA são o único país rico no clube das seis nações sanguinárias que respondem por mais da metade das mortes por arma de fogo no mundo. Os outros são México, Colômbia, Venezuela, Guatemala e, last but not least (not at all), o Brasil. Detalhe: a população desses países somados não chega a 10% do total do mundo.
  • O Brasil, o país com mais mortes violentas na Terra, registrou 63,8 mil casos em 2017. É possível que o número tenha baixado um pouco em 2018, mas dificilmente perderemos o primeiro lugar. 

Os dados reforçam uma tendência que se reforçou nas últimas décadas. O número de guerras e o tamanho desses conflitos vem diminuindo e se concentrando, na maior parte das vezes, em países pequenos, menos populosos. No entanto, como deixa explícito a Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento, a quantidade de gente morta em um cenário de batalha pode ter caído, mas a quantidade de gente que morre graças a uma arma, não.  

Segundo a organização, a cada dez mortes violentas no planeta, só uma acontece em um país em guerra. O que significa que há muito mais chances de alguém ser assassinado perto da sua casa do que na Síria.

Demos uma pequena e triste volta ao mundo, mas acabamos voltando ao nosso próprio lodaçal, tingido de sangue. Como cantava Marcelo D2, um dos tuiteiros do ano, lá nos anos 90: “Sarajevo é brincadeira, aqui é o Rio de Janeiro”. 

Boas festas.

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