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Histórias esquecidas sobre os assuntos mais quentes do dia a dia. Por Felipe van Deursen, autor do livro "3 Mil Anos de Guerra"
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Como a saída do Reino Unido da União Europeia pode estragar ‘Game of Thrones’

ATENÇÃO: este post tem spoilers leves do último episódio de Game of Thrones (“A Batalha dos Bastardos”). Se você não viu e ler mesmo assim, tudo bem, não vai ter a experiência lá muito estragada. Mas não custa avisar.  POST ATUALIZADO EM 24/6, após a vitória do “Brexit”, a saída do Reino Unido da União Europeia, […]

Por Felipe van Deursen
Atualizado em 21 dez 2016, 08h50 - Publicado em 22 jun 2016, 21h53

ATENÇÃO: este post tem spoilers leves do último episódio de Game of Thrones (“A Batalha dos Bastardos”). Se você não viu e ler mesmo assim, tudo bem, não vai ter a experiência lá muito estragada. Mas não custa avisar. 

POST ATUALIZADO EM 24/6, após a vitória do “Brexit”, a saída do Reino Unido da União Europeia, decidida em um referendo realizado ontem no país

Dark Hedges, famosa paisagem da Irlanda do Norte usada em Game of Thrones. foto: AndySG | iStock
Dark Hedges, famosa paisagem da Irlanda do Norte usada em Game of Thrones. foto: AndySG | iStock

 

A população do Reino Unido decidiu, em um referendo realizado nessa quinta 23 no país, pela saída da União Europeia. A questão é tão importante para os britânicos que custou a renúncia do primeiro-ministro David Cameron, que vinha sendo pressionado por políticos do Partido Independente e por uma parcela dos conservadores. Eles alegam que a União Europeia mudou muito nas últimas décadas e que está se metendo cada vez mais na vida de todos. Isso sem contar as críticas às arbitrariedades de Bruxelas na economia do país, o que não estaria mais oferecendo grandes benefícios. Além disso, os novos fluxos migratórios estariam deixando o Reino Unido cada vez menos britânico – e a culpa desse mal seria, entre outros motivos, o inchaço da UE, que nos últimos anos ganhou membros mais pobres e culturalmente distantes da tradicional Europa Ocidental.

Por isso, os cidadãos votaram se desejavam permanecer ou não no bloco (já houve outro referendo assim, nos anos 70, e o povo quis manter as coisas como estavam). O primeiro-ministro queria ficar, os trabalhistas idem, Estados Unidos, França e Alemanha também. E a vasta maioria da classe artística. É que ser membro da UE traz benefícios para a produção cultural, financiados por órgãos como o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

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Com o Reino Unido fora da bandeira azul com estrelinhas, prossivelmente ele levará consigo a principal locação de Game of Thrones, a Irlanda do Norte. Não custa lembrar que, apesar de a Fifa nos confundir em tempos de Eurocopa, Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte não são países independentes, mas integrantes de um único país, o Reino Unido. Como Londres decidiu abandonar o bloco, provavelmente os incentivos econômicos que fizeram a Irlanda do Norte dar vida, cor e horizonte a Winterfell e a outras paisagens frias da série da HBO nos últimos anos desaparecerão como Jon Snow soterrado por pilhas de corpos de soldados.

Tchau, exército formidável do Bolton abominável.

A tão falada “Batalha dos Bastardos”, que foi ao ar no mundo todo no último domingo, foi uma cena épica orçada em US$ 10 milhões, usou 70 cavalos, mais de mil pessoas e levou 25 dias para ser gravada. Possivelmente virou um marco instantâneo da história da televisão. A cena foi gravada na Irlanda do Norte.

Com o aumento da popularidade e o clímax da série se aproximando, esperamos, para as próximas temporadas, guerras ainda mais espetaculares. Mas isso pode ficar mais difícil, caso a HBO precise de um outro país para gravar. Aí, diga adeus a espetáculos como o que mostrou a repentina genialidade militar de Ramsay Bolton. Sim, porque até fenômenos mundiais multimilionários podem se beneficiar de subsídios de governos. Um milhão aqui e outro ali talvez decidam se você verá ou não, no mesmo episódio, três dragões enormes incendiando uma armada naval e um gigante arrancando a cabeça de um guerreiro inimigo como se estivesse desmontando um bonequinho de Lego. Basta comparar as cenas bélicas das primeiras temporadas da série com as das mais recentes. Ou então colocar lado a lado GoT com séries históricas/de fantasia de orçamentos menos vultosos. É a diferença entre voar de classe executiva e ter o próprio jato.

Game of Thrones usou (e popularizou) cenários espetaculares da Irlanda do Norte, da Croácia, da Espanha, de Malta e da Islândia (e só o último não está na União Europeia, diga-se de passagem). Deixar as brumas norte-irlandesas seria uma perda sentida pela economia local. Mas também pelos fãs da série, especialmente no momento em que Winterfell promete recuperar a grandeza perdida na longínqua primeira temporada.

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Uma guinada nessa história seria a desintegração do Reino Unido. Escócia e Irlanda do Norte votaram para ficar na UE, enquanto Inglaterra e País de Gales quiseram sair. A permanência no bloco comum era o trunfo do reino para manter a Escócia debaixo de sua asa, de onde, por pouco, ela não escapou em um plebiscito em 2014. Agora, talvez os escoceses conquistem sua independência e abram um caminho que possa levar o Reino Unido a ficar cada vez mais desunido e desmembrado.

A Grã-Bretanha medieval, que tanto inspirou a saga de Westeros, pode ficar mais parecida com o continente dos sete reinos. 

 

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